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Imposto muda contra importação da China
Instrumento de defesa comercial, nova cobrança de alíquota gera controvérsia dentro do governo
LUCIANA OTONI
SUCURSAL DE BRASÍLIA
A entrada maciça no Brasil
de produtos importados, principalmente de origem chinesa,
com suspeita de preço abusivo
e prática predatória de concorrência com os similares nacionais levou o governo a instituir
um novo instrumento de defesa comercial.
O mecanismo foi adotado por
meio de medida provisória e foi
divulgado juntamente com o
pacote que instituiu o aumento
do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido).
Basicamente, o governo define que o Imposto de Importação passa a ser calculado a partir da cobrança de uma alíquota
de até R$ 10,00 por quilo ou
unidade de alguns produtos industrializados ou semi-industrializados. Até então, o cálculo
do tributo era feito por meio da
incidência de uma alíquota variável sobre o valor do bem.
A nova norma passa a valer
para a compra no exterior dos
seguintes itens: calçados, plásticos, bebidas, borrachas, confecção, artefatos têxteis, móveis, ferramentas, dispositivos
para relógios, aparelhos de ótica e cinematografia médico-hospitalar.
A medida não foi adotada exclusivamente em função dos
produtos chineses, mas foi a
motivação principal, conforme
indicação do secretário interino da Receita Federal, Luiz Alberto Barreto.
No ano passado, a importação brasileira de produtos fabricados na China cresceu 59%,
passando de US$ 7,9 bilhões
em 2006 para US$ 12,6 bilhões
no ano passado.
Os itens mais encomendados
foram brinquedos, motores, geradores, transmissores, circuitos para aparelhos de telefone e
artefatos têxteis.
Falta de consenso
O desembarque no Brasil de
volumes cada vez maiores de
produtos chineses levou o governo brasileiro a adotar vários
antidumpings (provisórios ou
definitivos) em 2007.
Essas medidas foram adotadas para escova de cabelo, ferro
de passar, alto-falante, ventiladores, chapas de alumínio,
alho, armações de óculos, entre
outros produtos.
A despeito de o governo entender a mudança como aperfeiçoamento da defesa comercial no combate à entrada no
país de produtos com preços
fraudulentos e nocivos à indústria nacional, a medida está
permeada de controvérsia.
A norma foi anunciada pela
Receita Federal sem que a medida tivesse sido acordada por
meio de resolução no âmbito da
Camex (Câmara de Comércio
Exterior), da qual fazem parte
outras instâncias que não foram consultadas sobre a medida, tais como os ministérios do
Desenvolvimento, Fazenda e
Relações Exteriores e outros.
A informação é que o debate
sobre a formulação de um novo
instrumento de combate a importações predatórias ainda estava inconcluso.
O anúncio da medida, realizada pela Receita Federal, provocou surpresa nas demais instâncias, que não foram consultadas e que consideraram que o
debate ainda não estava em nível avançado o suficiente a ponto de ser adotado.
Instituído há poucos anos, o
Imposto de Importação vem
gerando a cada ano um volume
maior de arrecadação, com o
aumento das compras.
No ano passado, de janeiro a
novembro, o tributo proporcionou R$ 12 bilhões para os cofres
da Receita.
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