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PESQUISA
Compras no segmento sobem 4% no ano, enquanto nas classes D e E, só 2%
Consumo cresce mais nas classes A e B com retomada
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram as classes mais abastadas
que conseguiram aumentar o seu
poder de compra neste ano, com
a discreta recuperação no consumo ocorrida até o momento.
Houve uma expansão de 4% na
quantidade de mercadorias que
os mais ricos compraram em
2004 em relação ao ano anterior.
Levaram para casa mais alimentos, itens de higiene e beleza e bebidas. Na lanterna, aparece a população de menor poder de renda, das classes D e E.
Esse grupo também registrou
em 2004 um aumento no volume
de mercadorias adquiridas no comércio -alta de 2% no período.
Equivale, portanto, a metade da
expansão no consumo registrada
nas classes A e B. Os dados pertencem a levantamento realizado
pela LatinPanel, empresa de pesquisa do grupo Ibope, nos primeiros sete meses do ano. A tímida
elevação na renda somada a melhora nos indicadores do emprego ajudaram no resultado.
Foram analisados os hábitos de
compra de famílias em mais de
6.000 domicílios no país. Eles foram visitados de forma regular e
semanal por pesquisadores da
empresa. Cada família disponibiliza dados a respeito de sua cesta
de compras em 64 categorias de
produtos, como sabão, detergente, refrigerantes e sucos.
Ao se analisarem todas as classes sociais, foi registrado um aumento médio de 3% no volume
de mercadorias compradas pela
população em geral neste ano, até
julho, sobre 2003.
Para economistas ouvidos ontem, em processos de retomada
econômica é natural que os ganhos no poder de consumo aconteçam na ponta da pirâmide social e se espalhem depois, de forma lenta, para a base da pirâmide.
Uma das explicações para isso é
que, quando o humor da economia melhora, as vagas no mercado de trabalho aparecem, primeiramente, entre os mais ricos.
Estudo elaborado pelo Ministério do Trabalho mostra que, entre
julho de 2003 e julho deste ano,
98% das vagas oferecidas em seis
maiores regiões metropolitanas
foram ocupadas por pessoas com
11 anos ou mais de estudo.
Logo, com pelo menos o ensino
médio completo. E esse grupo
tende a ser formado por consumidores que pertencem a classes de
maior poder aquisitivo.
Para a coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho,
do Ministério do Trabalho, Paula
Montagner, num primeiro momento as classes de menor poder
aquisitivo se preocuparam em liqüidar as dívidas com os eventuais ganhos de renda neste ano.
Na análise de Francisco Pessoa
Faria, economista da LCA Consultores, como a pesquisa não verifica os níveis de consumo de eletroeletrônicos e eletrodomésticos,
pode ter ocorrido uma elevação
nessa demanda por parte das classes mais baixas. Nesse grupo estava concentrado um alto nível de
demanda reprimida por eletrônicos dos últimos anos.
"O consumo desse grupo menos abastado não está tão ruim
quanto no ano passado. O que
acontece é que pode ter ocorrido
uma demanda maior desse grupo
por bens duráveis, e isso precisa
ser considerado", diz.
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