São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pelo menos 3.500 grandes empresas ficaram fora do ar

Sebastião Moreira/Efe
O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, durante entrevista sobre a pane em SP


Número representa metade dos clientes de grande porte da Telefônica em SP

Falha em equipamento na cidade de Sorocaba é apontada como explicação para o "apagão" nos serviços de transmissão de dados

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma falha em um dos roteadores da rede de dados da Telefônica na cidade de Sorocaba, a 100 km da capital paulista, provocou o apagão da rede de dados da operadora, que responde por 68% dos acessos à internet em todo o Estado.
O equipamento é responsável pela conexão dos computadores e outros dispositivos existentes em residências e empresas às centrais de acesso da operadora. O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, negou-se a revelar o nome do fabricante do roteador.
A americana Cisco, que responde por cerca de 80% dos equipamentos da rede da operadora, adiantou-se em afirmar, por meio de comunicado, que seus equipamentos não provocaram a pane.
Wladimir Barbieri, vice-presidente de Empresas da Telefônica, informa que a falha ocorreu por volta das 11h de quarta-feira. O roteador teria "entendido" que "acessos fantasmas" à rede eram "reais". "Seu software de segurança deveria ter detectado a falha", diz Barbieri. Ainda segundo ele, essa informação "errada" foi repassada pelo roteador para os demais elos da rede. "A segurança de todos os equipamentos da rede falhou e não sabemos por quê."
Como a rede da Telefônica utiliza roteadores de diversos fabricantes, estuda-se a possibilidade de uma rara incompatibilidade entre eles, algo que teria provocado a queda da comunicação. Também pode ter havido um erro na leitura dos códigos de programação do software desses aparelhos na hora da atualização dos dados, um procedimento que ocorre ininterruptamente.
Segundo Valente, toda vez que um dado (uma transação bancária ou um pedido de acesso a uma página da internet) é solicitado pelo cliente, essa informação é quebrada em pedaços pelos roteadores e direcionada ao endereço final. Só na ponta final ela é remontada.
Com a pane, essas informações não se juntaram na ponta. Por isso, a maior parte dos clientes ficou desconectada. Segundo Barbieri, pelo menos 3.500 grandes empresas, de um universo de 7.000 no Estado, estiveram nesse grupo até as 23h da quinta-feira, quando o problema foi resolvido, de acordo com a Telefônica.
Autoridades municipais, estaduais e federais foram comunicadas pessoalmente pelo presidente da Telefônica.
"Só não falei com o presidente Lula, mas estabeleci contato com a Presidência [da República]", disse Valente.
Grandes empresas, com quem a Telefônica mantém contratos que prevêem multas caso o serviço seja interrompido, também foram avisadas.
Até o fechamento desta edição, empresas de pequeno e médio portes, além de assinantes residenciais do Speedy, ainda reclamavam da rede.
Pelos danos causados, Valente decidiu indenizar todos os 2,4 milhões de assinantes do Speedy, ainda que as investigações para apurar de quem é a responsabilidade pelo apagão estejam em curso. A proposta foi protocolada durante reunião do Procon-SP.

Roteador do apagão
O equipamento responsável pela pane da Telefônica está lacrado e isolado no CPQD, um centro de pesquisa em telecomunicações credenciado pela Anatel para fazer, por exemplo, a homologação de aparelhos celulares. "Eles estão fazendo uma perícia", afirmou Valente.
Os técnicos do instituto terão, no máximo, dez dias para concluir a auditoria. Só depois a Anatel poderá decidir o valor da multa à Telefônica. Existe a chance de que o fabricante do roteador também seja responsabilizado. Valente afirmou que a multa não chegará ao máximo de R$ 50 milhões.
O que chama a atenção dos especialistas em telecomunicações é o fato de que a rede de segurança da Telefônica, apelidada de "redundante", não funcionou. De acordo com eles, o caso é único na história. Outras operadoras tiveram panes similares, mas nunca nessa proporção.
"Várias podem ser as causas, mas não acredito em sabotagem do sistema", diz Cláudio Assunção, diretor da MultiRede, empresa que, há uma década, foi contratada pelo governo para solucionar o primeiro apagão da internet no país. (JW)


Texto Anterior: Telefônica promete ressarcir os clientes; falhas persistem
Próximo Texto: Pane prejudicou os negócios, dizem pequenos empresários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.