|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Criado em 1924, Unibanco é resultado de dezenas de fusões e incorporações
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
A história do Unibanco é ligada a um dos personagens mais
importantes da política e da
economia brasileiras no século
passado: Walther Moreira Salles. Advogado, banqueiro, duas
vezes embaixador nos EUA e
ex-ministro da Fazenda, ele fez
da pequena casa bancária do interior de Minas Gerais o terceiro maior banco privado do país,
num processo marcado por fusões e incorporações.
Fundado em 1924 por João
Moreira Salles, pai de Walther,
a seção bancária da Casa Moreira Salles funcionou inicialmente como braço de uma loja
de mercadorias, a maior de Poços de Caldas -Walther nasceu
em Pouso Alegre (MG).
Em 1931, a casa bancária passou a ser independente, financiando produtores de café da
região. O Banco Moreira Salles
surgiria em 1940, fruto de fusão
com o Banco Machadense e a
Casa Bancária de Botelhos.
A primeira agência no Rio foi
aberta em 1941. No ano seguinte, chegou a São Paulo. Em
1950, já eram 63 agências. O sucesso da primeira fase lançou o
banqueiro à política. Em 1951,
Getulio Vargas convidou Moreira Salles para ocupar a Superintendência da Moeda e do
Crédito, antecessora do Banco
Central.
Naquele ano, o banqueiro
iniciou aproximação com os
EUA. Em 1952, foi nomeado
embaixador em Washington.
Em 1959, voltou ao posto, a pedido de Juscelino Kubitschek.
Em 1961, com a crise após a
renúncia de Jânio Quadros, assumiu o Ministério da Fazenda
no mandato de João Goulart e,
apesar do golpe militar de 1964,
ao contrário de empresários ligados a Goulart, sobreviveu
empresarialmente ao regime.
"Isso só ocorreu porque Walther já era unanimidade, aqui e
lá fora. Além disso, nunca partidarizou o banco", afirma o ex-ministro da Fazenda Marcílio
Marques Moreira, ex-diretor e
vice-presidente do Unibanco
nas décadas de 70 e 80.
Após o golpe de 1964, voltou-se exclusivamente ao banco (de
médio porte, com 190 agências)
e iniciou a segunda arrancada.
Em 1966, criou o Banco de Investimento do Brasil, com sócios americanos. No ano seguinte, comprou o Banco Agrícola Mercantil. Em 1970, o
Banco Predial do Rio. Atraiu
sócios estrangeiros, como Credit Suisse e Philadelphia Investment. Em 1975, adotou o
atual nome: Unibanco. Em
1995, comprou parte do Banco
Nacional.
Em 1991, deixou o comando
do Unibanco, iniciando ações
de apoio à cultura, que incluem
o instituto que leva o sobrenome da família. Morreu em
2001.
Dos quatro filhos, três têm
carreiras ligadas à arte: os cineastas Walter e João e o editor
Fernando. Pedro, 49 anos, é o
presidente-executivo do banco.
Tem distrofia muscular, que leva à falência dos músculos.
Um dos empresários que
acompanham de perto o Unibanco observa que, ao deixar
um posto, Pedro poderá dedicar-se mais ao tratamento da
doença. Mas analistas consultados pela Folha dizem que a
designação para a presidência
do conselho de administração
mostra que ele terá papel preponderante no Itaú Unibanco.
Nos últimos anos, o segundo
filho de Walther consolidou e
expandiu a "vocação natural"
da antiga Casa Moreira Salles:
instituição de varejo, voltada a
operações de cartões de crédito, empréstimos consignados e
financiamento automotivo.
Texto Anterior: Pioneiro na informatização, Itaú cultiva imagem de banco inovador e moderno Próximo Texto: Artigo: Itabanco ou Êtabanco? Índice
|