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Crise nos EUA freia busca por estrangeiro qualificado
Em 2008, cota de vistos de trabalho acabou em um dia; em 2009, sobraram vagas
Taxa de desemprego em nível elevado e campanhas de cunho patriótico inibem as empresas de buscarem
mão de obra fora do país
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Os empregadores americanos estão menos interessados
na contratação de mão de obra
qualificada estrangeira. A cada
ano o governo americano autoriza a concessão de 65 mil vistos para estrangeiros dentro do
programa H-1B. No ano passado, essa cota foi atingida em um
dia. Neste ano, mais de sete meses desde a abertura do prazo
de solicitações, ainda existem
11.200 vistos disponíveis.
Nos últimos anos, o programa H-1B foi a principal porta de
entrada de cientistas, engenheiros, programadores de
computação e contadores, entre outros estrangeiros, em empresas de tecnologia e em bancos de Wall Street.
O programa causa polêmica
nos EUA. Críticos afirmam que
algumas empresas aproveitam
brechas para oferecer salários
mais baixos e que, em alguns
casos, o programa tira vagas
dos americanos. Entre os que
apoiam, as empresas de tecnologia fizeram lobby no Congresso para aumentar a cota
anual de vistos e afirmam que
os estrangeiros contribuem para o desenvolvimento de novos
produtos e de registros de patentes nos EUA.
Neste ano, o apetite pelos talentos estrangeiros, no entanto, foi menor. Desde 1º de abril,
o US Citizenship and Immigration recebe petições de empregadores interessados em contratar estrangeiros no ano fiscal de 2010. Até o fim de outubro, foram protocolados
53.800 pedidos.
Com uma taxa de desemprego de 10,2%, uma economia
com sinais de recuperação, mas
ainda incapaz de gerar um volume maior de vagas, os empregadores têm sentido ainda os
efeitos de uma certa dose de xenofobia no mercado de trabalho. Campanha da Coalition for
the Future of American Worker ("coalizão para o futuro do
trabalhador americano"), por
exemplo, mostra na TV anúncio em que americanos saem do
escritório com caixas. "Outro
americano perdeu o emprego e
chega em casa com más notícias", diz o anúncio. Afirma ainda que o governo insiste em trazer mais trabalhadores estrangeiros. E conclui: "Será o seu
emprego o próximo?".
Para Ron Hira, especialista
do Rochester Institute of Technology, uma série de fatores explica o mau desempenho do
programa neste ano: o mercado
de trabalho, as exigências
maiores dos serviços de imigração na checagem de dados e
mudanças na legislação.
No início do ano, o governo
aprovou o ato Empregue Trabalhadores Americanos (Employ American Workers Act).
Na prática, o plano exige que as
empresas que receberam recursos do Tarp (o pacote de
US$ 700 bilhões aprovado em
outubro do ano passado para
salvar instituições financeiras)
privilegiem a contratação de
norte-americanos.
"O lobby da indústria sempre
foi dizer que faltavam trabalhadores americanos qualificados.
Se esse argumento era questionável com um desempenho favorável da economia, com uma
taxa de desemprego de 10,2%
ele se tornou altamente questionável. As empresas estão recebendo levas de currículos de
americanos qualificados desempregados", disse Hira.
Para Stuart Anderson, diretor da National Foundation for
American Policy, a explicação é
simples. "As empresas não estão contratando e estão cortando custos. A demanda por vistos H-1B acompanha o desempenho da economia."
A contratação de um trabalhador estrangeiro pode exigir
gastos de até US$ 5.000 em taxas e despesas extras.
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