São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Recursos demoram para chegar às empresas, avalia Banco Central

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de enfrentar grandes dificuldades para captar dinheiro no exterior devido ao agravamento da crise, aos poucos os bancos brasileiros já conseguem, na avaliação do Banco Central, acesso um pouco mais fácil às linhas de financiamento oferecidas no mercado internacional.
O problema, para o BC, é que esses recursos estão demorando para chegar às mãos das empresas, o que acaba levando ao problema de liquidez observado no sistema financeiro nacional. Por causa desse problema, nos últimos dez dias já ocorreram duas modificações nas regras do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos são obrigados a recolher periodicamente ao BC.
Segundo um assessor do presidente do BC, Henrique Meirelles, o acesso dos bancos brasileiros a linhas de crédito externas está "mais tranqüilo" quando comparado à situação de algumas semanas atrás, mas "isso ainda não fluiu para as empresas".
De acordo com essa avaliação, as turbulências dos mercados estão fazendo com que os bancos sejam mais cautelosos ao repassar esses recursos aos seus clientes.
Sem conseguir refinanciar seus compromissos externos, muitas empresas acabam obrigadas a recorrer a empréstimos internos, e essa procura muito grande por reais acabou afetando a liquidez no sistema financeiro.
Porém, o BC avalia que o problema não se limita a uma simples falta de reais no caixa dos bancos. O problema é que algumas instituições de maior porte têm dinheiro nas mãos, mas, por medo de uma piora no cenário internacional, não colocam os recursos para circular no mercado, deixando os bancos pequenos com dificuldade em financiar suas operações do dia-a-dia.
Foi para tentar resolver essa questão que, anteontem à noite, o BC anunciou que dará um desconto no valor a ser recolhido pelo compulsório para os bancos grandes que adquirirem parte da carteira de crédito de bancos menores. Conforme alteração feita nessa regra, o BC determinou que quem vender a carteira de crédito não poderá recomprá-la depois.
A idéia da mudança feita na quinta-feira é estimular a passagem do dinheiro que está nas mãos dos grandes bancos para as instituições menores. Ainda segundo um assessor de Meirelles, os bancos pequenos e médios "são o elo mais fraco da cadeia", mas nenhum deles está perto de quebrar, ao contrário do que sugeriram rumores que circularam no mercado nos últimos dias. "Isso [a medida de anteontem] não foi feito para salvar ninguém", disse.
Ontem, no primeiro dia depois da nova mudança no compulsório, não foi anunciada nenhuma operação de compra de carteira de crédito.
Mas, para o BC, esse tipo de negócio não é fechado de um dia para o outro e exige um certo tempo para que as negociações resultem efetivamente em alguma transação.


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