São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Presidente rebate crítica de que não teria reagido com firmeza

"Brasil não quer hegemonia, mas parceria", afirma Lula

DOS ENVIADOS A PUERTO IGUAZÚ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu às críticas que recebeu de vários setores nos últimos dias, entre especialistas e empresários, segundo as quais o governo não reagiu com a dureza necessária contra a decisão da Bolívia de nacionalizar suas jazidas de gás. "Não sei qual é a solução concreta que os críticos desejam." Em seguida, defendeu a integração sul-americana, a soberania de cada país e disse que "o Brasil não quer hegemonia, mas parceria".
"A Argentina, a Bolívia e a Venezuela não querem hegemonia, mas parceria. É assim que nós construiremos uma aliança continental e é assim que vamos nos apresentar ao mundo e assim que vamos nos apresentar no dia 12, em Viena, na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), e em todos os fóruns multilatrerais." Na semana que vem, os presidentes da América Latina, do Caribe e da União Européia se encontram na capital da Áustria, para encontro de cúpula.
Com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ocupando cada vez mais espaço na liderança do continente e prestando franco apoio ao presidente da Bolívia, Evo Morales, Lula tratou de reduzir desconfianças de que o bloco estaria rachado entre o eixo Brasil-Argentina e Venezuela-Bolívia.
"Eu não acredito em aliança entre Bolívia e Venezuela para enfrentar ou para disputar com a Argentina e com o Brasil. Se não pensarmos grande e não compreendermos que o que vai dar dimensão internacional aos nossos países é a certeza de passarmos para a sociedade internacional a unidade da América do Sul, do Mercosul, não passaremos confiança a ninguém."
Antes da reunião entre os quatro presidentes, Lula e Kirchner tiveram encontro bilateral e Chávez passou por La Paz para buscar o colega boliviano, a quem deu uma carona em seu avião oficial. Ao final do encontro, Chávez negou à imprensa que tenha buscado Morales para afinar posições.
Houve preocupação constante do presidente Lula de demonstrar que os países não passam por problemas, mas vários diplomatas usaram a palavra "crise" ao se referirem ao encontro, apesar dos esforços de contemporização.
Para Lula, a América do Sul agora tem países adultos. "Durante muito tempo, todo o continente esteve dependente da sua relação com os EUA ou com a UE. Agora, podemos dizer que já viramos adultos, que temos dirigentes comprometidos com o nosso povo, com as políticas sociais e queremos estabelecer uma política de integração independentemente das políticas que já temos com outros continentes." "Somos adultos, responsáveis, donos dos nosso nariz e respeitamos os problemas de cada país e as assimetrias que existem entre nós, mas temos uma vontade política imensa de dar uma chance à América do Sul."


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