São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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Economia equivale a 8 meses de investimento

MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A economia extra de R$ 1,69 bilhão acertada com o FMI para pagamento de juros é mais do que todo o investimento liberado pelo governo federal nos primeiros oito meses do ano. A diferença bancaria com folga o que foi gasto até aqui no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que dá bolsa entre R$ 25 e R$ 40 por criança que troca o trabalho pela escola. E ainda sobrava troco.
Até a meia-noite de anteontem, o Tesouro Nacional havia liberado para investimentos públicos R$ 1,388 bilhão, pouco mais de 7% do que o Orçamento autoriza o governo a investir em 2002.
Até o final de agosto, o programa de erradicação do trabalho infantil, um dos principais projetos sociais do governo Fernando Henrique Cardoso, havia consumido R$ 243,9 milhões, cerca da metade do que foi previsto pelo Orçamento.
Os números constam do Siafi, o sistema informatizado de acompanhamento de gastos públicos, e foram pesquisados pelo gabinete do deputado Agnelo Queiroz (PC do B-DF).
Corridos oito dos doze meses do ano, o Tesouro Nacional só liberou cerca de metade do que foi autorizado pelo Orçamento para seus programas. O ritmo lento das liberações e a indicação de que parte do dinheiro não será gasta são efeitos do ajuste fiscal. No quesito investimento, mais de 90% do que está na lei ainda não saiu do papel a quatro meses do final do ano.
Não é possível dizer exatamente qual programa será cortado por conta do novo acerto com o FMI porque o dinheiro que fica no caixa do governo (na maior parte, resultado da arrecadação de tributos) não tem um carimbo que diga que vai para tal ou qual programa. Mas é fácil listar gastos públicos que poderiam ser bancados com esse valor.
Por exemplo, toda a manutenção da malha rodoviária federal custaria aos cofres públicos R$ 710 milhões, menos da metade do ajuste extra. Até o final de agosto, o Tesouro liberou apenas R$ 42 milhões para o programa.
O programa de saneamento básico também poderia ser pago integralmente com o dinheiro do superávit extra. Do R$ 1,2 bilhão autorizado pelo Orçamento, o governo só liberou 1%.


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