São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Emprego nos EUA eleva temor de recessão

Taxa de desemprego é a maior em dois anos, derrubando Bolsas e sinalizando novo corte nos juros pelo BC americano

Iniciativa privada eliminou 13 mil empregos no mês passado, apontando que demanda esfriou e indústria não precisou contratar

DA REDAÇÃO

A taxa de desemprego dos Estados Unidos subiu, em dezembro, para o seu maior nível em dois anos, aumentando os temores de que a principal economia mundial entrará em recessão. A alta foi interpretada como mais um sinal de que o Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano) fará um novo corte na taxa de juros básica na reunião do final deste mês.
As preocupações com a economia americana derrubaram as principais Bolsas mundiais ontem. A Bovespa caiu 2,95%, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York , 1,96%, e a Nasdaq, 3,77%. Os principais mercados europeus também registraram queda. Londres, por exemplo, se desvalorizou em 2,02%. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que os mercados financeiros do país estão "fortes e sólidos", mas que há sinais de preocupação.
No mês passado, o índice de desemprego dos Estados Unidos atingiu 5%, alta de 0,3 ponto percentual em relação aos dados do mês anterior e a maior taxa desde novembro de 2005 -ela foi de 4,4% no último mês de 2006. A criação de 18 mil postos em dezembro foi a menor desde agosto de 2003. A economia americana precisa gerar cerca de 100 mil vagas por mês apenas para atender ao crescimento da população.
Outro ponto negativo foi que o setor público respondeu pelo crescimento no emprego, já que houve corte de 13 mil postos de trabalho na iniciativa privada. Um dos setores mais afetados foi o de construção, no qual 49 mil vagas foram eliminadas na comparação com novembro. A crise no mercado imobiliário americano, que recrudesceu a partir do segundo semestre de 2007, é uma das principais preocupações com a economia do país.
Os dados de emprego sinalizam que a demanda doméstica norte-americana esfriou e, por isso, as empresas não sentiram necessidade de contratar pessoal, aumentando os alertas de recessão entre economistas. "Eles são evidentemente negativos" disse ao "New York Times" Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Economy.com. "A economia está à beira da recessão, se já não fomos engolidos por uma." O banco Goldman Sachs também sugeriu que os EUA estão à beira da recessão.
Esses temores deram mais força à visão de que o banco central dos EUA cortará os juros na reunião dos dias 29 e 30, em uma tentativa de aquecer a economia. Já há analistas que consideram que a redução será de 0,50 ponto percentual. Na última reunião do ano passado, o organismo cortou os juros pelo terceiro encontro consecutivo, em 0,25 ponto percentual, para 4,25% -e ata do encontro, divulgada nesta semana, sinalizou nova queda.
Os Estados Unidos cresceram 4,9% no terceiro trimestre do ano passado, a maior expansão desde 2003, mas teme-se que a economia tenha se desacelerado nos últimos três meses de 2007 e que o mesmo cenário se repita no começo deste ano. A própria Casa Branca já reduziu, no fim de 2007, sua previsão de crescimento para este ano: de 3,1% para 2,7%.
O secretário de Comércio, Carlos Gutierrez, disse não ter ficado satisfeito com os números de criação de empregos, mas garantiu que haverá crescimento neste e no próximo semestre. Para o secretário-assistente do Tesouro, Phillip Swagel, "o relatório de emprego reflete os impactos dos desafios que enfrenta a economia americana, como a queda no setor imobiliário e o desmoronamento do crédito. Ao mesmo tempo, a economia continua resistindo, e esperamos que o crescimento continue".
Os dados também tiveram impacto no preço do petróleo -com a possível recessão dos Estados Unidos, os consumidores gastariam menos com combustível. Depois de estar cotado a US$ 100 por dois dias seguidos, o preço do barril caiu 1,28% ontem, terminando a semana valendo US$ 97,91 em Nova York. Na Bolsa de Londres, a queda foi de 0,83%, com o Brent cotado a US$ 96,79 no final do dia.


Com o "Financial Times"


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