São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Entrada de dólares no ano já supera 2006

Ingresso líquido de capital externo atinge US$ 43 bi até meados de junho, contra US$ 37 bi ao longo de todo o ano passado

Com mudança de regras pelo BC, bancos passam a comprar dólares ao invés de vendê-los, e analista prevê maior estabilidade cambial

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fluxo de dólares para o Brasil neste ano já supera o total registrado ao longo de 2006, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Até 17 de junho, o ingresso de capital estrangeiro no país totalizava US$ 42,887 bilhões, contra US$ 37,270 bilhões no ano passado.
Os números se referem ao fluxo líquido de recursos, ou seja, é a diferença entre todo o capital que entrou e que saiu do Brasil em determinado período.
A diferença entre os resultados observados no ano passado e neste ano se explica pelo crescimento daquilo que o BC classifica como "operações financeiras". Essas transações incluem empréstimos e investimentos estrangeiros, que têm se mantido em níveis elevados nos últimos meses.
Em 2006, houve uma saída líquida de US$ 20,328 bilhões do país por causa dessas operações. Isso ocorreu, em boa parte, porque muitas empresas instaladas no Brasil, aproveitando o real forte, decidiram pagar suas dívidas assumidas no exterior em vez de refinanciá-las, o que elevou o valor das remessas para outros países.
Neste ano, até junho, as transações financeiras respondiam por uma saída de apenas US$ 125 milhões. A diferença se explica pelo aumento nos investimentos estrangeiros feitos no Brasil e pelo aumento no fluxo de capital de curto prazo que tem sido direcionado ao país por aplicadores interessados em lucrar com as altas taxas de juros praticadas no mercado interno.
O crescimento das exportações ajudou a reforçar o fluxo de divisas para o Brasil. Neste ano, também até o dia 17 de junho, as operações de comércio exterior trouxeram US$ 43,012 bilhões ao país, aumento de 63% em relação ao mesmo período do ano passado.

Bancos
Os números divulgados ontem mostram ainda mudança na atuação do Banco Central no mercado de câmbio. Em junho, as compras oficiais de dólares caíram 38% e ficaram em US$ 9,3 bilhões.
Essa queda pode ser explicada pela maior procura por dólares por parte dos bancos. Entre janeiro e maio, os bancos venderam US$ 13,8 bilhões que estavam em suas carteiras. Nas duas primeiras semanas de junho, as instituições financeiras mudaram de tática e compraram cerca de US$ 2,8 bilhões.
As compras dos bancos coincidem com o anúncio de regras mais rígidas impostas pelo BC para as instituições financeiras que operam no mercado de câmbio. As novas regras passaram a exigir que os bancos que negociam moedas estrangeiras tivessem um volume maior de capital para apresentar como garantia para suas transações.
Parte dessas regras entrou em vigor no começo do mês passado. Nesta semana também começaram a ser feitas maiores exigências para as operações cambiais realizadas por bancos que tenham filiais no exterior.
O economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, diz que é difícil dizer qual será o impacto das medidas na cotação do dólar, mas que, mantidas as condições atuais, a tendência é que a taxa de câmbio apresente mais estabilidade de agora em diante.
"As apostas não são as de uma maior apreciação no real no curtíssimo prazo, a menos que algum fato novo surja", afirma, referindo-se à possibilidade de o BC editar novas mudanças nas regras do mercado de câmbio ou de alguma turbulência no mercado internacional afetar o fluxo de dólares para o Brasil.


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