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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Presidente rebate crítica de que não teria reagido com firmeza
"Brasil não quer hegemonia,
mas parceria", afirma Lula
DOS ENVIADOS A PUERTO IGUAZÚ
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva respondeu às críticas que
recebeu de vários setores nos últimos dias, entre especialistas e empresários, segundo as quais o governo não reagiu com a dureza
necessária contra a decisão da Bolívia de nacionalizar suas jazidas
de gás. "Não sei qual é a solução
concreta que os críticos desejam."
Em seguida, defendeu a integração sul-americana, a soberania de
cada país e disse que "o Brasil não
quer hegemonia, mas parceria".
"A Argentina, a Bolívia e a Venezuela não querem hegemonia,
mas parceria. É assim que nós
construiremos uma aliança continental e é assim que vamos nos
apresentar ao mundo e assim que
vamos nos apresentar no dia 12,
em Viena, na reunião da OMC
(Organização Mundial do Comércio), e em todos os fóruns
multilatrerais." Na semana que
vem, os presidentes da América
Latina, do Caribe e da União Européia se encontram na capital da
Áustria, para encontro de cúpula.
Com o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, ocupando cada vez
mais espaço na liderança do continente e prestando franco apoio
ao presidente da Bolívia, Evo Morales, Lula tratou de reduzir desconfianças de que o bloco estaria
rachado entre o eixo Brasil-Argentina e Venezuela-Bolívia.
"Eu não acredito em aliança entre Bolívia e Venezuela para enfrentar ou para disputar com a
Argentina e com o Brasil. Se não
pensarmos grande e não compreendermos que o que vai dar
dimensão internacional aos nossos países é a certeza de passarmos para a sociedade internacional a unidade da América do Sul,
do Mercosul, não passaremos
confiança a ninguém."
Antes da reunião entre os quatro presidentes, Lula e Kirchner
tiveram encontro bilateral e Chávez passou por La Paz para buscar
o colega boliviano, a quem deu
uma carona em seu avião oficial.
Ao final do encontro, Chávez negou à imprensa que tenha buscado Morales para afinar posições.
Houve preocupação constante
do presidente Lula de demonstrar
que os países não passam por
problemas, mas vários diplomatas usaram a palavra "crise" ao se
referirem ao encontro, apesar dos
esforços de contemporização.
Para Lula, a América do Sul agora tem países adultos. "Durante
muito tempo, todo o continente
esteve dependente da sua relação
com os EUA ou com a UE. Agora,
podemos dizer que já viramos
adultos, que temos dirigentes
comprometidos com o nosso povo, com as políticas sociais e queremos estabelecer uma política de
integração independentemente
das políticas que já temos com
outros continentes." "Somos
adultos, responsáveis, donos dos
nosso nariz e respeitamos os problemas de cada país e as assimetrias que existem entre nós, mas
temos uma vontade política
imensa de dar uma chance à
América do Sul."
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