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Pelo menos 3.500 grandes empresas ficaram fora do ar
Sebastião Moreira/Efe
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O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, durante entrevista sobre a pane em SP |
Número representa metade dos clientes de grande porte da Telefônica em SP
Falha em equipamento
na cidade de Sorocaba é apontada como explicação para o "apagão" nos serviços de transmissão de dados
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma falha em um dos roteadores da rede de dados da Telefônica na cidade de Sorocaba, a
100 km da capital paulista, provocou o apagão da rede de dados da operadora, que responde por 68% dos acessos à internet em todo o Estado.
O equipamento é responsável pela conexão dos computadores e outros dispositivos
existentes em residências e
empresas às centrais de acesso
da operadora. O presidente da
Telefônica, Antonio Carlos Valente, negou-se a revelar o nome do fabricante do roteador.
A americana Cisco, que responde por cerca de 80% dos
equipamentos da rede da operadora, adiantou-se em afirmar, por meio de comunicado,
que seus equipamentos não
provocaram a pane.
Wladimir Barbieri, vice-presidente de Empresas da Telefônica, informa que a falha ocorreu por volta das 11h de quarta-feira. O roteador teria "entendido" que "acessos fantasmas"
à rede eram "reais". "Seu software de segurança deveria ter
detectado a falha", diz Barbieri.
Ainda segundo ele, essa informação "errada" foi repassada
pelo roteador para os demais
elos da rede. "A segurança de
todos os equipamentos da rede
falhou e não sabemos por quê."
Como a rede da Telefônica
utiliza roteadores de diversos
fabricantes, estuda-se a possibilidade de uma rara incompatibilidade entre eles, algo que
teria provocado a queda da comunicação. Também pode ter
havido um erro na leitura dos
códigos de programação do
software desses aparelhos na
hora da atualização dos dados,
um procedimento que ocorre
ininterruptamente.
Segundo Valente, toda vez
que um dado (uma transação
bancária ou um pedido de acesso a uma página da internet) é
solicitado pelo cliente, essa informação é quebrada em pedaços pelos roteadores e direcionada ao endereço final. Só na
ponta final ela é remontada.
Com a pane, essas informações não se juntaram na ponta.
Por isso, a maior parte dos
clientes ficou desconectada.
Segundo Barbieri, pelo menos
3.500 grandes empresas, de um
universo de 7.000 no Estado,
estiveram nesse grupo até as
23h da quinta-feira, quando o
problema foi resolvido, de
acordo com a Telefônica.
Autoridades municipais, estaduais e federais foram comunicadas pessoalmente pelo presidente da Telefônica.
"Só não falei com o presidente Lula, mas estabeleci contato
com a Presidência [da República]", disse Valente.
Grandes empresas, com
quem a Telefônica mantém
contratos que prevêem multas
caso o serviço seja interrompido, também foram avisadas.
Até o fechamento desta edição, empresas de pequeno e
médio portes, além de assinantes residenciais do Speedy, ainda reclamavam da rede.
Pelos danos causados, Valente decidiu indenizar todos os
2,4 milhões de assinantes do
Speedy, ainda que as investigações para apurar de quem é a
responsabilidade pelo apagão
estejam em curso. A proposta
foi protocolada durante reunião do Procon-SP.
Roteador do apagão
O equipamento responsável
pela pane da Telefônica está lacrado e isolado no CPQD, um
centro de pesquisa em telecomunicações credenciado pela
Anatel para fazer, por exemplo,
a homologação de aparelhos
celulares. "Eles estão fazendo
uma perícia", afirmou Valente.
Os técnicos do instituto terão, no máximo, dez dias para
concluir a auditoria. Só depois a
Anatel poderá decidir o valor
da multa à Telefônica. Existe a
chance de que o fabricante do
roteador também seja responsabilizado. Valente afirmou
que a multa não chegará ao máximo de R$ 50 milhões.
O que chama a atenção dos
especialistas em telecomunicações é o fato de que a rede de segurança da Telefônica, apelidada de "redundante", não funcionou. De acordo com eles, o
caso é único na história. Outras
operadoras tiveram panes similares, mas nunca nessa proporção.
"Várias podem ser as causas,
mas não acredito em sabotagem do sistema", diz Cláudio
Assunção, diretor da MultiRede, empresa que, há uma década, foi contratada pelo governo
para solucionar o primeiro apagão da internet no país.
(JW)
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