São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Nova desoneração de indústrias sai em 20 dias, diz Mantega

Governo quer reduzir tributos de setores que fazem uso intensivo de mão-de-obra, como o têxtil e o de construção

Ministro também defende a criação do Banco do Sul e afirma que cada país vai começar com aporte entre US$ 300 mi e US$ 500 mi


DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governo vai anunciar nos próximos 20 dias uma medida para desonerar a folha de pagamento de empresas que fazem uso intensivo de mão-de-obra, como as indústrias têxtil, de confecção, calçados, mobiliário e construção civil. O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda Guido Mantega na tarde de ontem após reunião com empresários em São Paulo.
Segundo ele, várias alternativas estão em estudo pela equipe técnica do governo para reduzir o custo de mão-de-obra -via folha de pagamento, via PIS-Cofins e via faturamento.
"Não temos ainda uma posição definitiva e eu não quero ser precipitado, porque é medida que tem repercussão forte e, se você errar na mão, aí depois você fica com um abacaxi."
Mantega disse que, com a atual valorização do real, é preciso tomar providências que compensem "essa eventual valorização que veio para ficar". Segundo ele, as empresas brasileiras precisam ganhar competitividade e aumentar sua produtividade e, para isso, cabe a elas investir em novas tecnologias, aproveitando o momento para compra de maquinário. "O empresário brasileiro tem de renovar tecnologia, comprar máquinas, que estão cada vez mais baratas, e disputar [mercado] com empresas estrangeiras", disse, em São Paulo.
Em contrapartida, caberia ao governo reduzir o custo financeiro e de infra-estrutura para as empresas. "É o principal objetivo do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Estamos fazendo isso e vamos fazer mais, de modo a reduzir o custo tributário das empresas de [uso de] mão-de-obra intensiva, o que passa por desonerar a folha de pagamento."
O ministro afirmou ainda que o Banco Central dará continuidade à política de atuar no mercado para comprar dólares e ampliar as reservas. "Um país que tem reservas dessa dimensão -estamos falando hoje de US$ 121 bilhões, daqui a pouco serão US$ 150 bi, US$ 170 bilhões, é cada vez mais seguro."
Por outro lado, a valorização do real vem contribuindo, segundo o ministro, para o controle da inflação e para a redução da taxa de juros. "O atual cenário de inflação é muito positivo até pela valorização do real, porque produtos externos entram a preço menor, e isso garante a inflação sob controle e possibilita ao BC fazer reduções maiores da taxa de juros, o que, por sua vez, alivia o nosso orçamento", disse Mantega. Ele disse ficar "feliz" quando cai a taxa de juros, não só por aumentar o nível de investimento e diminuir o custo empresarial como também por diminuir o custo financeiro da dívida do governo.

Banco do Sul
Sobre a reunião em Quito (Equador), em que esteve nesta semana discutindo a criação do Banco do Sul, Mantega afirmou que a instituição interessa ao Brasil, embora o país não tenha necessidade de financiamento como os demais da região.
Segundo ele, o aporte de cada país para iniciar operação com o banco será entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões.
"O Brasil estará fomentando o desenvolvimento de mercados que são consumidores de produtos e serviços brasileiros. Manteremos uma aproximação maior entre os países e teremos uma instituição que amanhã poderá financiar projetos nossos", afirmou.


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