São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Petrobras capta 73% mais de bancos federais em 2008

BB, Caixa Econômica e BNDES emprestaram R$ 12,744 bi à estatal até outubro

Em todo o ano passado, empréstimos somaram R$ 7,332 bilhões, de acordo com balanço da companhia; BB puxou o crescimento

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras aumentou em mais de 73% as operações feitas com as três principais instituições financeiras federais entre dezembro de 2007 e outubro deste ano. Juntos, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES emprestaram R$ 12,744 bilhões à empresa em 2008. Em 2007, o saldo era de R$ 7,332 bilhões, de acordo com informações do balanço da própria empresa.
A parcela que mais aumentou foi a do BB. No ano passado, a Petrobras tinha passivos de pouco mais de R$ 601 milhões com o banco. Em setembro último, o valor já havia subido para R$ 4,058 bilhões, sem considerar a operação de R$ 750 milhões feita em outubro.
Outra fonte importante de recursos, mas nesse caso de longo prazo, continuou sendo o BNDES. O banco de desenvolvimento tinha operações de R$ 6,731 bilhões com a Petrobras em dezembro de 2007, valor que subiu para R$ 8,686 bilhões no balanço de setembro.
A Caixa passou a oferecer recursos à Petrobras só em outubro último, com o empréstimo de R$ 2,02 bilhões. O banco não aparece na lista dos financiadores da empresa em 2007 ou 2006, quando a legislação não permitia esse tipo de operação. Além disso, a Petrobras também pegou outros R$ 750 milhões com o BB em outubro.
Se esses valores forem somados ao que a estatal já tinha tomado com os bancos públicos até setembro, o total sobe para R$ 15,517 bilhões, o que representa um aumento de 111,63% nesse tipo de empréstimo.
Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, a soma não pode ser feita "pois podem ter ocorridos pagamentos e amortizações durante o mês de outubro e novembro" nas operações mais recentes com a Caixa e o BB.
O relacionamento da estatal com instituições governamentais é detalhado numa nota explicativa do balanço do último trimestre. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que os dados publicados representam a totalidade dos empréstimos feitos com as instituições públicas.
"Uma empresa privada teria tido a mesma dificuldade [de caixa] da Petrobras. Mas dado o relacionamento especial da empresa com bancos públicos, foi mais fácil obter o empréstimo. A empresa fez o que era mais fácil", disse o economista Dany Rappaport, da Investport, especializada no aconselhamento a investidores.
Para ele, a principal crítica é ao papel dos bancos. O BB e a Caixa decidiram aumentar suas exposições a um único cliente num momento de crise, em que o mercado financeiro fazia o movimento contrário.
O professor Gerlando Lima, da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), não considera um problema a busca por empréstimos em instituições financeiras oficiais desde que as taxas negociadas sejam de mercado, sem subsídios.
Os recursos tomados pela Petrobras em bancos públicos somam metade do dinheiro que ela obteve neste ano no exterior, com instituições financeiras e emissão de títulos. Os dados do balanço mostram que a estatal tinha financiamentos de curto prazo fora do país de R$ 7,236 bilhões e de R$ 22,858 bilhões no longo prazo.
Os empréstimos obtidos no Brasil somam R$ 16,8 bilhões até setembro e incluem operações com BNDES, emissões de debêntures e até mesmo os recursos para a construção do gasoduto Brasil-Bolívia. De acordo com a Petrobras, há outros tipos de financiamentos contabilizados nessa rubrica que não permitem concluir que a parcela tomada junto a bancos privados é a diferença entre o que foi tomado no Brasil e as operações com instituições públicas.


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