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Amorim diz que está negociando, e não "jogando para a platéia"
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL BRASÍLIA
O ministro da Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o
governo brasileiro não está "jogando para a platéia" na crise gerada pela nacionalização do gás
boliviano e defendeu o diálogo.
"Não estamos jogando para a
platéia. Estamos trabalhando para encontrar soluções, e não para,
digamos, satisfazer a opinião pública, que em determinado momento pode, legitimamente, querer uma reação estridente", disse
o chanceler, acrescentando que a
decisão de nacionalizar o gás é
fruto de "situações seculares".
"Nossa atitude correta é continuar buscando o diálogo."
Na análise do governo, a política
externa do presidente Lula, baseada na integração sul-americana,
deve facilitar o encontro de soluções para o problema. "Temos a
certeza, posso me enganar, a certeza, de que conseguiremos pelo
diálogo resolver a situação."
Sobre o preço do combustível,
questão que não foi resolvida no
encontro entre os presidentes de
Brasil, Bolívia, Argentina e Venezuela, anteontem em Puerto Iguazú, Amorim disse que não cabia a
ele negociar o assunto.
Ele afirmou que é perfeitamente
conciliável que a "Bolívia não se
sinta espoliada, esbulhada como
sempre foi no passado" e a defesa
dos interesses do Brasil.
A estridência, segundo ele, poderia agravar a relação com a Bolívia, dificultar uma solução para
o problema e contribuir para uma
radicalização da Bolívia. "É muito
fácil reagir com estridência, difícil
é reagir com sobriedade, procurando solucionar os problemas."
Questionado se o Brasil não estava valorizando muito a questão
política e deixando os interesses
econômicos da Petrobras em segundo plano, mostrou irritação.
"O que você quer? Que eu invada
a Bolívia e os obrigue a colocar no
poço o preço que eu desejo? Esse
não é o nosso método."
Mantega
Para o ministro Guido Mantega
(Fazenda), a crise do gás boliviano "é uma tempestade em copo
d'água" e não terá impactos econômicos para o Brasil, disse ontem. Ele aproveitou reunião com
banqueiros em São Paulo para defender, em entrevista coletiva, a
posição do governo brasileiro.
"Queria deixar muito claro que
não há nenhum perigo de restrição ou de suspensão de fornecimento do gás boliviano", disse o
ministro, que ainda defendeu a
posição do governo brasileiro em
relação à decisão boliviana de nacionalizar o gás.
"A atitude do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é a atitude de
um estadista que dirige o país
mais importante, mais poderoso
da América do Sul e que tem de
olhar para os vizinhos numa atitude construtiva, numa atitude
para a construção de uma comunidade sul-americana."
Colaborou a Reportagem Local
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