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Governo Lula quer que o Banco do Brasil retome a liderança
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a fusão do Itaú com o
Unibanco, o Banco do Brasil
perdeu o posto de maior banco
do país, que manteve na maior
parte da sua história. Para recuperá-lo, terá que ir além da
compra anunciada do Besc
(Banco do Estado de Santa Catarina) e da negociação para adquirir a Nossa Caixa e o BRB
(Banco de Brasília). Mesmo
que já tivesse incorporado essas instituições, ainda assim, o
BB precisaria de mais de R$ 40
bilhões para voltar à liderança.
Considerando os dados do
balanço de junho - já que nem
todos os bancos divulgaram as
informações do terceiro trimestre do ano- Itaú e Unibanco somavam R$ 509,3 bilhões
em ativos totais, enquanto uma
instituição formada pela união
de BB, Besc, BRB e Nossa Caixa
teria R$ 468,7 bilhões.
Por isso, mais do que nunca,
o governo quer avançar com a
aprovação da MP 443 (que autoriza BB e Caixa Econômica a
comprarem bancos) no Congresso, acelerar as compras
anunciadas e permitir que o BB
faça novas operações. A avaliação da equipe econômica, ontem, era que a fusão entre Itaú e
Unibanco ajudará a deslanchar
a compra da Nossa Caixa.
O negócio está empacado
porque o BB não conseguiu
acertar um preço com o governo do Estado de São Paulo. A
MP 443 favoreceu a negociação
porque, em vez de uma tentativa de incorporação, o BB agora
poderá fazer uma compra direta. Isso possibilitará que a instituição federal aproveite créditos tributários da Nossa Caixa,
originados por causa de prejuízos fiscais do passado, pagando
mais pelo banco paulista.
Na semana passada, técnicos
do governo envolvidos nas negociações diziam que a novela
estava perto de um final feliz e
contavam anunciá-la ainda
neste mês. Ao mesmo tempo, o
BB avalia a compra de outros
bancos. Ao menos cinco estariam na lista de aquisições, segundo a Folha apurou.
Procurada, a assessoria do
BB afirmou que a direção não
iria comentar o assunto. Nas
últimas semanas, aumentaram
as especulações sobre prováveis negociações com bancos
de pequeno e médio porte.
Liderança
Aliada à compra das três instituições estaduais, a aquisição
de um banco de porte médio
daria de volta ao BB a liderança
no ranking. A liderança no ranking de bancos do país é simbólica para o PT.
O próprio presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não gostou
de ver o BB perder o posto histórico no seu governo, mas avalia-se na administração petista
que o sistema financeiro brasileiro ainda passará por uma nova fase de consolidação e que a
crise abriu várias oportunidades para o BB.
O importante, avaliam os técnicos do governo, é que "agora
o BB está no jogo".
Com a MP 443, ele também
pode buscar opções, assim como fazem seus concorrentes
privados. O ministro Guido
Mantega (Fazenda) tentou, ontem, minimizar o fato de o BB
ter caído no topo do ranking
por ativos.
"Momentaneamente ele perde a liderança, mas a vida é assim. Nada como um dia depois
do outro, ele terá também a
chance de correr atrás e se refazer", disse, alimentando as especulações em torno de novas
compras.
"O importante é que ele seja
um dos maiores bancos do Brasil e que no momento como este de escassez de liquidez ele
esteja cumprindo um papel de
dar mais liquidez", disse o ministro da Fazenda.
Colaborou LEANDRA PERES ,
da Sucursal de Brasília
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