São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Meirelles afirma que "tomará qualquer medida necessária"

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Um dia após o Banco Central mudar as regras do recolhimento compulsório para socorrer bancos de pequeno e médio porte, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a medida foi tomada para proteger o sistema financeiro brasileiro da crise mundial e acalmar os mercados.
A mudança, anunciada na noite de quinta-feira, quando a Bolsa caiu 7,34% e o dólar superou R$ 2, pode injetar R$ 23,5 bilhões no mercado, por meio de desconto no compulsório para os bancos que comprarem carteiras de crédito de instituições de menor porte, que têm enfrentado dificuldades em captar dinheiro. A nova medida tem caráter temporário.
"A medida visa atender um setor específico que tem como grande fonte de captação o mercado de atacado. Era a mais adequada a ser tomada no momento para a manutenção do bom funcionamento dos mercados", afirmou Meirelles, em Buenos Aires, onde participou do lançamento do sistema de pagamentos em moeda comum entre Brasil e Argentina.
"O BC está absolutamente sensível aos acontecimentos e tomará qualquer medida que for necessária, mas não por reação psicológica ou em função de ansiedade pelo que está acontecendo nos outros mercados", disse Meirelles.
Segundo o presidente do Banco Central, a economia brasileira está sólida, não há aumento da inadimplência no crédito e, se há preocupação com bancos pequenos e médios, as carteiras desses bancos "são muito boas" e têm condições de ser comercializadas se necessário.

Medidas para o mercado
Em Buenos Aires, Meirelles também se encontrou com um grupo de empresários brasileiros, que queriam expressar sua preocupação com o futuro diante da crise internacional e da falta de crédito.
Segundo o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, os empresários trataram com o presidente do Banco Central sobre a necessidade de medidas que estimulem o crescimento para que os sinais da crise não cheguem com força ao país.
"O que nós observamos é que no mundo há mercados que pararam completamente. A nossa preocupação é o futuro, é 2009", disse Skaf. "Essas últimas medidas [de mudança do recolhimento compulsório] são voltadas para o setor financeiro. E o mercado? A dificuldade de crédito e os juros podem prejudicar o crescimento em 2009."
Uma das principais reivindicações dos empresários é a redução da taxa básica de juros. "Seria ridículo se, na próxima reunião do Copom, não baixassem os juros, nesse cenário que estamos vivendo", afirmou Paulo Skaf.
O presidente do Banco Central disse que não é possível fazer nenhuma previsão sobre o que irá acontecer com a taxa de juros. "A reunião do Copom será no final de outubro. E, neste momento, um mês é uma eternidade na economia mundial."


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