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Juros civilizados são a meta, afirma FHC
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique
Cardoso disse ontem que o país
"tem de caminhar para ter taxas de
juros civilizadas". A afirmação foi
feita na tarde de ontem, quase que
simultaneamente ao anúncio, pelo
Banco Central, da elevação dos juros de 39% para 45% ao ano.
Segundo FHC, essas "taxas civilizadas" é que permitirão "efetivamente a existência de projetos de
longo prazo" na questão habitacional, de saneamento e de transporte urbano. As afirmações foram feitas na posse do secretário
de Estado de Desenvolvimento Urbano, Sergio Cutolo, 46 -pasta
criada neste segundo mandato.
Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que a
intenção do presidente ao dizer
que o país precisa ter taxas de juros
civilizadas foi mostrar que "essa
necessidade (de juros baixos) existe", mas que isso vai acontecer
apenas num "segundo momento",
quando "o risco de inflação já tenha sido superado".
"É preciso levar em conta nesse
momento a inflação para verificar
se houve aumento real da taxa de
juros", afirmou Amaral, ao justificar a alta de 39% para 45%.
O presidente aproveitou a posse
de Cutolo, ex-presidente da Caixa,
para fazer um discurso em tom positivo, apesar de ter editado novo
minipacote fiscal.
Ao citar a questão urbana, FHC
disse que "tarefas extremamente
difíceis certamente serão facilitadas se vencermos as batalhas que
estamos travando agora, nesses
meses, para que, efetivamente,
possamos ter taxas de financiamento que sejam suportáveis, sem
as quais é inviável qualquer projeto de financiamento urbano".
FHC disse que precisa inverter a
situação vivida hoje pelo governo,
"que se tornou um despoupador
líquido". Segundo ele, a União
"toma emprestado em vez de ter
condições para emprestar".
O presidente pediu ainda a
"criação de um espírito positivo"
no país. "O Brasil está, hoje, ansioso por ele."
Dirigindo a palavra ao ministro
Pedro Malan (Fazenda), presente
à solenidade, FHC disse que vê nele um "ar triste", mas que espera
que no segundo semestre eles já
possam estar discutindo "os instrumentos de que o governo dispõe para agilizar e acelerar o processo de desenvolvimento".
"Às vezes, eu e o ministro Malan
temos de passar para o outro lado,
para fazermos coisas positivas,
porque só discutimos assuntos
negativos, 'de como não fazer isso",
'de não fazer aquilo"", disse FHC.
(WILLIAM FRANÇA e FLÁVIA DE LEON)
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