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Bolsa em baixa não afasta investidor de fundo de ações
Mesmo com queda de 2,28% da Bovespa em agosto, não houve corrida para saques
Entre maio e o mês passado,
captação líquida dos fundos
é positiva em R$ 1,68 bi;
para analistas, investidor
está mais bem informado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O momento ruim que o mercado acionário doméstico enfrenta desde meados de maio
não assustou o investidor brasileiro. Diferentemente de outros momentos negativos, não
houve corrida para sacar recursos dos fundos de ações devido
ao fraco desempenho da Bolsa.
Analistas afirmam que começam a ver um investidor mais
bem informado em relação ao
mercado acionário no Brasil. E,
se as previsões do mercado se
confirmarem daqui para o fim
do ano, os investidores não terão motivos para reclamar de
terem optado por investir em
ações (e manter a aposta).
Entre maio e agosto (até o dia
29), a captação líquida dos fundos de ações ficou positiva em
cerca de R$ 1,68 bilhão. O patrimônio dos fundos de ações
marcava R$ 59,3 bilhões no fim
de agosto, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos
de Investimento), girando em
torno de seu pico histórico.
O ritmo da captação líquida
(diferença entre o aplicado e o
sacado) diminuiu nos últimos
meses, mas não entrou em terreno negativo, como alguns
analistas temiam.
Em junho, os fundos de ações
captaram R$ 902 milhões. Em
agosto (até dia 29), a captação
líquida era de R$ 136,5 milhões,
mesmo com a Bolsa caindo
2,28% no mês. No ano, as aplicações batem os saques nesses
fundos em R$ 5,39 bilhões.
A Bovespa registra alta acumulada de 11,58% no ano.
"A queda dos juros tem aumentado a tolerância dos investidores ao risco [das ações]",
afirma Alex Carpenter, diretor
de renda variável do HSBC, que
trabalha com o cenário de o
Ibovespa atingir 44 mil pontos
até o fim do ano.
Perspectiva de alta
No pregão de sexta-feira, o
Ibovespa fechou em 37.329
pontos. Trata-se do principal
índice e referência da Bolsa
paulista, que agrupa as 56 ações
de maior liquidez. Para alcançar 44 mil pontos, a Bovespa terá de subir 17,9% até o fim de
2006. Em maio, o índice atingiu o seu pico histórico, alcançando 42 mil pontos.
Charles Philipp, diretor da
corretora SLW, também acredita que a Bolsa pode alcançar
44 mil pontos até o fim do ano.
"É um bom momento para
quem está fora entrar na Bolsa.
Vejo um cenário de alta até o
fim do ano", afirma.
Os pontos da Bolsa refletem a
variação do preço das principais ações. Quando o valor dos
papéis das empresas está em alta, os pontos da Bolsa sobem.
Assim, quando a Bovespa atingiu sua máxima em pontos, em
maio, indicou que nunca antes
as companhias de capital aberto valeram tanto.
Mas de 9 de maio (quando a
Bolsa fechou a 41.979 pontos)
até sexta-feira, o Ibovespa recuou 11,08%. No dia 10 de maio,
o Fed (o banco central dos
EUA) elevou os juros e avisou
que outras altas viriam. Esse
cenário puniu severamente os
mercados emergentes, que ainda não se recuperaram de todo
-mesmo com os juros tendo
parado de subir nos EUA.
Desde lá, os investidores estrangeiros têm vendido consideravelmente ações brasileiras
que tinham em suas carteiras.
Entre maio e agosto, os estrangeiros mais venderam que
compraram ações, no valor de
R$ 5,65 bilhões. Somente em
agosto (até dia 30) esse saldo
era negativo em R$ 1,22 bilhão.
"O que pode fazer com que a
Bolsa dê uma arrancada é o retorno dos estrangeiros, como
aconteceu no começo do ano",
diz Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.
Em janeiro deste ano, o balanço dos negócios dos estrangeiros foi positivo em R$ 2,61
bilhões.
"Devemos presenciar o retorno dos estrangeiros, mas
não no ritmo que vimos no começo de 2006", diz Carpenter.
Neste ano, os estrangeiros
respondem por cerca de 36,5%
de todos os negócios feitos na
Bovespa. Com esse peso nas
operações, se os estrangeiros
retornarem, deverá haver um
impulso no mercado de ações.
Saques
Um segmento do mercado
acionário que tem perdido recursos é o de fundos PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa).
O PIBB foi criado com ações
que pertenciam ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
sendo destinado principalmente ao pequeno investidor.
Neste ano, os resgates líquidos dos PIBBs estão em R$
412,7 milhões, segundo a Anbid. O patrimônio líquido desses fundos totaliza R$ 2,28 bilhões. O BNDES ofereceu duas
vezes o PIBB: em julho de 2004
e em outubro de 2005.
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