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Vale planeja elevar produção de minério
Aumento seria de 50% em quatro anos; empresa definirá plano estratégico com acionistas para os próximos dez anos
Presidente da Vale defende investimento em térmicas a carvão após críticas de Lula; no primeiro trimestre, lucro da empresa foi de R$ 5,09 bi
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale do Rio Doce pretende
elevar sua produção de minério
de ferro para 450 milhões de
toneladas por ano em 2011. A
meta representa aumento de
50% em relação às projeções de
produção para este ano, de 300
milhões de toneladas. O aumento é motivado pelo ritmo
acelerado de crescimento da
economia mundial e especialmente pela demanda chinesa.
A companhia divulgou ontem lucro recorde de R$ 5,091
bilhões no primeiro trimestre.
A Vale não descarta novas aquisições, mas diz que tem condições de alcançar esse novo patamar de produção com suas
próprias minas, o que exigiria
praticamente dobrar a produção de Carajás, que alcançou
100 milhões de toneladas no último trimestre.
Diante da expansão acelerada do mercado, a Vale pretende
discutir com acionistas a revisão do seu plano estratégico para os próximos dez anos. A medida deve levar em conta também a maior participação de
minerais não-ferrosos nas receitas da empresa após a aquisição da produtora de níquel
canadense Inco.
No primeiro trimestre, pela
primeira vez os minerais não-ferrosos superaram a contribuição dos minerais ferrosos.
Prestes a completar amanhã
dez anos de privatização, a
companhia bateu ontem seu
recorde em valor de mercado e
superou, durante o pregão, a
barreira dos US$ 100 bilhões.
Térmicas a carvão
Para atender as expectativas
do mercado e garantir a sustentabilidade de produção, a Vale
planeja construir três térmicas
movidas a carvão. A decisão foi
alvo de críticas do presidente
Lula durante a inauguração da
segunda usina do complexo
Amador Aguiar, em Uberlândia, na última quinta-feira.
Segundo Lula, a construção
de térmicas a carvão é contraproducente e segue na contramão da história ambiental. Ele
citou também a necessidade de
importar matéria-prima.
O presidente da Vale, Roger
Agnelli, respondeu as críticas e
disse que a empresa pretende,
de fato, construir as usinas térmicas. Para Agnelli, países da
Europa, China e Estados Unidos estão definindo suas estratégias para enfrentar as perspectivas de crescimento mais
acelerado da economia nos
próximos anos e o Brasil não
pode ficar para trás.
A Vale quer construir três
térmicas a carvão com 600 MW
cada uma. A primeira deverá
ser construída em Barcarena,
no Pará. As demais ainda não
têm local definido, mas devem
ficar próximas a portos, pois será preciso trazer carvão do exterior. As térmicas a carvão são
consideradas uma das fontes
mais poluentes de energia.
"Se térmica a carvão fosse
um pecado, se não fosse tão eficiente como é, se não fosse tão
limpa como é, os EUA não estariam construindo mais de 150
usinas", argumentou Agnelli.
Para ele, o país precisa decidir se pretende melhorar a eficiência energética para emitir
menos gás carbônico ou fechar
as portas para o crescimento.
Ele avalia que, investindo em
energia, o país poderia crescer a
um ritmo superior a 6% ao ano.
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