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Especialistas divergem sobre alcance de perdas
DA SUCURSAL DO RIO
DE BUENOS AIRES
Há divergências entre especialistas em relação ao tamanho do avanço da China sobre
mercados brasileiros.
Neste ano, estudos da consultoria argentina Abeceb e da
CNI (Confederação Nacional
da Indústria) mostraram que o
aumento da participação chinesa nas importações do principal sócio no Mercosul prejudica as exportações brasileiras.
Foram citadas perdas de
mercado em calçados e em
acessórios de vestuário, mas
também em produtos farmacêuticos e em instrumentos
óticos e médicos. Recentemente, no entanto, investigações
por concorrência desleal e restrições adotadas pelo governo
argentino diminuíram o fluxo
das compras vindas da China.
O estudo da CNI também
aponta risco de "deslocamento" do comércio brasileiro pelo
chinês no México e nos Estados
Unidos, países em que as importações da China crescem
em ritmo muito mais acelerado
do que as do Brasil.
Mas, em análise na revista
"Conjuntura Econômica", a
economista Lia Valls Pereira,
da FGV (Fundação Getulio
Vargas), é mais cautelosa. Ela
afirma que tudo que o Brasil
deixou de exportar em produtos coincidentes com os da China representou, na comparação
entre 2007 e 2008, uma parcela
ainda bem pequena do total das
exportações para a Argentina
(0,4%), a União Europeia
(1,7%) e os EUA (1,3%).
Valls Pereira conclui que culpar a China pela queda nas exportações brasileiras de manufaturas "é um engano", mas recomenda "acompanhar a pauta
com cuidado" e alerta para o fato de os chineses ganharem
mercado em setores nos quais o
Brasil crescia, como produtos
siderúrgicos e automotivos.
Mikio Kuwayama, da Divisão
de Comércio Internacional da
Cepal, ri quando questionado
sobre como o Brasil pode enfrentar a concorrência chinesa.
Ele sugere não competir, mas
"buscar uma maneira de se inserir na cadeia de valor asiática", como fez a Coreia do Sul,
que abriu fábricas na China e de
lá exporta. Diz que é melhor esquecer a competição em têxteis
ou calçados e investir em "alta
tecnologia". Por fim, lembra:
"Só o Brasil tem biocombustíveis".
(CA e SA)
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