São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

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Especialistas divergem sobre alcance de perdas

DA SUCURSAL DO RIO
DE BUENOS AIRES

Há divergências entre especialistas em relação ao tamanho do avanço da China sobre mercados brasileiros.
Neste ano, estudos da consultoria argentina Abeceb e da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostraram que o aumento da participação chinesa nas importações do principal sócio no Mercosul prejudica as exportações brasileiras.
Foram citadas perdas de mercado em calçados e em acessórios de vestuário, mas também em produtos farmacêuticos e em instrumentos óticos e médicos. Recentemente, no entanto, investigações por concorrência desleal e restrições adotadas pelo governo argentino diminuíram o fluxo das compras vindas da China.
O estudo da CNI também aponta risco de "deslocamento" do comércio brasileiro pelo chinês no México e nos Estados Unidos, países em que as importações da China crescem em ritmo muito mais acelerado do que as do Brasil.
Mas, em análise na revista "Conjuntura Econômica", a economista Lia Valls Pereira, da FGV (Fundação Getulio Vargas), é mais cautelosa. Ela afirma que tudo que o Brasil deixou de exportar em produtos coincidentes com os da China representou, na comparação entre 2007 e 2008, uma parcela ainda bem pequena do total das exportações para a Argentina (0,4%), a União Europeia (1,7%) e os EUA (1,3%).
Valls Pereira conclui que culpar a China pela queda nas exportações brasileiras de manufaturas "é um engano", mas recomenda "acompanhar a pauta com cuidado" e alerta para o fato de os chineses ganharem mercado em setores nos quais o Brasil crescia, como produtos siderúrgicos e automotivos.
Mikio Kuwayama, da Divisão de Comércio Internacional da Cepal, ri quando questionado sobre como o Brasil pode enfrentar a concorrência chinesa.
Ele sugere não competir, mas "buscar uma maneira de se inserir na cadeia de valor asiática", como fez a Coreia do Sul, que abriu fábricas na China e de lá exporta. Diz que é melhor esquecer a competição em têxteis ou calçados e investir em "alta tecnologia". Por fim, lembra: "Só o Brasil tem biocombustíveis". (CA e SA)


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