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Para Amorim, crítica é oportunista
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rebateu
ontem as críticas de que a política
externa do Brasil é equivocada e
as classificou de "oportunistas".
"São críticas oportunistas. No
caso específico da Bolívia, o que
está sendo discutido hoje decorre
de decisões tomadas há 10, 12, 13,
18 anos, algumas vão até mais longe", disse o chanceler, que é responsável pela elaboração da política externa do Brasil.
"Então não é dizer que porque
este governo dá prioridade à
América do Sul que surgiu esse
problema. Pelo contrário. Porque
este governo dá prioridade à
América do Sul, temos uma boa
chance de resolver esse problema", completou o ministro.
Amorim defendeu o uso do gás
boliviano, mas criticou os antecessores por não terem previsto
alternativas em caso de crise. "Esses que estão criticando participaram [da implantação do gasoduto]. E não estou achando que foi
ruim não, porque acho que o gás
com a Bolívia é uma coisa boa.
Agora, as alternativas de abastecimento tinham de ter sido pensadas antes", disse.
O Ministério das Relações Exteriores tem sido alvo de críticas
porque políticos que ganharam
apoio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva tomaram medidas
espinhosas para os interesses brasileiros. Evo Morales é um dos
principais casos, uma vez que nacionalizou as reservas de gás mesmo depois de ter recebido apoio
explícito de Lula ainda quando
era candidato à Presidência.
Questionado sobre isso, Amorim disse que "o apoio é ao presidente que foi eleito e a expectativa
de manter bom diálogo com ele".
Segundo o ministro, que deu rápida entrevista antes de embarcar
com Lula para Puerto Iguazú (Argentina), o Brasil tem duas preocupações nas conversas com Morales: receber uma garantia formal de que o fornecimento será
mantido e manter um canal de
negociação sobre o preço do gás
natural, para que seja "viável".
Morales já disse em entrevistas e
ao governo brasileiro que o fornecimento de gás da Bolívia ao país
não será alterado. Mas o Palácio
do Planalto e o Itamaraty esperam uma garantia formal.
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