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Gigante deixou dívida de R$ 3 bi
da Reportagem Local
Durante muitos anos, a Cooperativa Agrícola de Cotia foi motivo de orgulho da colônia japonesa
no Brasil. Fundada por migrantes
japoneses em 1928 no interior de
São Paulo, ela se espalhou por 150
cidades, em 17 Estados.
No final dos anos 80, a CAC era
mais do que uma sociedade de
pequenos agricultores. Havia se
tornado o órgão vital de uma
união de 11 cooperativas de produtores rurais. A CAC era uma
potência agrícola.
Seus 15 mil associados produziam 3 milhões de toneladas de
alimentos por ano. Com faturamento anual de quase R$ 2 bilhões, a CAC era a 26ª maior empresa brasileira.
Como cooperativa, sua função
era distribuir e vender os produtos dos associados. Com a força
que tinha, conseguia negociar
preços de sementes e fertilizantes,
além de levantar empréstimos
bancários com juros mais baixos.
Seus técnicos e produtores ajudaram a espalhar pelo país verduras e frutas que eram pouco conhecidas dos fazendeiros brasileiros, como o mamão papaia e o kiwi. Os cooperados da CAC foram
pioneiros no plantio no cerrado
brasileiro, na década de 70.
A cooperativa se tornou tão importante que seus diretores não se
contentaram em servir como intermediários entre os produtores,
o comércio e os bancos.
Eles decidiram diversificar os
negócios e investiram em unidades para congelamento de alimentos, fiações, indústria de esmagamento de soja e até um
shopping center.
A CAC também apostou na formação de uma forte cooperativa
de crédito, que reunia os recursos
dos agricultores para financiar a
produção com juros mais baixos
do que os cobrados pelos bancos.
O passo foi maior do que a perna. Alguns negócios deram errado. Congelamentos econômicos,
como o do Cruzado, em 86, deixaram os agricultores em situação
difícil e muitos cooperados deram
o calote na cooperativa.
A CAC ainda tentou reagir
usando seu poder de fogo para levantar empréstimos nos bancos.
A cooperativa tinha acesso a crédito em 83 bancos e passou a levantar dinheiro numa instituição
para cobrir a dívida em outra.
"Não havia um sistema de troca
de informações sobre inadimplência como hoje", diz José Hélio
Borba, advogado de oito bancos
no processo da Cotia. "Ninguém
imaginava que uma empresa daquele tamanho estava ameaçada."
Ao quebrar, a CAC deixou dívidas de R$ 3 bilhões, a maior parte
nos bancos. Deixou de pagar também impostos, fornecedores e os
próprios cooperados, que investiram na construção do patrimônio. A CAC é alvo de milhares de
ações judiciais, por parte de credores e de ex-funcionários.
(RG)
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