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CERVEJA
Cervejaria vende produto mais caro para quem a contesta na Justiça, acusam revendedores da empresa
Revendas reclamam de preço da Brahma
FÁTIMA FERNANDES
FÁBIA PRATES
da Reportagem Local
Distribuidores da cervejaria
Brahma, que comercializa as
marcas Brahma, Skol, Carlsberg e
Miller, acusam a empresa de cobrar de algumas delas até R$ 2 a
mais pela caixa da bebida.
A ação seria parte de uma estratégia, negada pela Brahma, de retaliar distribuidores que estão
contestando na Justiça o recolhimento de ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) no ato da compra.
Algumas revendas conseguiram liminares para garantir o recolhimento pós-venda, o que estaria desagradando a cervejaria.
A política diferenciada de preços está tirando o sono dos donos
das distribuidoras. Isso porque
quem compra a cerveja mais em
conta é quem vai conseguir sobreviver no mercado, dizem eles.
A Distribuidora de Bebidas Fenix, de Limeira (SP), que revende
Skol, considera-se vítima desse
processo. Até abril de 99, ela vendia a caixa de cerveja a R$ 21,00.
Hoje, cobra R$ 23,20.
Por conta desse reajuste, feito
pela cervejaria, as vendas da Fenix
caíram de 70 mil dúzias por mês
para 20 mil dúzias nos últimos
seis meses, informa Arthur Ramos Neto, sócio-proprietário.
"Entramos na Justiça para que a
empresa pratique isonomia de
preços", diz. Segundo ele, a cervejaria continua cobrando 2% do
faturamento da revenda para um
fundo de publicidade, mas não
está fornecendo os materiais de
propaganda, como faixas."
Uma grande distribuidora de
Santa Catarina informa que está
sendo forçada a vender a caixa da
cerveja por R$ 26,00, o preço mais
alto do mercado.
O dono da empresa, que também vende Skol, pediu para não
ser identificado, com medo de
mais retaliações. De acordo com
ele, uma revenda da própria
Brahma/Skol vende, em Florianópolis, a caixa de cerveja a R$ 20,50.
A revenda conseguiu uma liminar na Justiça para que o ICMS
não fosse recolhido na fonte. Agora aciona a Brahma na Justiça em
busca da equiparação de preços
com os concorrentes. Ele anexou
ao processo notas fiscais para
mostrar as diferenças de preços.
O advogado Paulo Trevisan, de
Presidente Prudente (SP), entrou
com quatro ações na Justiça para
fazer com que a Brahma uniformize os preços.
Ele fez um levantamento de preço para a reportagem da Folha na
sexta-feira e constatou que em
quatro distribuidoras de Santa
Catarina os preços da caixa de
cerveja eram diferentes. Variava
de R$ 13,58 a R$ 17,66, uma diferença, portanto, de 30%. "Uma
fábrica que tem revendedores exclusivos é obrigada a praticar preços iguais", diz Trevisan.
Outro lado
A Brahma diz, por meio de sua
assessoria, que não tem política
diferenciada de preços entre distribuidoras. Poderia haver diferença de preços entre os canais de
distribuição. Hipermercados pagariam mais barato porque adquirem grandes volumes.
As distribuidoras acusam a
Brahma de ter como projeto concentrar a distribuição da cerveja.
Tomam como base o projeto da
companhia batizado de "Forró"
-a venda direta para o comércio.
O projeto, iniciado há dois anos,
é entendido pela Brahma como
forma de defender as suas marcas, atender melhor ao mercado e
ter mais controle dos estoques. A
companhia tem 29 centros próprios de distribuição.
A Brahma informa que os "Forrós" não foram implantados para
substituir as revendas, mas, sim,
para complementá-las.
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