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China pode apresentar proposta pela Rio Tinto
Negócio reduziria o poder de barganha da Vale
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A siderúrgica chinesa Baosteel, uma das principais clientes mundiais da Vale, anunciou
ontem que poderá apresentar
oferta para a compra da mineradora anglo-australiana Rio
Tinto, o que reduziria o poder
de barganha da companhia brasileira na renegociação de preços e condições dos contratos
de venda de minério de ferro.
O presidente da Baosteel, Xu
Lejiang, disse ao jornal chinês
"21st Century Business Herald" ser "muito provável" que
a empresa tente adquirir o controle da Rio Tinto, que é a terceira maior mineradora do
mundo. Segundo ele, o preço
poderia ultrapassar os US$ 200
bilhões, valor sem precedentes
nas aquisições já realizadas pela China no exterior em busca
de fontes seguras de matérias-primas para sua indústria.
O minério de ferro é o principal item de exportação do Brasil, com vendas de US$ 8,77 bilhões no período de janeiro a
outubro de 2007. A China é de
longe o maior comprador individual do produto, com US$
3,14 bilhões, ou 36% do total.
O país asiático depende da
importação de minério de ferro
para a fabricação de aço, que é
um dos principais insumos para a indústria e a construção civil. Nada menos que 34% da
produção de aço global está
concentrada na China, o equivalente a 422,7 milhões de toneladas em 2006. No mesmo
ano, o Brasil produziu 30,9 milhões de toneladas de aço.
O governo de Pequim se
queixa do poder que as mineradoras possuem no momento da
renegociação de preços, que
ocorre uma vez por ano. Cerca
de 80% do mercado global é dominado por três empresas, a
australiana BHP Billiton, a Vale
e a Rio Tinto, o que lhes dá um
grande poder de barganha.
A concentração do lado dos
fornecedores pode aumentar
ainda mais se a Rio Tinto for
vendida a uma de suas concorrentes. No mês passado, a empresa anglo-australiana rejeitou oferta de compra de US$
134 bilhões apresentada pela
BHP Billiton. Há uma série de
rumores de que a Vale e a BHP
poderiam se unir para a aquisição da concorrente.
Tudo o que o governo chinês
não quer é ter de enfrentar fornecedores ainda mais poderosos que os atuais. Em 2005, por
exemplo, as siderúrgicas do
país tiveram de engolir um reajuste de 71,5% no preço do minério de ferro. Para 2008, é esperada alta de até 30%.
A compra da Rio Tinto permitiria à China ter acesso direto à matéria-prima, ao mesmo
tempo em que diminuiria o poder das mineradoras. A Vale
disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto.
A China anunciou neste ano
a criação de um fundo soberano
de investimentos no exterior,
que receberá pelo menos US$
200 bilhões da montanha de
US$ 1,4 trilhão em reservas internacionais que o país possui.
Nos últimos anos, a China
tem adquirido ativos no exterior que considera estratégicos,
principalmente nos setores de
petróleo e matérias-primas para a indústria.
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