São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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LUÍS NASSIF

O futuro chegou

Nos últimos meses, as pessoas que gostam de prospectar o futuro, e que por isso mesmo eram vistas como visionárias, levaram um susto ao constatar que o futuro já chegou. Os movimentos ocorridos na economia nos últimos meses, especialmente na área da Internet, já mudaram a face da economia brasileira, nem tanto pelo que veio, mas pelo que está por vir. A rapidez das mudanças, aliás, é uma pálida amostra da velocidade com que a economia vai se alterar nos próximos anos.
Nenhum setor passará incólume por essa revolução. Os próximos movimentos, por exemplo, deverão alterar completamente o equilíbrio da mídia. Em poucos meses ruiu a antiga estrutura estratificada, que se mantinha há décadas, e o fato parece ter passado despercebido da maior parte da opinião pública.
Nos próximos meses, haverá movimentos rápidos e decisivos que moldarão um novo desenho para a mídia, alijando os grupos que não tiverem uma visão estratégica clara desse novo negócio.
Essas mesmas mudanças vão alterar profundamente o comércio. Sites que trabalham com comércio eletrônico perceberam movimentos explosivos nos últimos meses do ano. O movimento duplicou em novembro, em relação a outubro, quase quadruplicou em dezembro e manteve-se sem queda em janeiro, mês tradicionalmente de queda de vendas.
Um volume enorme de investimentos está se dirigindo para essas duas pontas, preparando os sistemas de compras e distribuição das empresas virtuais. Também aí haverá redesenhos radicais de mercado, com as novas organizações virtuais ocupando espaço do comércio tradicional.
Exemplo pálido da eficiência desse novo comércio eu colhi outro dia no site do Amazon.com. Em 1995 lancei um CD de choro. Não encontro o CD praticamente em nenhuma loja brasileira. Mas ele está à venda no Amazon.
Tudo isso é possível, até a venda de curiosidades, como o meu CD, graças à logística armada por esse novo comércio. A loja virtual entra em contato com editoras e gravadoras de todas as partes do mundo, recebe seu catálogo, disponibiliza no site, depois vai efetuando os pedidos de acordo com as compras efetuadas.
Para chegar a esse ponto, há desafios tecnológicos e logísticos que estão sendo gradativamente dominados pelos novos players do mercado.
Até agora, era possível assistir o futuro da janela. Agora começou o jogo bruto. Quem entender adequadamente a era da informação, vence. Quem fraquejar, está fora.
Como dizia ontem mesmo um colega, antigo militante do PC do B, pela primeira vez na vida ele pode assistir a algo inédito: o capital se submetendo ao trabalho. Ou seja, os investidores, com rios de dinheiro disponíveis, mas dependendo da qualidade do capital intelectual que escolheram para apostar as suas fichas.


E-mail: lnassif@uol.com.br



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