São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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Juros civilizados são a meta, afirma FHC

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o país "tem de caminhar para ter taxas de juros civilizadas". A afirmação foi feita na tarde de ontem, quase que simultaneamente ao anúncio, pelo Banco Central, da elevação dos juros de 39% para 45% ao ano.
Segundo FHC, essas "taxas civilizadas" é que permitirão "efetivamente a existência de projetos de longo prazo" na questão habitacional, de saneamento e de transporte urbano. As afirmações foram feitas na posse do secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano, Sergio Cutolo, 46 -pasta criada neste segundo mandato.
Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que a intenção do presidente ao dizer que o país precisa ter taxas de juros civilizadas foi mostrar que "essa necessidade (de juros baixos) existe", mas que isso vai acontecer apenas num "segundo momento", quando "o risco de inflação já tenha sido superado".
"É preciso levar em conta nesse momento a inflação para verificar se houve aumento real da taxa de juros", afirmou Amaral, ao justificar a alta de 39% para 45%.
O presidente aproveitou a posse de Cutolo, ex-presidente da Caixa, para fazer um discurso em tom positivo, apesar de ter editado novo minipacote fiscal.
Ao citar a questão urbana, FHC disse que "tarefas extremamente difíceis certamente serão facilitadas se vencermos as batalhas que estamos travando agora, nesses meses, para que, efetivamente, possamos ter taxas de financiamento que sejam suportáveis, sem as quais é inviável qualquer projeto de financiamento urbano".
FHC disse que precisa inverter a situação vivida hoje pelo governo, "que se tornou um despoupador líquido". Segundo ele, a União "toma emprestado em vez de ter condições para emprestar".
O presidente pediu ainda a "criação de um espírito positivo" no país. "O Brasil está, hoje, ansioso por ele."
Dirigindo a palavra ao ministro Pedro Malan (Fazenda), presente à solenidade, FHC disse que vê nele um "ar triste", mas que espera que no segundo semestre eles já possam estar discutindo "os instrumentos de que o governo dispõe para agilizar e acelerar o processo de desenvolvimento".
"Às vezes, eu e o ministro Malan temos de passar para o outro lado, para fazermos coisas positivas, porque só discutimos assuntos negativos, 'de como não fazer isso", 'de não fazer aquilo"", disse FHC.
(WILLIAM FRANÇA e FLÁVIA DE LEON)



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