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Nova desoneração de indústrias sai em 20 dias, diz Mantega
Governo quer reduzir tributos de setores que fazem uso intensivo de mão-de-obra, como o têxtil e o de construção
Ministro também defende a criação do Banco do Sul e afirma que cada país vai começar com aporte entre US$ 300 mi e US$ 500 mi
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo vai anunciar nos
próximos 20 dias uma medida
para desonerar a folha de pagamento de empresas que fazem
uso intensivo de mão-de-obra,
como as indústrias têxtil, de
confecção, calçados, mobiliário
e construção civil. O anúncio
foi feito pelo ministro da Fazenda Guido Mantega na tarde
de ontem após reunião com
empresários em São Paulo.
Segundo ele, várias alternativas estão em estudo pela equipe técnica do governo para reduzir o custo de mão-de-obra
-via folha de pagamento, via
PIS-Cofins e via faturamento.
"Não temos ainda uma posição definitiva e eu não quero
ser precipitado, porque é medida que tem repercussão forte e,
se você errar na mão, aí depois
você fica com um abacaxi."
Mantega disse que, com a
atual valorização do real, é preciso tomar providências que
compensem "essa eventual valorização que veio para ficar".
Segundo ele, as empresas brasileiras precisam ganhar competitividade e aumentar sua produtividade e, para isso, cabe a
elas investir em novas tecnologias, aproveitando o momento
para compra de maquinário. "O
empresário brasileiro tem de
renovar tecnologia, comprar
máquinas, que estão cada vez
mais baratas, e disputar [mercado] com empresas estrangeiras", disse, em São Paulo.
Em contrapartida, caberia ao
governo reduzir o custo financeiro e de infra-estrutura para
as empresas. "É o principal objetivo do PAC [Programa de
Aceleração do Crescimento].
Estamos fazendo isso e vamos
fazer mais, de modo a reduzir o
custo tributário das empresas
de [uso de] mão-de-obra intensiva, o que passa por desonerar
a folha de pagamento."
O ministro afirmou ainda
que o Banco Central dará continuidade à política de atuar no
mercado para comprar dólares
e ampliar as reservas. "Um país
que tem reservas dessa dimensão -estamos falando hoje de
US$ 121 bilhões, daqui a pouco
serão US$ 150 bi, US$ 170 bilhões, é cada vez mais seguro."
Por outro lado, a valorização
do real vem contribuindo, segundo o ministro, para o controle da inflação e para a redução da taxa de juros. "O atual
cenário de inflação é muito positivo até pela valorização do
real, porque produtos externos
entram a preço menor, e isso
garante a inflação sob controle
e possibilita ao BC fazer reduções maiores da taxa de juros, o
que, por sua vez, alivia o nosso
orçamento", disse Mantega.
Ele disse ficar "feliz" quando
cai a taxa de juros, não só por
aumentar o nível de investimento e diminuir o custo empresarial como também por diminuir o custo financeiro da dívida do governo.
Banco do Sul
Sobre a reunião em Quito
(Equador), em que esteve nesta
semana discutindo a criação do
Banco do Sul, Mantega afirmou
que a instituição interessa ao
Brasil, embora o país não tenha
necessidade de financiamento
como os demais da região.
Segundo ele, o aporte de cada
país para iniciar operação com
o banco será entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões.
"O Brasil estará fomentando
o desenvolvimento de mercados que são consumidores de
produtos e serviços brasileiros.
Manteremos uma aproximação maior entre os países e teremos uma instituição que
amanhã poderá financiar projetos nossos", afirmou.
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