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Petrobras capta 73% mais de bancos federais em 2008
BB, Caixa Econômica e BNDES emprestaram R$ 12,744 bi à estatal até outubro
Em todo o ano passado, empréstimos somaram
R$ 7,332 bilhões, de acordo com balanço da companhia; BB puxou o crescimento
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras aumentou em
mais de 73% as operações feitas
com as três principais instituições financeiras federais entre
dezembro de 2007 e outubro
deste ano. Juntos, Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES emprestaram
R$ 12,744 bilhões à empresa
em 2008. Em 2007, o saldo era
de R$ 7,332 bilhões, de acordo
com informações do balanço da
própria empresa.
A parcela que mais aumentou foi a do BB. No ano passado,
a Petrobras tinha passivos de
pouco mais de R$ 601 milhões
com o banco. Em setembro último, o valor já havia subido para R$ 4,058 bilhões, sem considerar a operação de R$ 750 milhões feita em outubro.
Outra fonte importante de
recursos, mas nesse caso de
longo prazo, continuou sendo o
BNDES. O banco de desenvolvimento tinha operações de
R$ 6,731 bilhões com a Petrobras em dezembro de 2007, valor que subiu para R$ 8,686 bilhões no balanço de setembro.
A Caixa passou a oferecer recursos à Petrobras só em outubro último, com o empréstimo
de R$ 2,02 bilhões. O banco não
aparece na lista dos financiadores da empresa em 2007 ou
2006, quando a legislação não
permitia esse tipo de operação.
Além disso, a Petrobras também pegou outros R$ 750 milhões com o BB em outubro.
Se esses valores forem somados ao que a estatal já tinha tomado com os bancos públicos
até setembro, o total sobe para
R$ 15,517 bilhões, o que representa um aumento de 111,63%
nesse tipo de empréstimo.
Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, a soma
não pode ser feita "pois podem
ter ocorridos pagamentos e
amortizações durante o mês de
outubro e novembro" nas operações mais recentes com a
Caixa e o BB.
O relacionamento da estatal
com instituições governamentais é detalhado numa nota explicativa do balanço do último
trimestre. A assessoria de imprensa da Petrobras informou
que os dados publicados representam a totalidade dos empréstimos feitos com as instituições públicas.
"Uma empresa privada teria
tido a mesma dificuldade [de
caixa] da Petrobras. Mas dado o
relacionamento especial da
empresa com bancos públicos,
foi mais fácil obter o empréstimo. A empresa fez o que era
mais fácil", disse o economista
Dany Rappaport, da Investport, especializada no aconselhamento a investidores.
Para ele, a principal crítica é
ao papel dos bancos. O BB e a
Caixa decidiram aumentar
suas exposições a um único
cliente num momento de crise,
em que o mercado financeiro
fazia o movimento contrário.
O professor Gerlando Lima,
da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras), não
considera um problema a busca
por empréstimos em instituições financeiras oficiais desde
que as taxas negociadas sejam
de mercado, sem subsídios.
Os recursos tomados pela Petrobras em bancos públicos somam metade do dinheiro que
ela obteve neste ano no exterior, com instituições financeiras e emissão de títulos. Os dados do balanço mostram que a
estatal tinha financiamentos de
curto prazo fora do país de R$
7,236 bilhões e de R$ 22,858 bilhões no longo prazo.
Os empréstimos obtidos no
Brasil somam R$ 16,8 bilhões
até setembro e incluem operações com BNDES, emissões de
debêntures e até mesmo os recursos para a construção do gasoduto Brasil-Bolívia. De acordo com a Petrobras, há outros
tipos de financiamentos contabilizados nessa rubrica que não
permitem concluir que a parcela tomada junto a bancos privados é a diferença entre o que foi
tomado no Brasil e as operações com instituições públicas.
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