São Paulo, terça, 5 de janeiro de 1999

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EUROPA UNIDA
Nova moeda se valoriza no primeiro dia útil depois de sua estréia e provoca forte alta nas principais Bolsas
Mercados recebem o euro com euforia

Reuters
Balão simbolizando o euro em Paris comemora a estréia da moeda


ISABEL CLEMENTE
de Londres

O euro causou euforia nos mercados europeus, ontem, no primeiro dia útil após a estréia da moeda, na sexta-feira.
A nova moeda se valorizou em relação ao dólar e outras divisas e provocou fortes altas nas principais Bolsas de Valores da Europa.
As Bolsas de Frankfurt e Paris subiram 5,0% e 5,2%. Com o Reino Unido fora da "Eurolândia", porém, a de Londres não participou da festa e teve baixa de 0,16%.
Ontem, um euro comprava US$ 1,18, acima dos US$ 1,166, que foi a cotação fixada em 31 de dezembro pelos ministros das Finanças dos onze países da união monetária.
Apesar de o volume negociado ser considerado baixo, a valorização reforçou a expectativa de que a nova moeda venha desafiar a supremacia do dólar.
O consenso entre analistas financeiros é que o euro não precisará de muito tempo para mostrar toda sua credibilidade.
A estréia do euro, marcada pela precaução dos operadores, foi menos espetacular e mais tecnicamente correta do que o esperado.
Nenhum problema em grande escala foi detectado no primeiro dia do euro no mercado.
O euro passou a existir oficialmente no primeiro dia do ano. Ontem, foi testado pela primeira vez em negociações que não envolvem dinheiro em espécie.
Moedas e notas só passarão a circular em 2002, quando substituirão as usadas pelos onze países que aderiram à união monetária.
França, Alemanha, Itália, Espanha, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Áustria, Portugal, Bélgica e Holanda agora terão suas metas econômicas determinadas pelo Banco Central Europeu.
Trata-se de uma região que supera, em população, o mercado consumidor norte-americano, e cujo Produto Interno Bruto compete quase em pé de igualdade com o dos Estados Unidos.
Ontem pela manhã, centenas de pessoas se reuniram em Frankfurt, sede do Banco Central Europeu, para a abertura do mercado.
Na ocasião, o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, disse que a nova moeda trará avanços para a economia européia. A obtenção desse resultado é considerado o grande desafio do euro.
O sucesso da nova moeda no campo social, porém, está muito longe para ser julgado, concordam "eurocéticos" e partidários da integração monetária.
O presidente da Comissão Européia, Jacques Santer, disse que a nova moeda marca o início de "uma nova era".

Visão insular
Essa perspectiva de integração econômica na Europa não seduz muitos políticos britânicos, tanto de esquerda como de direita, que pretendem reforçar a campanha "do contra".
Para o presidente do banco central britânico, Eddie Gordon, o euro certamente influenciará o Reino Unido, mas seus efeitos foram minimizados. "Não vejo (a nova moeda) como uma dramática mudança", disse.



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