São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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Queda das commodities intensifica perda no país

Ibovespa desce a menor nível em três meses e acumula queda de 6,8% no ano

Dólar chega a R$ 1,9, mas fecha a R$ 1,884; ações de Petrobras e Vale seguem commodities e terminam com perdas acima de 5%


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A BM&FBovespa perdeu ontem os ganhos acumulados no mês e passou a amargar perdas de 6,79% em 2010. Após sofrer recuo de 4,73% no pregão de ontem, o índice Ibovespa foi a 63.934 pontos, mais baixo nível desde novembro passado.
As perspectivas animadoras para a economia brasileira neste ano não seguraram o mercado brasileiro. O dólar saltou 2,17% e terminou cotado a R$ 1,884. A moeda americana passou a acumular apreciação de 8,09% no ano. No teto das operações no dia, o dólar chegou a bater em R$ 1,90.
No segmento de mercado futuro da BM&FBovespa, o contrato de dólar com vencimento em junho fechou ontem cotado a R$ 1,93, o que indica que a moeda deve se manter em patamares elevados.
Como a Bolsa brasileira conta com grande participação de capital externo, o impacto da fuga dos estrangeiros em busca de segurança tem sido elevado.
Em janeiro, os estrangeiros já haviam retirado importante volume de capital da Bolsa: R$ 2,1 bilhões. No mês passado, a participação da categoria nos pregões recuou para 28,03%, vindo de 31,57% em dezembro.
"Podemos estar em condições econômicas melhores que a de muitos países, mas o mercado não vai levar isso em consideração em um momento em que a aversão ao risco voltou a piorar no exterior. E o que vemos é o estrangeiro retirando dinheiro da nossa Bolsa", disse José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.

Commodities
Com os preços das commodities em queda diante das incertezas globais, a atratividade de muitas das maiores ações de empresas brasileiras ligadas às matérias-primas diminui.
Entre as gigantes, houve queda de 5,21% em Vale PNA no pregão de ontem; para Petrobras PN, o resultado foi de baixa de 5,11%.
A queda do petróleo ilustra bem a tensão no mercado internacional. O barril do produto encerrou o dia em Nova York com depreciação de 4,99%, cotado a US$ 73,14.
A Bolsa de Valores de São Paulo operou no vermelho durante todo o pregão de ontem. Todas as 63 ações que formam o índice Ibovespa terminaram as operações em baixa.
Na lista das maiores quedas registradas ontem apareceram as ações MMX Mineração ON, com perdas de 7,82%, e OGX ON, que recuou 7,10%. Forte baixa também sofreu o papel ON da BM&FBovespa, com recuo de 7,26%.
"A Bolsa e o câmbio no Brasil estão ligados ao desempenho das commodities. Em um dia como hoje [ontem], de queda expressiva do petróleo, não há como escapar", afirma Alexandre Lintz, estrategista-chefe para América Latina do banco BNP Paribas. Para Lintz, o pacote fiscal anunciado pela Grécia é de difícil implementação e sucesso. "O Brasil já passou por muitas dessas crises fiscais, soltava um pacote, parecia que estava tudo certo e, no final, sabemos que não era bem assim."
Hoje a apresentação do relatório do mercado de trabalho norte-americano pode trazer ainda mais agitação às Bolsas.

Juros
No segmento de juros futuros da BM&F, o pregão foi tranquilo, com recuo das taxas. A divulgação da ata do Copom não sinalizou claramente se a taxa básica Selic vai começar a subir já no próximo mês. No contrato DI mais negociado, que vence no fim do ano, a taxa foi de 10,35% para 10,25%.


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