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BNDES vai poder emprestar mais para grandes empresas
DA SUCURSAL DO RIO
O governo incluiu na medida
provisória do pacote cambial
uma operação que permite a
capitalização do BNDES. Com
isso, o banco vai aumentar o
seu patrimônio de referência
dos atuais R$ 24 bilhões para
cerca de R$ 30 bilhões. O aumento do patrimônio é um pedido antigo do banco.
A principal conseqüência da
medida é elevar o limite de financiamento para grandes grupos econômicos. As normas do
BNDES limitam a exposição a
uma mesma empresa ou grupo
econômico a 25% do patrimônio de referência. Com o patrimônio atual o limite está perto
de R$ 6 bilhões.
Os principais beneficiados
com a mudança serão empresas de petróleo e gás (Petrobras), do setor siderúrgico e de
papel e celulose. O banco poderá emprestar mais também para o setor público, mas ressalta
que o objetivo é elevar os empréstimos para empresas privadas que iniciaram um ciclo
de expansão nos últimos anos.
A engenharia financeira
montada pelo governo prevê
uma alteração nas condições de
pagamento da dívida que o
BNDES tem com o Tesouro
Nacional relativa à venda das
ações da Companhia Vale do
Rio Doce (CVRD) em 1997.
Quando o BNDES vendeu as
ações, se comprometeu a repassar o dinheiro ao Tesouro
em 30 anos com juros de 6% ao
ano, acima da TR (Taxa Referencial, que remunera a caderneta de poupança).
Um novo contrato será assinado entre Tesouro e BNDES
mudando as condições de pagamento dessa dívida -o banco
pagará juros eternos ao governo, mas não devolverá nunca
esse capital. A operação precisa
do aval do Banco Central.
A medida provisória estabelece, porém, que a mudança na
forma de pagamento não poderá reduzir o valor da dívida.
Com isso, o governo conseguirá
ampliar a capacidade de empréstimos do BNDES sem impacto fiscal. "É importante ressaltar que não há desembolso
do Tesouro para o BNDES.
Além disso, a operação é neutra
do ponto de vista econômico.
Ela não vai elevar nem reduzir
o lucro do BNDES e não vai alterar a situação das contas públicas", disse o presidente do
banco, Demian Fiocca.
A capitalização do BNDES
encerra uma disputa iniciada
no primeiro ano do governo. O
então presidente do banco,
Carlos Lessa, queria que o governo colocasse dinheiro no
BNDES mas bateu de frente
com o ex-secretário do Tesouro
Joaquim Levy, contrário à medida. O ministro Guido Mantega (Fazenda) quando presidente do BNDES também tentou
viabilizar a capitalização, mas a
equipe da Fazenda mais uma
vez barrou a iniciativa.
(JL)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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