São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2001 |
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Pouso suave não está garantido, diz Bier SÍLVIA MUGNATTO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A equipe econômica do governo está cautelosa em relação às boas notícias da semana. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, disse à Folha que a redução dos juros nos Estados Unidos não assegura a "acomodação suave" daquela economia. "Há uma probabilidade mais alta para essa acomodação, mas ela não pode ser assegurada de antemão", afirmou. Segundo Bier, é preciso que as políticas macroeconômicas evitem uma tendência recessiva da economia norte-americana. "É preciso acompanhar para ver o que vai acontecer", disse. A expectativa do governo brasileiro, que já esperava a redução dos juros, é que o crescimento da economia dos Estados Unidos caia de 5,2% em 2000 para 3% este ano. Na opinião do secretário, existem indicações de que o governo norte-americano está agindo no tempo certo. Bier não acredita que o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) tenha errado ao manter os juros em dezembro ou tenha retardado sua decisão. "Vários dados foram agregados às informações disponíveis, e eles entenderam que a situação exigia uma ação imediata", disse. Segundo ele, uma reunião extraordinária do Fed é sempre algo inesperado, mas a decisão de baixar os juros não chegou a ser surpreendente. "Eu não acho que estivesse fora dos radares dos analistas e do governo a possibilidade de movimentos de redução das taxas", disse. O corte nos juros teve reflexo imediato no mercado norte-americano. No mesmo dia, o índice Nasdaq -que reúne as empresas de alta tecnologia- registrou a maior alta de sua história, subindo 14,17%. Juros menores induzem a mais consumo, mais investimentos, maior crescimento econômico e à valorização das ações. Desde junho de 1999, o Fed aumentou os juros seis vezes. O objetivo era evitar o superaquecimento de uma economia que tem crescido sem parar desde março de 1991. Juros internos Bier não quis comentar se a redução dos juros nos Estados Unidos possibilita uma redução maior dos juros internos. Ele disse que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não avalia apenas o setor externo quando toma as suas decisões. Na quinta-feira, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Daniel Gleizer, disse que é muito cedo para afirmar que haverá uma nova redução dos juros internos. Até novembro, o BC acreditava que o Fed iria manter os juros em 6,5% este ano. Depois, passou a contar com uma redução lenta para 6% ao longo do segundo semestre deste ano. A redução foi mais rápida que o previsto, o que levou analistas econômicos a acreditarem em novas quedas das taxas internas na próxima reunião do Copom, nos dias 16 e 17 de janeiro. Segundo Bier, tudo indica que a economia brasileira cresceu 4% em 2000. Ele lembrou, porém, que as projeções sobre o PIB (Produto Interno Bruto) são mais sujeitas a erros que outros indicadores como a inflação. A expectativa para este ano é de um crescimento um pouco maior, de 4,5%. "A evolução mais recente da atividade econômica reforça isso", disse. Texto Anterior: Ação do BC para derrubar taxas começou em 99 Próximo Texto: Análise: Até quando o Fed vai cortar os juros? Índice |
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