|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
O futuro chegou
Nos últimos meses, as pessoas
que gostam de prospectar o futuro, e que por isso mesmo
eram vistas como visionárias,
levaram um susto ao constatar
que o futuro já chegou. Os movimentos ocorridos na economia nos últimos meses, especialmente na área da Internet,
já mudaram a face da economia brasileira, nem tanto pelo
que veio, mas pelo que está por
vir. A rapidez das mudanças,
aliás, é uma pálida amostra da
velocidade com que a economia vai se alterar nos próximos
anos.
Nenhum setor passará incólume por essa revolução. Os
próximos movimentos, por
exemplo, deverão alterar completamente o equilíbrio da mídia. Em poucos meses ruiu a
antiga estrutura estratificada,
que se mantinha há décadas, e
o fato parece ter passado despercebido da maior parte da
opinião pública.
Nos próximos meses, haverá
movimentos rápidos e decisivos que moldarão um novo desenho para a mídia, alijando
os grupos que não tiverem uma
visão estratégica clara desse
novo negócio.
Essas mesmas mudanças vão
alterar profundamente o comércio. Sites que trabalham
com comércio eletrônico perceberam movimentos explosivos
nos últimos meses do ano. O
movimento duplicou em novembro, em relação a outubro,
quase quadruplicou em dezembro e manteve-se sem queda em janeiro, mês tradicionalmente de queda de vendas.
Um volume enorme de investimentos está se dirigindo para
essas duas pontas, preparando
os sistemas de compras e distribuição das empresas virtuais.
Também aí haverá redesenhos
radicais de mercado, com as
novas organizações virtuais
ocupando espaço do comércio
tradicional.
Exemplo pálido da eficiência
desse novo comércio eu colhi
outro dia no site do Amazon.com. Em 1995 lancei um
CD de choro. Não encontro o
CD praticamente em nenhuma
loja brasileira. Mas ele está à
venda no Amazon.
Tudo isso é possível, até a
venda de curiosidades, como o
meu CD, graças à logística armada por esse novo comércio.
A loja virtual entra em contato
com editoras e gravadoras de
todas as partes do mundo, recebe seu catálogo, disponibiliza
no site, depois vai efetuando os
pedidos de acordo com as compras efetuadas.
Para chegar a esse ponto, há
desafios tecnológicos e logísticos que estão sendo gradativamente dominados pelos novos
players do mercado.
Até agora, era possível assistir o futuro da janela. Agora
começou o jogo bruto. Quem
entender adequadamente a
era da informação, vence.
Quem fraquejar, está fora.
Como dizia ontem mesmo
um colega, antigo militante do
PC do B, pela primeira vez na
vida ele pode assistir a algo
inédito: o capital se submetendo ao trabalho. Ou seja, os investidores, com rios de dinheiro disponíveis, mas dependendo da qualidade do capital intelectual que escolheram para
apostar as suas fichas.
E-mail: lnassif@uol.com.br
Texto Anterior: Criação & consumo - Francesc Petit: O tucano de Renault Próximo Texto: Conjuntura: Produção industrial teve queda de 0,7% em 1999 Índice
|