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Após venda ao Naspers, BuscaPé mira o exterior
Negócio de US$ 342 milhões levará o serviço a 27 países até o fim deste ano
Adquirido por sul-africanos, BuscaPé integrará suas marcas de comércio on-line; serviço de pesquisa de preço na web gera 70% da receita
Bruno Fernandes/Folha Imagem
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Romero Rodrigues, do BuscaPé, em seu escritório em São Paulo
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidente do Buscapé, o
maior provedor de serviços de
comércio eletrônico do país, o
engenheiro Romero Rodrigues
comemorou, na quinta-feira,
seus 32 anos como um dos empresários mais bem-sucedidos
do ramo. Dois dias antes, ele tinha anunciado a venda de 91%
de sua empresa -construída
com três colegas de faculdade-
por US$ 342 milhões ao Naspers, um grupo de mídia com
sede na África do Sul.
O negócio é o maior desde o
estouro da bolha, a crise que levou diversas empresas de internet à falência entre 2000 e
2001. Com a assinatura do
acordo, um dos sócios-fundadores do Buscapé, Mario Letelier, deixou o grupo. Pelo lado
do Bondfaro, concorrente do
grupo que foi adquirido em
2006, outros seis fundadores
também venderam suas cotas.
Estimativas indicam cifras entre US$ 5 milhões e US$ 7 milhões para cada um.
A partir de agora, continuam
no comando da empresa Romero Rodrigues, presidente do
grupo, Rodrigo Borges, Ronaldo Takahashi, todos fundadores do Buscapé, e Rodrigo Guarino, do Bondfaro. Eles assumem o compromisso de continuar por pelo menos mais cinco anos na companhia para levar adiante um projeto de internacionalização.
FOLHA - Com essa venda, quais os
novos rumos do BuscaPé?
Romero Rodrigues - As
conversas demoraram dois
anos e só fechamos o negócio
porque a Naspers aceitou que
continuássemos no comando,
desenvolvendo um produto
com programadores brasileiros, do jeito brasileiro. Se tivesse sido um grande grupo de internet mundial, talvez não preservássemos nem a marca BuscaPé e estaríamos "tropicalizando" o nosso produto [o software que permite comparar
preços pela internet]. A partir
de agora, temos dois desafios:
internacionalizá-lo e integrar
as nove marcas que adquirimos
entre 1999, quando lançamos o
BuscaPé, e 2006, com a aquisição do Bondfaro, o nosso principal concorrente.
FOLHA - Quais as metas de expansão internacional?
RODRIGUES - Até o final deste
ano o Buscapé estará em 27 países na América, incluindo os
EUA, e em países da África e da
Ásia de língua portuguesa. Hoje
temos escritórios só em quatro
países. Inicialmente, apenas o
serviço estará funcionando, o
que significa deixar o software
à disposição dos consumidores,
captando preços de diversas lojas virtuais interessadas em
participar. Nessa fase, não haverá custo para esses lojistas
porque queremos primeiro testar esses mercados. Naqueles
que se mostrarem mais promissores, vamos montar escritórios até o final de 2010. Aí,
sim, começaremos a capitalizar. Se após fazer uma busca de
preço em nosso site o consumidor clicar sobre o produto de
determinado lojista cadastrado
para adquiri-lo, o lojista paga
pelo clique ao BuscaPé [concluindo ou não a venda]. É daí
que vêm 70% de nossa receita.
O restante vem das nossas outras marcas [QueBarato!, e-Bit,
CortaContas, Pagamento Digital, Confiômetro, Wiki2Buy,
FControl, Bondfaro)].
FOLHA - O que é exatamente a integração entre essas marcas?
RODRIGUES - Um exemplo: temos o QueBarato!, um site de
classificados gratuitos. Por ele,
dá, por exemplo, para vender
uma geladeira usada. Mas tanto
o comprador como o vendedor
correm riscos [o comprador
pode dar um golpe e não pagar
se receber a mercadoria]. Isso
não acontece se a venda ocorrer por intermédio do Pagamento Digital, uma empresa
nossa que intermedia a compra. Ela aceita que o comprador
pague com o cartão de crédito,
até parcelando o total, e o vendedor recebe o dinheiro em até
15 dias [em geral, após a entrega
da mercadoria]. Hoje já oferecemos essa opção, mas as duas
ferramentas não funcionam
conjuntamente. Os interessados teriam de fazer cadastro em
ambos os serviços e isso não é
uma operação rápida. Tecnologicamente falando, integrá-las
é o caos. São sistemas desenvolvidos em separado e que são diferentes. O trabalho agora é
juntá-los, transformando esse
"Franksteinzinho" em uma Gisele Bündchen.
FOLHA - Você poderia ter vendido
sua participação ao Naspers por
uma fortuna. Por que decidiu ficar?
RODRIGUES - Poderia largar e ficar curtindo, mas não faria sentido para mim. Sempre persegui a ideia de fazer um negócio
que fosse grande e foi assim que
trouxemos o BuscaPé até aqui.
O dinheiro seria consequência,
nunca o primeiro objetivo.
Mesmo quando procuramos
sócios investidores, esse foi o
foco: continuaríamos à frente,
fazendo do nosso jeito. Além do
mais, meu dinheiro está aplicado aqui e tenho um sócio que
vai me permitir crescer ainda
mais. Não conseguimos ainda
arrumar motivos para ir embora, a não ser que fosse para pegar o dinheiro e viajar pelo
mundo, mas são coisas excludentes. [Mario Letelier, sócio-fundador, saiu porque pretendia ficar dois anos viajando pelo
mundo].
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