São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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Agosto teve taxa abaixo do previsto

DA REDAÇÃO

A inflação de agosto ficou abaixo do esperado em São Paulo. As previsões da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicavam taxa próxima de 1,15%, mas os dados finais mostraram inflação de 1,01%.
A queda se deve basicamente às mãos do governo no mercado, segundo Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
As principais reduções de preços no mês passado foram as da gasolina, das passagens de ônibus, do gás de cozinha e dos automóveis novos, produtos e serviços que o governo pode influenciar. No caso dos veículos zero quilômetro, a redução ocorreu devido à queda do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos modelos médios.
Na outra ponta, as principais pressões continuam vindo das tarifas públicas. Só luz e telefone foram responsáveis por 56% da taxa de inflação do mês passado. Os alimentos, principalmente os industrializados, como pão francês (7,18%) e óleo de soja (10,85%), também tiveram forte participação na taxa de inflação.

Ritmo menor
O ritmo de alta desses itens, no entanto, já é bem menor do que no início de agosto. Há duas semanas, o pãozinho chegou a acumular reajuste de 12% em 30 dias, diz Heron do Carmo.
"A inflação está saindo do período de taxas elevadas. Julho e agosto passaram a ser os meses de maior pressão nos últimos anos devido à concentração dos reajustes das tarifas públicas em junho. Setembro será um mês de inflação reduzida", diz Heron.
A taxa do mês passado foi a maior desde agosto de 2001. Neste mês, a inflação terá forte recuo, segundo prevê a Fipe. As primeiras estimativas indicam taxa de 0,30%. "Tem sido assim em todos os últimos meses de setembro", diz Heron.
O recuo da taxa depende, no entanto, de uma estabilidade externa. A aproximação do primeiro ano do 11 de setembro -data dos ataques terroristas aos Estados Unidos no ano passado- torna os mercados mais sensíveis. Esse nervosismo, quando trazido para o mercado interno, poderá afetar a inflação.
O frio dos últimos dias terá pouca influência no índice da Fipe, diz Heron. As geadas não afetaram as áreas paulistas de produção de hortaliças. A pressão maior virá do feijão, produto que já vinha subindo devido à pouca oferta e que foi castigado pelo frio no Paraná.
A Fipe não alterou as previsões de inflação para este ano. Segundo a instituição, os preços vão acumular reajuste de 4,5%. Até agosto, a alta foi de 3,30%. Para que a inflação fique na taxa prevista pela Fipe, a taxa acumulada deste mês até dezembro não poderá ultrapassar 1,43% -média de 0,35% ao mês.
Nos últimos 12 meses, a inflação foi de 5,03% em São Paulo. Os gastos com saúde (6,6%), despesas pessoais (6,3%) e educação (6,1%) foram os que mais subiram. Desde o início do Plano Real, em julho de 1994, os paulistanos tiveram inflação de 106,62%, segundo a Fipe. (MZ)


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