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Remuneração a acionistas aumenta 15%
Apesar de recorde, distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio não acompanha alta dos lucros das empresas
Aumento do investimento reduziu de 46,1% para 43,6% o percentual médio do total de lucros destinado aos acionistas em 2007
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com lucros recordes no ano
passado, as empresas brasileiras de capital aberto nunca repartiram tanto os seus ganhos
com os acionistas. Estudo da
consultoria Economática revela que as empresas com ações
em Bolsa propuseram a distribuição de R$ 51,653 bilhões como remuneração aos acionistas
relativos aos ganhos de 2007.
Trata-se do maior valor já distribuído pelas empresas a seus
donos, sejam eles acionistas
controladores ou minoritários
recém-admitidos à Bolsa.
O montante pago aos acionistas cresceu 15,37% no ano
passado e só não foi maior por
conta da queda de 20% no lucro
do setor de petróleo e gás, um
dos mais importantes na Bolsa.
No setor, a remuneração ao
acionista recuou de R$ 8,47 bilhões para R$ 6,98 bilhões.
Entre os setores da economia, o que mais distribuiu lucros no ano passado foi o bancário. Os 16 bancos pesquisados
tiveram um lucro líquido de R$
28,467 bilhões e propuseram a
distribuição de R$ 10,19 bilhões
aos acionistas -35,8% do total.
Em seguida, o que mais pagou
foi o de energia, que lucrou R$
15,404 bilhões e distribuiu R$
9,826 bilhões -63,8% do total.
Investimento x dividendo
Apesar da distribuição recorde de lucro, o percentual médio
do total de lucros destinado aos
acionistas caiu de 46,1% para
43,6% no ano passado. O principal motivo foi o aumento dos
investimentos das empresas,
que retira parte do lucro para o
reinvestimento no negócio.
Pela lei societária, as empresas de capital aberto devem repassar pelo menos 25% de seu
lucro líquido para o acionista
sob a forma de dividendos, uma
remuneração livre de impostos
(que a empresa já pagou). As
empresas também pagam ao
acionista juros sobre o capital
próprio, uma espécie de retorno financeiro pelo capital aplicado. Pelo juro recebido, o acionista paga 15% de IR.
A maioria das empresas, no
entanto, repassa um percentual superior a esses 25% mínimos, dependendo de sua política estatutária de remuneração
ao acionista e de sua necessidade de reinvestir os lucros.
Em períodos de bonança, em
que as empresas vislumbram a
expansão do negócio, os investimentos costumam ser maiores. Por outro lado, em épocas
de baixo crescimento, os investimentos são retidos, e o lucro,
repassado mais ao acionista.
"Com a economia em ritmo
forte, as empresas elevaram os
investimentos. Por isso, sobrou
um pouco menos para o acionista. Setores como a construção civil, que acaba de entrar na
Bolsa e está em pleno boom,
distribuíram pouco dividendo.
Preferiram reinvestir. Do contrário, teriam de levantar mais
dinheiro. O investimento não
contraria o interesse do acionista", diz Fernando Exel, presidente da Economática.
Setores consolidados -distribuidoras de energia, operadoras de telefonia fixa e concessionárias de rodovia- costumam pagar mais dividendos,
pois já fizeram a maioria de
seus investimentos.
No estudo, os setores de
energia e de telecomunicações
aparecem entre os que mais
destinaram lucro aos acionistas
-pagaram 63,8% e 82% do total dos ganhos em 2007.
"São boas pagadoras de dividendos as empresas que já têm
seu parque [industrial] consolidado. São negócios mais maduros. Em períodos de crise, são
os negócios que têm menos
chance de ter o resultado afetado", disse Ricardo Almeida,
professor do Ibmec-SP.
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