São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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NEONACIONALISMO
Banco pode financiar ou ser parceiro dos setores siderúrgico, petroquímico etc., afirma Calabi
Projetos nacionais terão apoio do BNDES

Ichiro Guerra - 19.out.99/Folha Imagem
Andrea Calabi, presidente do BNDES, para quem o banco apóia projeto de ganho de competitividade


CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Andrea Calabi, disse ontem à Folha que o papel do banco na disputa entre o capital nacional e o estrangeiro é de "supridor de uma falha de mercado".
Nesse papel, segundo Calabi, o banco estatal está disposto a entrar como financiador ou como parceiro em projetos consistentes que lhe sejam apresentados prioritariamente por empresas nacionais no processo de reestruturação dos setores siderúrgico, petroquímico, elétrico, de mineração, de papel e celulose, de alumínio, de aviação e em outros.
A entrada do banco pode se dar em empresas totalmente privadas ou em processos de privatização. Neste mês, o banco poderá sair como sócio do leilão de privatização da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), marcado para o dia 17.
"Em uma economia de estabilização recente, há uma falha de mercado no financiamento de longo prazo. Suprindo essa lacuna, o Estado está exercendo uma função que é, historicamente, a função do BNDES mesmo, como órgão de Estado", disse.

"Momento especial"
Calabi evita acirrar a discussão sobre a desnacionalização da economia que está em pauta neste momento, afirmando que o banco dará seu apoio a "qualquer projeto de ganho de competitividade", mas, ao mesmo tempo, não esconde seu ponto de vista de que o Brasil vive hoje um "momento especial".
"Você pode estar hoje em um vale, recuperando um processo de crescimento com estabilização, e sem disponibilidade de recursos de longo prazo para o setor privado. O BNDES, como sempre, e agora até um pouco mais, pode suprir esse papel", disse.
Para Calabi, o que há de diferente na atuação do banco é que agora "ele não tem mais o papel de domínio, de controle da situação".
Ele afasta a hipótese de o BNDES exercer o papel desempenhado na década de 80, quando adquiria o controle de empresas em dificuldades, ganhando o apelido de "hospital de empresas".
Segundo o presidente do BNDES, o banco irá sempre tomar uma posição sobre projetos que lhe sejam apresentados pelo setor privado nacional. Os pressupostos básicos para o apoio seriam a competitividade a ser gerada pelo projeto e a saúde econômico-financeira do autor da proposta.
O instrumento de entrada do banco estatal na condição de acionista dos projetos que considerar viáveis é a BNDESPar (BNDES Participações), subsidiária que, tradicionalmente, atua no mercado de ações.
A entrada da BNDESPar pode ocorrer também via compra de debêntures (títulos de crédito), conversíveis ou não em ações.
Calabi disse ainda ter consciência de que o BNDES não tem poder de fogo para entrar em uma briga direta com os grupos estrangeiros interessados em controlar setores considerados estratégicos da economia brasileira.
"Cabe ao banco tentar reduzir assimetrias de condições de competitividade (prazos e taxas de financiamentos), mas, mesmo o BNDES sendo grande, temos a humildade de reconhecer os limites das nossas possibilidades",disse Calabi.


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