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COMÉRCIO
EUA podem ser beneficiados
Fiesp pede revisão de acordo Mercosul-Chile
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pretende encaminhar ao governo um
pedido de revisão do acordo comercial estabelecido entre o Mercosul e o Chile. A ação expõe novamente o descontentamento de
setores da indústria brasileira
com as negociações comerciais
conduzidas pelo Itamaraty.
A entidade, com base em estudo
realizado pelo Icone (Instituto de
Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), argumenta
que as exportações brasileiras para o Chile podem ser prejudicadas
em decorrência das preferências
tarifárias que o Chile concedeu
aos EUA. O acordo entre os dois
países vigora desde janeiro.
Os EUA vêm costurando acordos bilaterais com países do hemisfério desde o fracasso das negociações da OMC (Organização
Mundial do Comércio) em 2003 e
da Alca (Área de Livre Comércio
das Américas), o que pode deixar
o Brasil isolado na região.
Na avaliação de Roger Noriega,
subsecretário de Estado americano para o Hemisfério Ocidental, o
fracasso das negociações multilaterais em Cancún atrasou o calendário de implantação da Alca e
empurrou o país a buscar a integração comercial no hemisfério
por meio de acordos bilaterais.
Segundo as bases do tratado comercial entre Chile e EUA, a margem média de preferência tarifária concedida aos produtos importados dos EUA pelo Chile é de
96,3%, contra 68,5% concedida
ao Brasil. O cálculo foi elaborado
a partir de uma cesta de 70 produtos importados pelo Chile.
"Só a partir de 2005 é que veremos o impacto que o acordo entre
o Chile os EUA nas exportações
do Brasil. Mas está claro que acordos bilaterais que excluem o Brasil vão causar danos à indústria de
São Paulo", disse Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos
EUA e presidente do Conselho de
Comércio Exterior da Fiesp.
De acordo com Barbosa, 80%
dos produtos exportados pelo
Brasil para seus parceiros sul-americanos são bens industriais.
O temor dos brasileiros é que
ocorra com o Chile o que já se
passou com o México. Com a entrada em vigor do Nafta (acordo
entre EUA, Canadá e México), o
mercado mexicano para produtos brasileiros como suco de laranja, calçados e têxteis encolheu.
Para evitar a erosão das preferências tarifárias que o Brasil já
desfruta com o Chile, uma das
propostas do estudo é intensificar
a Alca. "Se a Alca tivesse caminhado melhor do que está hoje, poderia existir lá na frente tarifa zero
para 90% dos produtos", avaliou
Marcos Jank, presidente do Icone.
Com a reeleição do presidente
George W. Bush, a proliferação de
acordos comerciais entre os EUA
e outros países do continente deve continuar. Diante disso, o ex-embaixador defende que o Brasil
busque mais acordos comerciais
no âmbito do Mercosul.
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