São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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Ações dos dois bancos disparam na Bovespa

DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores se animaram com o anúncio da fusão do Itaú com o Unibanco. Ao menos foi o que demonstrou o comportamento das ações dos bancos ontem na Bovespa, que subiram com ânimo. No topo das altas apareceu a ação preferencial do Itaú, que ganhou 16,36%, a terceira mais negociada do pregão, com 16,7 mil operações. A ação UNT do Unibanco ganhou 8,95%.
A Bovespa teve alta bem mais branda no dia, de 2,66%. E, se não fossem os fortes ganhos do setor bancário, a Bolsa paulista tinha grandes chances de ter fechado no vermelho.
As ações do Bradesco, sobre quem a atenção do mercado está voltada agora devido à expectativa de que o banco venha a adquirir alguma instituição em breve, terminaram com valorização de 4,42%. Para as ações ON da Nossa Caixa, que está em processo de venda para o BB, a alta ficou em 8,76%. Exceção ontem foi apenas as ações ON do BB, que recuaram 3,04%.
"Entendo que as altas registradas pelas ações dos bancos foram até exageradas, em muito como reflexo da euforia com o negócio. Não acho que a operação vá gerar um ganho de sinergia tão expressivo que justifique as ações terem subido tanto", avalia William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Como a operação é uma fusão, os investidores não serão contemplados com o "tag along" -regra do mercado segundo a qual os direitos do controlador se estendem aos acionistas minoritários quando há a venda da companhia. Pelo "tag along", os minoritários que detêm ações ON recebem no mínimo 80% do valor pago, por ação, ao controlador.
Fora das ações de maior liquidez da Bolsa, chamou a atenção a disparada de 121,1% do papel ON (ordinário, com direito a voto) do Unibanco, que teve apenas 341 transações.
O que analistas de mercado têm apontado é que a operação pode favorecer os resultados dos bancos no futuro, devido à menor concorrência que tende a haver no sistema financeiro. Se essa concentração é negativa para os clientes, para os acionistas pode não ser algo ruim.
Segundo a CVM, por enquanto não houve "razões para a abertura de investigação" das oscilações dos papéis dos bancos, apesar de os ativos estarem "sob permanente supervisão da autarquia".

Recuperação
Como os papéis dos bancos estão ainda bastante depreciados, sendo um dos segmentos que mais perdeu na Bolsa neste ano, a recuperação de ontem não foi suficiente para afastar as ações do vermelho.
O papel preferencial do Itaú registra queda de 23,5% no acumulado de 2008. Para a ação UNT do Unibanco, a baixa anual está em 36,9%.
O setor bancário internacional está no epicentro da atual crise que abala o mundo. O que se viu no setor neste ano foi uma sucessão de compras e vendas, fusões e instituições à beira da falência. Conseqüentemente, as ações do segmento têm despencado nas maiores Bolsas do planeta.
No Brasil, apesar de o setor bancário ter apresentado bons resultados no terceiro trimestre, os papéis não conseguiram se isolar e têm sofrido quedas expressivas. Devido a seu relevante peso no mercado doméstico, os investidores estrangeiros têm se desfeito dos papéis dos bancos brasileiros.
(FABRICIO VIEIRA)


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