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YUAN X DÓLAR
Reservas cresceram 27%
China vê irregularidade na conversão de moeda
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O governo chinês anunciou ontem que identificou uma série de
irregularidades na conversão de
moeda estrangeira em yuans, que
em parte foram responsáveis pelo
salto inédito de 27% nas reservas
internacionais do país neste ano,
para um total de US$ 514,5 bilhões em setembro.
As reservas internacionais são o
resultado da compra pelo banco
central de todos os dólares que
entram no país, seja por meio de
exportações, investimento estrangeiro direto ou compra de títulos e ações. Muitos analistas
suspeitam de que parte do fluxo
de dólares que a China recebeu
nos últimos meses tenha sido de
capital especulativo de investidores que apostam na valorização
do yuan em relação ao dólar.
O volume de US$ 514,5 bilhões é
inédito e supera o PIB brasileiro,
próximo de US$ 500 bilhões.
Apesar de proteger o país contra choques externos, a acumulação de reservas ameaça o esforço
do governo chinês em controlar o
ritmo de crescimento da economia, que atingiu 9,5% nos nove
primeiros meses do ano.
Para comprar os dólares que
entram no país, o Banco Central
tem de emitir yuans, o que aumenta o volume de dinheiro em
circulação na economia. Quanto
maior a oferta de dinheiro, maior
a pressão sobre os bancos para a
concessão de empréstimos, que
são direcionados para investimentos e consumo.
"As operações ilegais de venda
de moeda estrangeira entre bancos e empresas ou indivíduos afetaram o balanço de pagamentos
internacional e resultaram em
crescimento anormal das reservas
internacionais, desestabilizando
o gerenciamento macroeconômico", disse a agência da China responsável pela área de câmbio, em
nota oficial.
Conhecida pela sigla Safe (das
iniciais em inglês para Administração Estatal de Moeda Estrangeira), a agência investigou 41
operações de compra de moeda
estrangeira realizadas por 35 bancos entre janeiro e setembro e
identificou transações ilegais no
valor de US$ 120 milhões.
A quantia é pequena se comparada ao total de reservas, mas levanta a suspeita de que outras
operações semelhantes tenham
sido realizadas entre as inúmeras
não fiscalizadas pela agência.
Segundo a Safe, o fluxo de capital estrangeiro para a China cresceu mesmo em meses nos quais o
país registrou déficit em sua balança comercial, movimento que
normalmente leva à saída líquida
de recursos, e não o contrário.
"A oferta excessiva de moeda
estrangeira no mercado doméstico se tornou mais séria, o que minou o efeito dos esforços de controle macroeconômico", afirmou
a nota oficial da agência.
Há dez anos a China mantém
sua moeda atrelada à cotação do
dólar, em uma relação próxima
de 8,26 yuans por dólar. Para inúmeros analistas econômicos, o
yuan está subvalorizado.
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