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Emprego nos EUA eleva temor de recessão
Taxa de desemprego é a maior em dois anos, derrubando Bolsas e sinalizando novo corte nos juros pelo BC americano
Iniciativa privada eliminou 13 mil empregos no mês passado, apontando que demanda esfriou e indústria não precisou contratar
DA REDAÇÃO
A taxa de desemprego dos
Estados Unidos subiu, em dezembro, para o seu maior nível
em dois anos, aumentando os
temores de que a principal economia mundial entrará em recessão. A alta foi interpretada
como mais um sinal de que o
Fed (Federal Reserve, o BC
norte-americano) fará um novo corte na taxa de juros básica
na reunião do final deste mês.
As preocupações com a economia americana derrubaram
as principais Bolsas mundiais
ontem. A Bovespa caiu 2,95%, o
índice Dow Jones da Bolsa de
Nova York , 1,96%, e a Nasdaq,
3,77%. Os principais mercados
europeus também registraram
queda. Londres, por exemplo,
se desvalorizou em 2,02%. O
presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, disse que os
mercados financeiros do país
estão "fortes e sólidos", mas
que há sinais de preocupação.
No mês passado, o índice de
desemprego dos Estados Unidos atingiu 5%, alta de 0,3 ponto percentual em relação aos
dados do mês anterior e a
maior taxa desde novembro de
2005 -ela foi de 4,4% no último mês de 2006. A criação de
18 mil postos em dezembro foi
a menor desde agosto de 2003.
A economia americana precisa
gerar cerca de 100 mil vagas por
mês apenas para atender ao
crescimento da população.
Outro ponto negativo foi que
o setor público respondeu pelo
crescimento no emprego, já
que houve corte de 13 mil postos de trabalho na iniciativa
privada. Um dos setores mais
afetados foi o de construção, no
qual 49 mil vagas foram eliminadas na comparação com novembro. A crise no mercado
imobiliário americano, que recrudesceu a partir do segundo
semestre de 2007, é uma das
principais preocupações com a
economia do país.
Os dados de emprego sinalizam que a demanda doméstica
norte-americana esfriou e, por
isso, as empresas não sentiram
necessidade de contratar pessoal, aumentando os alertas de
recessão entre economistas.
"Eles são evidentemente negativos" disse ao "New York Times" Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Economy.com. "A economia está à
beira da recessão, se já não fomos engolidos por uma." O
banco Goldman Sachs também
sugeriu que os EUA estão à beira da recessão.
Esses temores deram mais
força à visão de que o banco
central dos EUA cortará os juros na reunião dos dias 29 e 30,
em uma tentativa de aquecer a
economia. Já há analistas que
consideram que a redução será
de 0,50 ponto percentual. Na
última reunião do ano passado,
o organismo cortou os juros pelo terceiro encontro consecutivo, em 0,25 ponto percentual,
para 4,25% -e ata do encontro,
divulgada nesta semana, sinalizou nova queda.
Os Estados Unidos cresceram 4,9% no terceiro trimestre
do ano passado, a maior expansão desde 2003, mas teme-se
que a economia tenha se desacelerado nos últimos três meses de 2007 e que o mesmo cenário se repita no começo deste
ano. A própria Casa Branca já
reduziu, no fim de 2007, sua
previsão de crescimento para
este ano: de 3,1% para 2,7%.
O secretário de Comércio,
Carlos Gutierrez, disse não ter
ficado satisfeito com os números de criação de empregos,
mas garantiu que haverá crescimento neste e no próximo semestre. Para o secretário-assistente do Tesouro, Phillip Swagel, "o relatório de emprego reflete os impactos dos desafios
que enfrenta a economia americana, como a queda no setor
imobiliário e o desmoronamento do crédito. Ao mesmo
tempo, a economia continua
resistindo, e esperamos que o
crescimento continue".
Os dados também tiveram
impacto no preço do petróleo
-com a possível recessão dos
Estados Unidos, os consumidores gastariam menos com combustível. Depois de estar cotado
a US$ 100 por dois dias seguidos, o preço do barril caiu
1,28% ontem, terminando a semana valendo US$ 97,91 em
Nova York. Na Bolsa de Londres, a queda foi de 0,83%, com
o Brent cotado a US$ 96,79 no
final do dia.
Com o "Financial Times"
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