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Pioneiro na informatização, Itaú cultiva imagem de banco inovador e moderno
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Fundem-se dois bancos tradicionais." A manchete da Folha, do dia 19 de setembro de
1964, reportava a fusão do Banco Federal de Crédito, sob o comando de Olavo Setubal, com o
Banco Itaú América, de empresários mineiros, que dava origem ao Banco Federal de Crédito Itaú.
O banco mineiro era mais
uma da instituições compradas
pela família Setubal. Essa transação, no entanto, valeria à família mais que ativos bancários, como também a marca
que os tornaria célebres.
O banco dos Setubal iniciou
suas atividades em 1945, em
São Paulo. Nesse ano, o embrião da instituição era fundada pelo tio de Olavo, Alfredo
Egydio de Souza Aranha. Já ele
próprio, engenheiro recém-formado pela Poli-USP, fundaria a empresa Deca em 1947.
Em 1969, houve a fusão com
o Banco América. Começava aí
uma maratona de aquisições,
que incluiriam o Banco Português e o Banco União Comercial. Em 1973, o banco de Olavo
Setubal foi rebatizado como
Itaú, apenas.
As fusões continuaram, e o
banco se internacionalizou.
Em 1980, foi aberta uma agência em Nova York. Meses depois, foi a vez da Argentina, onde ganhou terreno com a compra do Buen Ayre, em 1999,
tornando-se uma das principais instituições do país. O Itaú
também tem presença importante nos mercados do Chile e
do Uruguai. Atua ainda em
Portugal, EUA, Reino Unido,
Luxemburgo, Japão e China.
O Itaú tornou-se um banco
modelo no Brasil, e seu presidente, Olavo Setubal, um obsessivo em torná-lo o maior
banco do país. O empresário
morreu no dia 27 de agosto, aos
85 anos, dois meses antes de
concretizar seu desejo.
A história de Setubal se mistura à do banco, com pequenos
interlúdios. Entre 1975 e 1979,
o patriarca do Itaú foi prefeito
de São Paulo, indicado pelo regime militar. Em 1985, assumiu como ministro das Relações Exteriores do governo José Sarney. Retirou-se da política em 1986, quando perdeu a
convenção do então PFL (hoje
DEM) para se candidatar ao
governo paulista.
Em 1988, Setubal deixou o
comando do banco para o filho,
Roberto, mas continuou a presidir a Itaúsa, holding que administra os diferentes negócios
do grupo, como a Deca, a Duratex e a Itautec.
Pioneirismo
O Itaú sempre cultivou a
imagem de banco pioneiro. O
Instituto Itaú Cultural, por
exemplo, é um dos mecenas da
arte digital contemporânea.
Em 1965, o grupo criou o primeiro banco de investimento
do Brasil, o Banco Federal Itaú
de Investimentos.
Em 1979, de olho no mercado
de informática e na modernização de suas agências bancárias,
foi criada a Itautec. Dois anos
depois, o Itaú instalou os primeiros caixas eletrônicos do
país. O banco também apostou
na segmentação da clientela
por faixa de renda, com a atribuição de estrelas. A novidade
daria origem depois ao cheque
especial brasileiro.
Em 1995, após a compra do
BFB (Banco Francês e Brasileiro), o banco criou a bandeira
Itaú Personnalité, que inspirou
o atendimento e serviços diferenciados para a alta renda.
Em 2006, o Itaú adquiriu os
ativos latino-americanos do
Bank of America, permitindo a
incorporação do BankBoston.
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