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Com crise, saldo comercial do país recua
Superávit da balança fica em US$ 1,2 bi em outubro, pior resultado desde março; instabilidade cambial adia contratos
Importações ficam aquém do esperado para esta época do ano, com queda de 13% em itens como vinho, bacalhau, enfeites e roupas
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os efeitos da instabilidade do
câmbio e da crise financeiras se
refletiram no comércio exterior brasileiro em outubro.
O saldo comercial de outubro
somou US$ 1,2 bilhão, o pior resultado mensal desde março.
No acumulado do ano até outubro, o saldo é de US$ 20,8 bilhões, 40% menor que nos mesmo período de 2007.
Mesmo com o dólar em alta,
os exportadores fecharam menos negócios que em setembro,
afetados pela queda da demanda mundial e pelo temor de que
a instabilidade cambial cause
prejuízos em contratos de longo prazo. Já os importadores
compraram menos que o esperado com a crise e o dólar caro.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério
do Desenvolvimento, Welber
Barral, as importações ficaram
aquém do esperado para esta
época do ano, quando os varejistas ampliam os estoques para
as vendas de Natal. A alta do dólar tornou o preço das importações menos competitivos.
O pior resultado foi nas importações de bens de consumo,
em especial os não-duráveis,
como vinho, bacalhau, enfeites
e roupas. Houve queda de
13,4% nesses itens, quando a
expectativa era de alta de 10%.
"A ceia de Natal será com produtos brasileiros", disse Barral.
As importações somaram
US$ 17,3 bilhões em outubro,
40% maiores que no mesmo
mês do ano passado. Se comparadas com setembro, contudo,
se mantiveram estáveis.
Esse resultado é positivo para o saldo comercial. O problema é que, em outubro, o desempenho das exportações foi pior
que o das importações se comparado com o mês anterior.
As exportações brasileiras
somaram US$ 18,5 bilhões em
outubro, o pior resultado desde
maio. Se comparado com o
mesmo mês do ano passado, foi
registrada alta de 17,4%. Mas na
comparação com setembro,
houve queda de 7,5%.
Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, disse
que ainda é cedo para saber
qual será o impacto da crise financeira internacional sobre a
balança comercial brasileira,
embora o efeito da volatilidade
do dólar já seja evidente. A projeção da consultoria é de saldo
comercial de US$ 25 bilhões este ano, o que seria uma queda
de 37,5% em relação a 2007.
Barral disse que a redução de
demanda nos países desenvolvidos e a volatilidade cambial
ajudaram na piora das exportações. "O que chama a atenção
este mês é a queda de quantidade, não de preço. As empresas
temem negociar em razão da
volatilidade do dólar", afirmou.
Segundo ele, muitas empresas deixaram de fechar contratos de longo prazo com medo
de que o dólar volte a cair. Ele
cita como exemplos as indústrias siderúrgicas e de celulares.
Barral avalia ainda que a redução dos preços das commodities não afetou as exportações. Ele justifica que os produtos que tiveram queda mais
acentuada são os que o Brasil
importa, como o trigo, e não os
que o país exporta, como a soja.
Mesmo assim, a exportação de
soja em grãos foi a segunda
maior queda do mês, de 42%,
por causa do fim da safra.
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