São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pioneiro na informatização, Itaú cultiva imagem de banco inovador e moderno

MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Fundem-se dois bancos tradicionais." A manchete da Folha, do dia 19 de setembro de 1964, reportava a fusão do Banco Federal de Crédito, sob o comando de Olavo Setubal, com o Banco Itaú América, de empresários mineiros, que dava origem ao Banco Federal de Crédito Itaú.
O banco mineiro era mais uma da instituições compradas pela família Setubal. Essa transação, no entanto, valeria à família mais que ativos bancários, como também a marca que os tornaria célebres.
O banco dos Setubal iniciou suas atividades em 1945, em São Paulo. Nesse ano, o embrião da instituição era fundada pelo tio de Olavo, Alfredo Egydio de Souza Aranha. Já ele próprio, engenheiro recém-formado pela Poli-USP, fundaria a empresa Deca em 1947.
Em 1969, houve a fusão com o Banco América. Começava aí uma maratona de aquisições, que incluiriam o Banco Português e o Banco União Comercial. Em 1973, o banco de Olavo Setubal foi rebatizado como Itaú, apenas.
As fusões continuaram, e o banco se internacionalizou. Em 1980, foi aberta uma agência em Nova York. Meses depois, foi a vez da Argentina, onde ganhou terreno com a compra do Buen Ayre, em 1999, tornando-se uma das principais instituições do país. O Itaú também tem presença importante nos mercados do Chile e do Uruguai. Atua ainda em Portugal, EUA, Reino Unido, Luxemburgo, Japão e China.
O Itaú tornou-se um banco modelo no Brasil, e seu presidente, Olavo Setubal, um obsessivo em torná-lo o maior banco do país. O empresário morreu no dia 27 de agosto, aos 85 anos, dois meses antes de concretizar seu desejo.
A história de Setubal se mistura à do banco, com pequenos interlúdios. Entre 1975 e 1979, o patriarca do Itaú foi prefeito de São Paulo, indicado pelo regime militar. Em 1985, assumiu como ministro das Relações Exteriores do governo José Sarney. Retirou-se da política em 1986, quando perdeu a convenção do então PFL (hoje DEM) para se candidatar ao governo paulista.
Em 1988, Setubal deixou o comando do banco para o filho, Roberto, mas continuou a presidir a Itaúsa, holding que administra os diferentes negócios do grupo, como a Deca, a Duratex e a Itautec.

Pioneirismo
O Itaú sempre cultivou a imagem de banco pioneiro. O Instituto Itaú Cultural, por exemplo, é um dos mecenas da arte digital contemporânea.
Em 1965, o grupo criou o primeiro banco de investimento do Brasil, o Banco Federal Itaú de Investimentos.
Em 1979, de olho no mercado de informática e na modernização de suas agências bancárias, foi criada a Itautec. Dois anos depois, o Itaú instalou os primeiros caixas eletrônicos do país. O banco também apostou na segmentação da clientela por faixa de renda, com a atribuição de estrelas. A novidade daria origem depois ao cheque especial brasileiro.
Em 1995, após a compra do BFB (Banco Francês e Brasileiro), o banco criou a bandeira Itaú Personnalité, que inspirou o atendimento e serviços diferenciados para a alta renda.
Em 2006, o Itaú adquiriu os ativos latino-americanos do Bank of America, permitindo a incorporação do BankBoston.


Texto Anterior: Megafusão / Patrimônio: Marcas devem conviver por ao menos 1 ano
Próximo Texto: Criado em 1924, Unibanco é resultado de dezenas de fusões e incorporações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.