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Entrada de dólares no ano já supera 2006
Ingresso líquido de capital externo atinge US$ 43 bi até meados de junho, contra US$ 37 bi ao longo de todo o ano passado
Com mudança de regras pelo BC, bancos passam a comprar dólares ao invés de vendê-los, e analista prevê maior estabilidade cambial
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo de dólares para o Brasil neste ano já supera o total
registrado ao longo de 2006, segundo dados divulgados ontem
pelo Banco Central. Até 17 de
junho, o ingresso de capital estrangeiro no país totalizava
US$ 42,887 bilhões, contra US$
37,270 bilhões no ano passado.
Os números se referem ao
fluxo líquido de recursos, ou seja, é a diferença entre todo o capital que entrou e que saiu do
Brasil em determinado período.
A diferença entre os resultados observados no ano passado
e neste ano se explica pelo crescimento daquilo que o BC classifica como "operações financeiras". Essas transações incluem empréstimos e investimentos estrangeiros, que têm
se mantido em níveis elevados
nos últimos meses.
Em 2006, houve uma saída
líquida de US$ 20,328 bilhões
do país por causa dessas operações. Isso ocorreu, em boa parte, porque muitas empresas
instaladas no Brasil, aproveitando o real forte, decidiram
pagar suas dívidas assumidas
no exterior em vez de refinanciá-las, o que elevou o valor das
remessas para outros países.
Neste ano, até junho, as transações financeiras respondiam
por uma saída de apenas US$
125 milhões. A diferença se explica pelo aumento nos investimentos estrangeiros feitos no
Brasil e pelo aumento no fluxo
de capital de curto prazo que
tem sido direcionado ao país
por aplicadores interessados
em lucrar com as altas taxas de
juros praticadas no mercado
interno.
O crescimento das exportações ajudou a reforçar o fluxo
de divisas para o Brasil. Neste
ano, também até o dia 17 de junho, as operações de comércio
exterior trouxeram US$ 43,012
bilhões ao país, aumento de
63% em relação ao mesmo período do ano passado.
Bancos
Os números divulgados ontem mostram ainda mudança
na atuação do Banco Central no
mercado de câmbio. Em junho,
as compras oficiais de dólares
caíram 38% e ficaram em US$
9,3 bilhões.
Essa queda pode ser explicada pela maior procura por dólares por parte dos bancos. Entre
janeiro e maio, os bancos venderam US$ 13,8 bilhões que estavam em suas carteiras. Nas
duas primeiras semanas de junho, as instituições financeiras
mudaram de tática e compraram cerca de US$ 2,8 bilhões.
As compras dos bancos coincidem com o anúncio de regras
mais rígidas impostas pelo BC
para as instituições financeiras
que operam no mercado de
câmbio. As novas regras passaram a exigir que os bancos que
negociam moedas estrangeiras
tivessem um volume maior de
capital para apresentar como
garantia para suas transações.
Parte dessas regras entrou
em vigor no começo do mês
passado. Nesta semana também começaram a ser feitas
maiores exigências para as operações cambiais realizadas por
bancos que tenham filiais no
exterior.
O economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, diz
que é difícil dizer qual será o
impacto das medidas na cotação do dólar, mas que, mantidas as condições atuais, a tendência é que a taxa de câmbio
apresente mais estabilidade de
agora em diante.
"As apostas não são as de
uma maior apreciação no real
no curtíssimo prazo, a menos
que algum fato novo surja",
afirma, referindo-se à possibilidade de o BC editar novas mudanças nas regras do mercado
de câmbio ou de alguma turbulência no mercado internacional afetar o fluxo de dólares para o Brasil.
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