São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Saldo comercial é o menor desde 2004

Com importações em ritmo de crescimento maior que o das vendas ao exterior, resultado de novembro ficou em US$ 2 bi

Para governo, compra de máquinas traz benefícios à economia; especialistas alertam sobre dependência de preços das commodities

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Abalado pelo volume recorde de importações, o superávit comercial brasileiro fechou novembro no menor valor mensal desde abril de 2004, a US$ 2,03 bilhões. As exportações continuam crescendo, impulsionadas pelos altos preços de commodities no mercado internacional, pelas vendas de petróleo e combustíveis e por encomendas de aviões à Embraer.
A queda do superávit já era esperada pelo mercado, que vem sinalizando para a redução do saldo comercial há meses. De janeiro a novembro, as exportações cresceram 16,6%, somando US$ 146 bilhões. No mesmo intervalo, houve aumento de 30,8% das importações, que totalizaram US$ 110,02 bilhões.
O governo não vê motivos para se preocupar com o aumento das importações. Ao apresentar ontem os dados da balança, o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, voltou a dizer que há maior entrada de bens de capital, o que beneficia a economia nos próximos anos.
"A importação de máquinas e equipamentos reflete uma renovação do parque industrial, uma expansão generalizada que tende a gerar um crescimento sustentado no médio e longo prazos", afirmou.
Nos primeiros 11 meses deste ano, a importação de bens de consumo cresceu 33,5%, ritmo pouco superior ao das compras de bens de capital (31,8%) e de matérias-primas (30,1%).
Para especialistas ouvidos pela Folha, a tranqüilidade do governo se baseia em fatores conjunturais. O Brasil viria se beneficiando de um alto preço das commodities no exterior, um quadro que pode se deteriorar em uma eventual desaceleração da economia dos Estados Unidos ou mundial.
"A tendência claramente é que as compras dos bens de consumo se mantenham nesse patamar enquanto a taxa de câmbio for favorável", analisou o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro.
Tanto as exportações (US$ 14,05 bilhões) quanto as importações (US$ 12,03 bilhões) apresentaram volume recorde para o mês passado. Pela primeira vez na história, a média diária de exportação, de US$ 601,3 milhões, superou a marca de US$ 600 milhões.
Somente da China, as importações brasileiras cresceram 57,1% neste ano. As compras dos Estados Unidos, principal parceiro comercial, subiram 27,9%, pouco abaixo dos 28,6% da Argentina, que integra o bloco aduaneiro Mercosul.
Nas exportações, houve avanço de 29,3% nas vendas para a União Européia, ritmo próximo ao da China (28,2%) e pouco superior ao do Mercosul (23,4%). O bom desempenho se mantém apesar do câmbio.
Segundo especialistas, a alta dos preços de commodities vem compensando a valorização do real diante do dólar.


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