São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Vale planeja elevar produção de minério

Aumento seria de 50% em quatro anos; empresa definirá plano estratégico com acionistas para os próximos dez anos

Presidente da Vale defende investimento em térmicas a carvão após críticas de Lula; no primeiro trimestre, lucro da empresa foi de R$ 5,09 bi


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Vale do Rio Doce pretende elevar sua produção de minério de ferro para 450 milhões de toneladas por ano em 2011. A meta representa aumento de 50% em relação às projeções de produção para este ano, de 300 milhões de toneladas. O aumento é motivado pelo ritmo acelerado de crescimento da economia mundial e especialmente pela demanda chinesa.
A companhia divulgou ontem lucro recorde de R$ 5,091 bilhões no primeiro trimestre. A Vale não descarta novas aquisições, mas diz que tem condições de alcançar esse novo patamar de produção com suas próprias minas, o que exigiria praticamente dobrar a produção de Carajás, que alcançou 100 milhões de toneladas no último trimestre.
Diante da expansão acelerada do mercado, a Vale pretende discutir com acionistas a revisão do seu plano estratégico para os próximos dez anos. A medida deve levar em conta também a maior participação de minerais não-ferrosos nas receitas da empresa após a aquisição da produtora de níquel canadense Inco.
No primeiro trimestre, pela primeira vez os minerais não-ferrosos superaram a contribuição dos minerais ferrosos.
Prestes a completar amanhã dez anos de privatização, a companhia bateu ontem seu recorde em valor de mercado e superou, durante o pregão, a barreira dos US$ 100 bilhões.

Térmicas a carvão
Para atender as expectativas do mercado e garantir a sustentabilidade de produção, a Vale planeja construir três térmicas movidas a carvão. A decisão foi alvo de críticas do presidente Lula durante a inauguração da segunda usina do complexo Amador Aguiar, em Uberlândia, na última quinta-feira.
Segundo Lula, a construção de térmicas a carvão é contraproducente e segue na contramão da história ambiental. Ele citou também a necessidade de importar matéria-prima.
O presidente da Vale, Roger Agnelli, respondeu as críticas e disse que a empresa pretende, de fato, construir as usinas térmicas. Para Agnelli, países da Europa, China e Estados Unidos estão definindo suas estratégias para enfrentar as perspectivas de crescimento mais acelerado da economia nos próximos anos e o Brasil não pode ficar para trás.
A Vale quer construir três térmicas a carvão com 600 MW cada uma. A primeira deverá ser construída em Barcarena, no Pará. As demais ainda não têm local definido, mas devem ficar próximas a portos, pois será preciso trazer carvão do exterior. As térmicas a carvão são consideradas uma das fontes mais poluentes de energia.
"Se térmica a carvão fosse um pecado, se não fosse tão eficiente como é, se não fosse tão limpa como é, os EUA não estariam construindo mais de 150 usinas", argumentou Agnelli.
Para ele, o país precisa decidir se pretende melhorar a eficiência energética para emitir menos gás carbônico ou fechar as portas para o crescimento. Ele avalia que, investindo em energia, o país poderia crescer a um ritmo superior a 6% ao ano.


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