São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Exportadoras vêem entraves para crédito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento realizado pela Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior) com 373 empresas brasileiras indica que é grande a dificuldade de acesso a crédito no país, mesmo para as companhias exportadoras, que geram divisas.
Para 83% das empresas consultadas, há entraves para conseguir financiamento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Já 69% reclamaram de dificuldades em bancos oficiais, como o Banco do Brasil. Quando se trata de banco privado, 43% relatam obstáculos.
A facilidade é maior nos financiamentos externos: 20% das empresas reclamaram de problemas e 80% disseram não ter complicações.
O governo admite que grandes empresas podem não conseguir financiamentos públicos tão facilmente, mas atribui isso à política do governo de priorizar empresas menores.
"Existe de fato um direcionamento para os recursos do Proex [Programa de Estímulo às Exportações] contemplarem prioritariamente micro, pequenas e médias empresas. Hoje, 90% dos recursos vão para elas", afirma Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento.
Roberto Segatto, presidente da Abracex, diz que a exigência de garantias é o maior apuro das empresas. "Os bancos têm uma burocracia enorme e ainda exigem garantias inacreditáveis."
Na maioria dos casos, os bancos exigem 130% do valor financiado em garantias da empresa, o que pode virar um impeditivo em operações de cifras muito altas.
Para o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, há empresas que desistiram de exportar nos últimos meses por conta das dificuldades. "O governo comemora sozinho as exportações e a indústria assume sozinha os riscos das operações de crédito."
A pesquisa da Abracex demonstra, ainda, que 96% das empresas ouvidas reclamam falta de diretriz oficial do governo na área industrial e 82% pretendem realizar investimentos no curto prazo.
Ao todo, 94% pediram benefícios para os exportadores e 96% reivindicaram "taxa cambial mais realista e protetora da produção".
Segundo o gerente-executivo de Comércio Exterior do Banco do Brasil, Antonio Bizzo, "o financiamento à exportação não difere muito das garantias de operação de crédito normais". Segundo ele, 82% do universo de importadoras e exportadoras do país é cliente do BB.
Procurado pela reportagem na semana passada, o BNDES emitiu um comunicado por meio de sua assessoria. "Estamos sempre dispostos a discutir a melhoria nos procedimentos para facilitar a concessão de financiamentos, sem vulnerar as exigências legais, e isso é uma busca permanente do BNDES", assinalou o banco.
IURI DANTAS


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