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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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Na Argentina, exportação aumentou

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde o início da introdução da soja transgênica na Argentina, a produção e as exportações do vizinho brasileiro cresceram a taxas superiores às do Brasil. Entre 1997 e 2002, enquanto as vendas brasileiras de soja e seus derivados cresceram 4,9%, as da Argentina deram um salto de 54,8%.
Mesmo se forem incluídas as estimativas deste ano, no qual o país obteve uma supersafra, o desempenho da Argentina é melhor desde 1997. Em 2003, o Brasil deve exportar US$ 8,2 bilhões em soja e seus derivados, 43,8% a mais que em 1997. A estimativa é da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)
Já a Argentina, segundo estimativas da CNA, exportará US$ 7,5 bilhões, 134,4% a mais do que no ano em que colheu a primeira safra de soja transgênica, em 1997.
O impacto inicial da produção dessa soja foi de aumento de produtividade. Entre a safra de 1996/ 1997 e a de 2001/ 2002, a produção de soja na Argentina saltou de 11 milhões de toneladas para 30 milhões (alta de 172,7%). No mesmo período, a colheita brasileira passou de 26,2 milhões de toneladas para 41,9 milhões (59,9%).
"O uso de transgênicos não teve impacto negativo para a comercialização", afirma o chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco.
Porém a produtividade já se iguala aos níveis registrados com a soja tradicional, nos anos 90.
Parte dos ganhos econômicos alcançados pela Argentina se deve ao fato de a Monsanto, detentora da tecnologia da soja transgênica, não ter patente reconhecida no país, dizem especialistas.
Os produtores americanos, devido às regras mais rigorosas de propriedade intelectual de seu país, pagam até 35% mais caro pela semente da Monsanto que seus colegas argentinos. É o que informam o professor de política ambiental da Universidade de Idaho (EUA), Charles Benbrook, e Heike Baumüller, do Centro Internacional para Comércio e Desenvolvimento Sustentável.
Benbrook e Baumüller, citando conclusões de um seminário do qual participaram em Buenos Aires, dizem que entre 25% e 50% das sementes transgênicas na Argentina são obtidas ilegalmente.


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