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Ações dos dois bancos disparam na Bovespa
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investidores se animaram
com o anúncio da fusão do Itaú
com o Unibanco. Ao menos foi
o que demonstrou o comportamento das ações dos bancos
ontem na Bovespa, que subiram com ânimo. No topo das altas apareceu a ação preferencial do Itaú, que ganhou
16,36%, a terceira mais negociada do pregão, com 16,7 mil
operações. A ação UNT do Unibanco ganhou 8,95%.
A Bovespa teve alta bem mais
branda no dia, de 2,66%. E, se
não fossem os fortes ganhos do
setor bancário, a Bolsa paulista
tinha grandes chances de ter fechado no vermelho.
As ações do Bradesco, sobre
quem a atenção do mercado está voltada agora devido à expectativa de que o banco venha a
adquirir alguma instituição em
breve, terminaram com valorização de 4,42%. Para as ações
ON da Nossa Caixa, que está em
processo de venda para o BB, a
alta ficou em 8,76%. Exceção
ontem foi apenas as ações ON
do BB, que recuaram 3,04%.
"Entendo que as altas registradas pelas ações dos bancos
foram até exageradas, em muito como reflexo da euforia com
o negócio. Não acho que a operação vá gerar um ganho de sinergia tão expressivo que justifique as ações terem subido
tanto", avalia William Eid Júnior, coordenador do Centro de
Estudos em Finanças da FGV
(Fundação Getulio Vargas).
Como a operação é uma fusão, os investidores não serão
contemplados com o "tag
along" -regra do mercado segundo a qual os direitos do controlador se estendem aos acionistas minoritários quando há
a venda da companhia. Pelo
"tag along", os minoritários que
detêm ações ON recebem no
mínimo 80% do valor pago, por
ação, ao controlador.
Fora das ações de maior liquidez da Bolsa, chamou a
atenção a disparada de 121,1%
do papel ON (ordinário, com
direito a voto) do Unibanco,
que teve apenas 341 transações.
O que analistas de mercado
têm apontado é que a operação
pode favorecer os resultados
dos bancos no futuro, devido à
menor concorrência que tende
a haver no sistema financeiro.
Se essa concentração é negativa
para os clientes, para os acionistas pode não ser algo ruim.
Segundo a CVM, por enquanto não houve "razões para a
abertura de investigação" das
oscilações dos papéis dos bancos, apesar de os ativos estarem
"sob permanente supervisão da
autarquia".
Recuperação
Como os papéis dos bancos
estão ainda bastante depreciados, sendo um dos segmentos
que mais perdeu na Bolsa neste
ano, a recuperação de ontem
não foi suficiente para afastar
as ações do vermelho.
O papel preferencial do Itaú
registra queda de 23,5% no acumulado de 2008. Para a ação
UNT do Unibanco, a baixa
anual está em 36,9%.
O setor bancário internacional está no epicentro da atual
crise que abala o mundo. O que
se viu no setor neste ano foi
uma sucessão de compras e
vendas, fusões e instituições à
beira da falência. Conseqüentemente, as ações do segmento
têm despencado nas maiores
Bolsas do planeta.
No Brasil, apesar de o setor
bancário ter apresentado bons
resultados no terceiro trimestre, os papéis não conseguiram
se isolar e têm sofrido quedas
expressivas. Devido a seu relevante peso no mercado doméstico, os investidores estrangeiros têm se desfeito dos papéis
dos bancos brasileiros.
(FABRICIO VIEIRA)
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