São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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Em mais um dia tenso, dólar sobe e Bolsa cai abaixo de 10 mil pontos

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro brasileiro viveu mais um dia de forte volatilidade ontem, mas os indicadores ficaram em níveis mais positivos se comparados com os do fechamento de terça-feira.
O risco-país brasileiro, calculado pelo JP Morgan, caiu 1,8%, para 1.698 pontos. O dólar subiu 0,48%, vendido a R$ 3,115. Durante o dia, a moeda norte-americana chegou a aumentar 1,8%.
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa de 1,37%. Após sete pregões operando acima dos 10 mil pontos, o Ibovespa caiu abaixo desse nível e encerrou o dia em 9.996 pontos.
Segundo analistas, o clima atual do mercado reflete os temores mundiais -a proximidade do aniversário de um ano dos atentados terroristas, dia 11, uma piora maior na atividade econômica dos EUA e um possível ataque norte-americano ao Iraque.
Como as incertezas são muito fortes, aumenta a procura do investidor pelo ativo real. A compra de ouro e de dólares, no caso do Brasil, e do euro, em outras praças, fica favorecida. As ações não atraem devido às suspeitas em relação à saúde financeira de grandes corporações.
A moeda norte-americana reduziu sua alta ontem após a entrevista do ministro da Fazenda, Pedro Malan. O anúncio do aumento do superávit primário deste ano, de 3,75% para 3,88% do PIB, agradou aos investidores internacionais, pois demonstra a responsabilidade fiscal do governo.
Mas operadores não souberam precisar se o freio na alta veio da fala do ministro, da venda de dólares feita pelo Banco Central ou de uma operação de venda feita realizada por um banco nacional.
Outra explicação para a pressão no dólar nestes dias seria o vencimento, na próxima quarta-feira (dia 11), de US$ 1,8 bilhão em dívida cambial. O mercado já teria começado a pressionar a cotação -os títulos cambiais pagam taxa de juros mais a variação do dólar em determinado período.
Quanto maior o valor do dólar, maior a diferença a ser recebida pelos investidores. Em suas tentativas de rolagem de dívida cambial em meses anteriores, o mercado chegou a pedir juros superiores a 50% para aceitar o papel.
Operadores apontam, também, que o dólar encontrou um patamar de oscilação entre R$ 3 e R$ 3,20. A falta de liquidez prevalece e ainda há dúvidas sobre a capacidade de José Serra (PSDB) chegar ao segundo turno das eleições. O BC fez leilão de linha externa de US$ 60 milhões.


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