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ANÁLISE
Missão de Lula será restabelecer a credibilidade do sistema
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alteração dos limites para a inflação, em estudo pela
equipe de Lula, implicará uma tarefa mais complexa que simplesmente fixar novas taxas a serem
perseguidas: trata-se de restaurar
a credibilidade do regime de metas e definir as linhas da política
econômica. Será preciso escolher
uma meta para 2003 nem tão baixa que não possa ser atingida nem
tão alta a ponto de levar o mercado a duvidar do compromisso
com a estabilidade da moeda.
Uma vez fixado o novo objetivo,
Lula terá se comprometido a, se
necessário, adotar medidas amargas, como elevar os juros ou endurecer ainda mais o aperto nos
gastos públicos prometido ao
FMI (Fundo Monetário Internacional). Curiosamente, esse desafio cai no colo de um grupo político que nunca morreu de amores
pelo regime de metas de inflação.
Os petistas sempre criticaram a
premissa de que a atuação do BC
deve levar em conta somente o
controle dos preços -no caso
brasileiro normalmente com prejuízo para o crescimento.
Durante a turbulência eleitoral,
no entanto, Lula procurou acalmar os mercados ao se comprometer com o cumprimento dos
contratos e com a permanência
das metas, ainda que seus assessores falassem em flexibilizá-las.
Implantado em 1999, o regime dá
sinais de esgotamento desde 2001,
quando uma primeira onda de
disparada do dólar impediu o
cumprimento das metas -o
mesmo acontecerá neste ano.
Em junho último, o governo alterou a meta de 2003: de um IPCA
de 3,25% com tolerância de dois
pontos percentuais, passou-se para 4%, com margem de 2,5 pontos
para mais ou para menos. Naquele mês, as expectativas do mercado quase coincidiam com a nova
meta: o banco mais otimista previa uma taxa de 3,27%, e o mais
pessimista, de 5,5%. Na pesquisa
da semana passada, o BC encontrou projeções disparatadas para
2003, variando de 4,65% a 16%.
As metas fixadas devem balizar
as expectativas. A confiança na
disposição e na capacidade do BC
de atingi-las evita a pressão por
reajustes -e é isso o que se pretende recuperar.
(GUSTAVO PATÚ)
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