São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

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Bovespa perde 1,6%, no 4º pregão de baixa

Enfraquecimento da economia na zona do euro e temor de desaceleração global afetam mercados; em Londres, Bolsa cai 2,15%

Capital externo segue em fuga das ações brasileiras; dólar registra apreciação de 0,72% diante do real e termina vendido a R$ 1,677

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A decepção com o crescimento econômico na zona do euro abateu o mercado financeiro internacional ontem. As Bolsas caíram fortemente na Europa. Na Bovespa, que teve seu quarto pregão seguido de baixa, a desvalorização foi de 1,61%, para os 53.527 pontos -segundo menor nível do ano.
A Bolsa de Londres caiu ainda mais que a brasileira, ao encerrar com perdas de 2,15%; Paris caiu 2,03%; e, em Frankfurt, houve baixa de 0,78%.
Com a zona do euro mais enfraquecida que as estimativas dos analistas, o dólar se fortaleceu pelo mundo, enquanto as commodities recuaram. Diante do real, o dólar registrou apreciação de 0,72%, e encerrou vendido a R$ 1,677, na mais elevada cotação desde maio. A alta da moeda americana no mês já alcança 2,57%.
"O mercado segue ruim, sofrendo com os reajustes das expectativas de crescimento. Temos visto a aversão ao risco dos investidores aumentar e, ao menos até o fim de setembro, devemos ter muita turbulência nos mercados", afirma Alexandre Lintz, estrategista do banco BNP Paribas.
No pior momento de ontem, a Bovespa registrou perdas de 2,78%, a 52.891 pontos. O cenário externo pouco animador levou investidores estrangeiros a voltarem à ponta vendedora. Tanto que a Bolsa teve seu maior giro financeiro em cerca de três semanas, ao movimentar R$ 5,09 bilhões.
Em agosto, o saldo das operações dos estrangeiros no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo voltou a ficar negativo, em R$ 2,25 bilhões. Esse foi o terceiro mês seguido em que os estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bolsa local. Como a categoria responde por 35% da movimentação da Bovespa, se o capital externo não retornar, as chances de recuperação do mercado acionário brasileiro serão menores.
"Notícias negativas quanto ao desempenho econômico na zona do euro renovaram os temores de impacto negativo sobre o crescimento econômico mundial", afirmou André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora. Segadilha diz que o Ibovespa tem permanecido "atrelado ao movimento dos mercados internacionais".
A queda suave do petróleo ontem evitou que o dia fosse ainda mais negativo, devido à forte correlação que há entre as ações da Petrobras e as movimentações do produto no exterior. Em Nova York, o óleo teve recuo de 0,33%, para US$ 109,35 o barril.
A ação ordinária da Petrobras perdeu 1,76% ontem, e a preferencial caiu 1,54%.
No começo do pregão, os papéis da Vale conseguiram segurar a Bovespa em terreno positivo. Rumores de que a Vale tinha concluído acordo para reajustar os preços do minério de ferro em 20% atraíram os investidores: Vale PNA, a mais negociada do pregão, subiu na máxima 4,4%. Mas com a falta de confirmação da informação, a ação acabou por encerrar em baixa de 0,65%.
Empresas do setor de siderurgia e metalurgia voltaram a decepcionar e tiveram entre as maiores quedas: Usiminas PNA caiu 3,97%; Gerdau PN perdeu 3,74%, e Siderúrgica Nacional ON, 2,86%.
Já o maior destaque de queda do pregão ficou em outro segmento. O papel ordinário da JBS despencou 9,37%.
Apesar de o epicentro da atual crise internacional estar nos EUA, o índice Dow Jones escapou ontem, sendo um dos poucos que subiram nos principais centros financeiros mundiais. O Dow Jones fechou em alta de 0,14%. Já a Bolsa eletrônica Nasdaq acabou por encerrar em baixa de 0,66%.
O mercado se deparou ontem com a divulgação do livro bege -compilação de dados econômicos feita pelo BC americano. O documento informou que a atividade econômica americana demonstrou fraqueza entre julho e agosto. De positivo, os investidores se depararam com o aumento nas encomendas às indústrias nos Estados Unidos.


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