São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bovespa já perdeu 10,9% com turbulência

Após uma semana de instabilidade, Bolsas seguem em baixa, com perda de 2,8% em SP, 0,53% em NY e 3,34% em Tóquio

Dados sobre economia dos EUA a serem divulgados nesta semana podem alimentar mais volatilidade no mercado global


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em apenas uma semana, as perdas da Bolsa de Valores de São Paulo já alcançam os 10,9%. Isso representa quase um terço da alta acumulada na Bovespa em todo 2006 (33%).
Somente ontem, a turbulência mundial, que começou na terça passada, fez com que a Bovespa perdesse 2,81%.
Os mercados acionários tiveram outro dia ruim pelo mundo, com queda em Bolsas européias, asiáticas e americanas.
Profissionais do mercado afirmam que a maior preocupação dos investidores agora são os dados econômicos americanos. Números que apontem para desaquecimento econômico ou pressão inflacionária na maior economia dos EUA podem piorar de vez os mercados, dizem os analistas.
"Por enquanto, ninguém viu uma mudança de fundamentos econômicos. Assim, entendo que a recente queda do mercado já está de bom tamanho", disse Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
A Bolsa de Nova York, a principal referência do mundo, até que se segurou ontem, chegando a operar em alta de 0,61%. Mas acabou perdendo terreno na última hora de pregão e caiu 0,53%. A Nasdaq recuou 1,15%.
Na Europa, Frankfurt perdeu 1,04%, seguida por Londres (-0,94%) e Paris (-0,73%).
Os mercados europeu e americano abriram ontem com a notícia de que as Bolsas da Ásia haviam tido mais uma sessão de relevantes perdas. Em Tóquio, o índice de ações Nikkei perdeu 3,34%, seu pior pregão em nove meses.
Em Xangai, a Bolsa voltou a recuar, terminando a segunda-feira com queda de 1,59%. Na China, começou ontem a sessão anual do Congresso Nacional do Povo, que traz na pauta de discussões temas como a contenção do excesso de liquidez no sistema financeiro e medidas para conter fraudes no mercado acionário.
O mercado global entrou nessa fase de perdas na última terça-feira, quando a Bolsa de Xangai caiu quase 9%.
"O movimento iniciado na China traz dúvidas sobre a trajetória da economia mundial que, apesar de não apresentar sinais efetivos de que haverá uma desaceleração mais brusca, traz efeitos negativos sobre as Bolsas do mundo inteiro e sobre os preços das commodities", avalia em relatório o Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco.
Nos próximos dias, serão conhecidos importantes indicadores americanos, com destaque para os do mercado de trabalho, na sexta-feira.
Ontem foi apresentado o índice de atividade não-manufatureira dos EUA, que registrou redução no ritmo de crescimento em fevereiro.
"O mercado mais calmo depende da economia americana. A divulgação do "livro bege" será acompanhada com muita atenção", avalia Bandeira.
O "livro bege" é uma compilação de dados da economia dos EUA Ele será conhecido amanhã, dia também da decisão do Banco Central brasileiro sobre os juros. O mercado espera um corte de 0,25 ponto -de 13% para 12,75%- na Selic.
Apesar de as reservas internacionais terem rompido os US$ 100 bilhões, o BC não alterou o ritmo de compras de dólares no mercado. Mesmo assim -com a atuação do BC e o dia agitado no mercado financeiro-, o dólar subiu apenas 0,14% ontem, a R$ 2,136.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Patrimônio de fundos no Brasil atinge R$ 1 trilhão em fevereiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.