CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

Com as expectativas de atuação mais firme do Banco Central para defender o real, o dólar comercial perdeu valor ontem. No fechamento, a moeda dos EUA estava cotada a R$ 2,08, uma valorização do real de 3,85% em um dia.
Agora, o governo poderá usar os recursos de ajuda do FMI e dos países ricos -US$ 9 bilhões de um total de US$ 41,5 bilhões já estão no Brasil- para atuar no mercado, como anunciou ontem o presidente do BC, Armínio Fraga. Terá poder de fogo maior. Quando os investidores precisarem de dólar, poderá inundar o mercado com a moeda e impedir sua valorização.
Até agora, o governo tinha as reservas internacionais -US$ 26 bilhões ontem-, o caixa em moeda forte do país, para gastar no mercado de câmbio em defesa do real.
Apostando em uma queda maior nas cotações do dólar, os exportadores resolveram adiantar a troca dos seus por reais, aumentando a procura pela moeda brasileira, que se valorizou.
O Banco Central também atuou na ponta de venda de dólares, mas de forma tímida, como vem fazendo desde a semana passada.
Na média ponderada divulgada pelo Banco Central, o dólar foi cotado a R$ 2,1022, uma valorização do real de 2,97% sobre a média ponderada de anteontem.
"O mercado está cauteloso. Tem muita gente achando que o homem lá é bravo", disse Francisco Gimenez Neto, da NGO Corretora de Câmbio, sobre o novo presidente do BC. O aumento nos juros, de 39% ao ano para 45%, foi considerado um sinal de firmeza inicial na condução da política monetária e cambial.
As apostas na queda da cotação do dólar são tão fortes que o BC não conseguiu vender nenhum título cambial ontem. Foram levados a mercado R$ 500 milhões de NBC-Es (Notas do Banco Central da série E), indexadas ao dólar, mas os bancos pediram taxas de juros consideradas muito altas pelo BC para carregá-las.
Anteontem, o BC tentou vender R$ 500 milhões de NBC-Es, mas só conseguiu colocar R$ 30 milhões. Desde a liberação do câmbio, o governo tem dificuldades para vender os papéis cambiais.
Na Bolsa Mercantil & de Futuros, os contratos futuros passaram a projetar um dólar mais fraco.
O dólar projetado para o último dia útil de março caiu de R$ 2,154 anteontem para para R$ 2,064 ontem, uma desvalorização de 4,18% contra o real.
Também o dólar projetado para o último dia de abril perdeu valor contra o real: passou de R$ 2,180 anteontem para R$ 2,072, uma desvalorização de 4,95%.


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