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Exportadoras vêem entraves para crédito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento realizado
pela Abracex (Associação
Brasileira de Comércio Exterior) com 373 empresas brasileiras indica que é grande a
dificuldade de acesso a crédito no país, mesmo para as
companhias exportadoras,
que geram divisas.
Para 83% das empresas
consultadas, há entraves para conseguir financiamento
no BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social). Já 69% reclamaram de dificuldades em
bancos oficiais, como o Banco do Brasil. Quando se trata
de banco privado, 43% relatam obstáculos.
A facilidade é maior nos financiamentos externos:
20% das empresas reclamaram de problemas e 80% disseram não ter complicações.
O governo admite que
grandes empresas podem
não conseguir financiamentos públicos tão facilmente,
mas atribui isso à política do
governo de priorizar empresas menores.
"Existe de fato um direcionamento para os recursos do
Proex [Programa de Estímulo às Exportações] contemplarem prioritariamente micro, pequenas e médias empresas. Hoje, 90% dos recursos vão para elas", afirma
Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério do
Desenvolvimento.
Roberto Segatto, presidente da Abracex, diz que a exigência de garantias é o maior
apuro das empresas. "Os
bancos têm uma burocracia
enorme e ainda exigem garantias inacreditáveis."
Na maioria dos casos, os
bancos exigem 130% do valor
financiado em garantias da
empresa, o que pode virar
um impeditivo em operações
de cifras muito altas.
Para o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José
Augusto de Castro, há empresas que desistiram de exportar nos últimos meses
por conta das dificuldades.
"O governo comemora sozinho as exportações e a indústria assume sozinha os riscos
das operações de crédito."
A pesquisa da Abracex demonstra, ainda, que 96% das
empresas ouvidas reclamam
falta de diretriz oficial do governo na área industrial e
82% pretendem realizar investimentos no curto prazo.
Ao todo, 94% pediram benefícios para os exportadores e 96% reivindicaram "taxa cambial mais realista e
protetora da produção".
Segundo o gerente-executivo de Comércio Exterior do
Banco do Brasil, Antonio
Bizzo, "o financiamento à exportação não difere muito
das garantias de operação de
crédito normais". Segundo
ele, 82% do universo de importadoras e exportadoras
do país é cliente do BB.
Procurado pela reportagem na semana passada, o
BNDES emitiu um comunicado por meio de sua assessoria. "Estamos sempre dispostos a discutir a melhoria
nos procedimentos para facilitar a concessão de financiamentos, sem vulnerar as
exigências legais, e isso é
uma busca permanente do
BNDES", assinalou o banco.
IURI DANTAS
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