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Recursos demoram para chegar às empresas, avalia Banco Central
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de enfrentar grandes
dificuldades para captar dinheiro no exterior devido ao
agravamento da crise, aos poucos os bancos brasileiros já
conseguem, na avaliação do
Banco Central, acesso um pouco mais fácil às linhas de financiamento oferecidas no mercado internacional.
O problema, para o BC, é que
esses recursos estão demorando para chegar às mãos das empresas, o que acaba levando ao
problema de liquidez observado no sistema financeiro nacional. Por causa desse problema,
nos últimos dez dias já ocorreram duas modificações nas regras do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos
são obrigados a recolher periodicamente ao BC.
Segundo um assessor do presidente do BC, Henrique Meirelles, o acesso dos bancos brasileiros a linhas de crédito externas está "mais tranqüilo"
quando comparado à situação
de algumas semanas atrás, mas
"isso ainda não fluiu para as
empresas".
De acordo com essa avaliação, as turbulências dos mercados estão fazendo com que os
bancos sejam mais cautelosos
ao repassar esses recursos aos
seus clientes.
Sem conseguir refinanciar
seus compromissos externos,
muitas empresas acabam obrigadas a recorrer a empréstimos
internos, e essa procura muito
grande por reais acabou afetando a liquidez no sistema financeiro.
Porém, o BC avalia que o problema não se limita a uma simples falta de reais no caixa dos
bancos. O problema é que algumas instituições de maior porte
têm dinheiro nas mãos, mas,
por medo de uma piora no cenário internacional, não colocam os recursos para circular
no mercado, deixando os bancos pequenos com dificuldade
em financiar suas operações do
dia-a-dia.
Foi para tentar resolver essa
questão que, anteontem à noite, o BC anunciou que dará um
desconto no valor a ser recolhido pelo compulsório para os
bancos grandes que adquirirem
parte da carteira de crédito de
bancos menores. Conforme alteração feita nessa regra, o BC
determinou que quem vender a
carteira de crédito não poderá
recomprá-la depois.
A idéia da mudança feita na
quinta-feira é estimular a passagem do dinheiro que está nas
mãos dos grandes bancos para
as instituições menores. Ainda
segundo um assessor de Meirelles, os bancos pequenos e médios "são o elo mais fraco da cadeia", mas nenhum deles está
perto de quebrar, ao contrário
do que sugeriram rumores que
circularam no mercado nos últimos dias. "Isso [a medida de
anteontem] não foi feito para
salvar ninguém", disse.
Ontem, no primeiro dia depois da nova mudança no compulsório, não foi anunciada nenhuma operação de compra de
carteira de crédito.
Mas, para o BC, esse tipo de
negócio não é fechado de um
dia para o outro e exige um certo tempo para que as negociações resultem efetivamente em
alguma transação.
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