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Saldo comercial é o menor desde 2004
Com importações em ritmo de crescimento maior que o das vendas ao exterior, resultado de novembro ficou em US$ 2 bi
Para governo, compra de máquinas traz benefícios à economia; especialistas alertam sobre dependência de preços das commodities
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Abalado pelo volume recorde
de importações, o superávit comercial brasileiro fechou novembro no menor valor mensal
desde abril de 2004, a US$ 2,03
bilhões. As exportações continuam crescendo, impulsionadas pelos altos preços de commodities no mercado internacional, pelas vendas de petróleo
e combustíveis e por encomendas de aviões à Embraer.
A queda do superávit já era
esperada pelo mercado, que
vem sinalizando para a redução
do saldo comercial há meses.
De janeiro a novembro, as exportações cresceram 16,6%, somando US$ 146 bilhões. No
mesmo intervalo, houve aumento de 30,8% das importações, que totalizaram US$
110,02 bilhões.
O governo não vê motivos para se preocupar com o aumento
das importações. Ao apresentar
ontem os dados da balança, o
secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, voltou a dizer que há maior entrada de
bens de capital, o que beneficia
a economia nos próximos anos.
"A importação de máquinas e
equipamentos reflete uma renovação do parque industrial,
uma expansão generalizada
que tende a gerar um crescimento sustentado no médio e
longo prazos", afirmou.
Nos primeiros 11 meses deste
ano, a importação de bens de
consumo cresceu 33,5%, ritmo
pouco superior ao das compras
de bens de capital (31,8%) e de
matérias-primas (30,1%).
Para especialistas ouvidos
pela Folha, a tranqüilidade do
governo se baseia em fatores
conjunturais. O Brasil viria se
beneficiando de um alto preço
das commodities no exterior,
um quadro que pode se deteriorar em uma eventual desaceleração da economia dos Estados Unidos ou mundial.
"A tendência claramente é
que as compras dos bens de
consumo se mantenham nesse
patamar enquanto a taxa de
câmbio for favorável", analisou
o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior
do Brasil), José Augusto de
Castro.
Tanto as exportações (US$
14,05 bilhões) quanto as importações (US$ 12,03 bilhões)
apresentaram volume recorde
para o mês passado. Pela primeira vez na história, a média
diária de exportação, de US$
601,3 milhões, superou a marca
de US$ 600 milhões.
Somente da China, as importações brasileiras cresceram
57,1% neste ano. As compras
dos Estados Unidos, principal
parceiro comercial, subiram
27,9%, pouco abaixo dos 28,6%
da Argentina, que integra o bloco aduaneiro Mercosul.
Nas exportações, houve
avanço de 29,3% nas vendas
para a União Européia, ritmo
próximo ao da China (28,2%) e
pouco superior ao do Mercosul
(23,4%). O bom desempenho
se mantém apesar do câmbio.
Segundo especialistas, a alta
dos preços de commodities
vem compensando a valorização do real diante do dólar.
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