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Meirelles afirma que "tomará qualquer medida necessária"
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Um dia após o Banco Central
mudar as regras do recolhimento compulsório para socorrer bancos de pequeno e médio
porte, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a
medida foi tomada para proteger o sistema financeiro brasileiro da crise mundial e acalmar os mercados.
A mudança, anunciada na
noite de quinta-feira, quando a
Bolsa caiu 7,34% e o dólar superou R$ 2, pode injetar R$ 23,5
bilhões no mercado, por meio
de desconto no compulsório
para os bancos que comprarem
carteiras de crédito de instituições de menor porte, que têm
enfrentado dificuldades em
captar dinheiro. A nova medida
tem caráter temporário.
"A medida visa atender um
setor específico que tem como
grande fonte de captação o
mercado de atacado. Era a mais
adequada a ser tomada no momento para a manutenção do
bom funcionamento dos mercados", afirmou Meirelles, em
Buenos Aires, onde participou
do lançamento do sistema de
pagamentos em moeda comum
entre Brasil e Argentina.
"O BC está absolutamente
sensível aos acontecimentos e
tomará qualquer medida que
for necessária, mas não por reação psicológica ou em função
de ansiedade pelo que está
acontecendo nos outros mercados", disse Meirelles.
Segundo o presidente do
Banco Central, a economia brasileira está sólida, não há aumento da inadimplência no
crédito e, se há preocupação
com bancos pequenos e médios, as carteiras desses bancos
"são muito boas" e têm condições de ser comercializadas se
necessário.
Medidas para o mercado
Em Buenos Aires, Meirelles
também se encontrou com um
grupo de empresários brasileiros, que queriam expressar sua
preocupação com o futuro
diante da crise internacional e
da falta de crédito.
Segundo o presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
Paulo Skaf, os empresários trataram com o presidente do
Banco Central sobre a necessidade de medidas que estimulem o crescimento para que os
sinais da crise não cheguem
com força ao país.
"O que nós observamos é que
no mundo há mercados que pararam completamente. A nossa
preocupação é o futuro, é
2009", disse Skaf. "Essas últimas medidas [de mudança do
recolhimento compulsório]
são voltadas para o setor financeiro. E o mercado? A dificuldade de crédito e os juros podem prejudicar o crescimento
em 2009."
Uma das principais reivindicações dos empresários é a redução da taxa básica de juros.
"Seria ridículo se, na próxima
reunião do Copom, não baixassem os juros, nesse cenário que
estamos vivendo", afirmou
Paulo Skaf.
O presidente do Banco Central disse que não é possível fazer nenhuma previsão sobre o
que irá acontecer com a taxa de
juros. "A reunião do Copom será no final de outubro. E, neste
momento, um mês é uma eternidade na economia mundial."
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