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Economia equivale a 8 meses de investimento
MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia extra de R$ 1,69 bilhão acertada com o FMI para pagamento de juros é mais do que todo o investimento liberado pelo
governo federal nos primeiros oito meses do ano. A diferença bancaria com folga o que foi gasto até
aqui no Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil, que dá bolsa
entre R$ 25 e R$ 40 por criança
que troca o trabalho pela escola. E
ainda sobrava troco.
Até a meia-noite de anteontem,
o Tesouro Nacional havia liberado para investimentos públicos
R$ 1,388 bilhão, pouco mais de
7% do que o Orçamento autoriza
o governo a investir em 2002.
Até o final de agosto, o programa de erradicação do trabalho infantil, um dos principais projetos
sociais do governo Fernando
Henrique Cardoso, havia consumido R$ 243,9 milhões, cerca da
metade do que foi previsto pelo
Orçamento.
Os números constam do Siafi, o
sistema informatizado de acompanhamento de gastos públicos, e
foram pesquisados pelo gabinete
do deputado Agnelo Queiroz (PC
do B-DF).
Corridos oito dos doze meses
do ano, o Tesouro Nacional só liberou cerca de metade do que foi
autorizado pelo Orçamento para
seus programas. O ritmo lento
das liberações e a indicação de
que parte do dinheiro não será
gasta são efeitos do ajuste fiscal.
No quesito investimento, mais de
90% do que está na lei ainda não
saiu do papel a quatro meses do
final do ano.
Não é possível dizer exatamente
qual programa será cortado por
conta do novo acerto com o FMI
porque o dinheiro que fica no caixa do governo (na maior parte, resultado da arrecadação de tributos) não tem um carimbo que diga que vai para tal ou qual programa. Mas é fácil listar gastos públicos que poderiam ser bancados
com esse valor.
Por exemplo, toda a manutenção da malha rodoviária federal
custaria aos cofres públicos R$
710 milhões, menos da metade do
ajuste extra. Até o final de agosto,
o Tesouro liberou apenas R$ 42
milhões para o programa.
O programa de saneamento básico também poderia ser pago integralmente com o dinheiro do
superávit extra. Do R$ 1,2 bilhão
autorizado pelo Orçamento, o governo só liberou 1%.
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