São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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Amorim diz que está negociando, e não "jogando para a platéia"

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL BRASÍLIA

O ministro da Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o governo brasileiro não está "jogando para a platéia" na crise gerada pela nacionalização do gás boliviano e defendeu o diálogo.
"Não estamos jogando para a platéia. Estamos trabalhando para encontrar soluções, e não para, digamos, satisfazer a opinião pública, que em determinado momento pode, legitimamente, querer uma reação estridente", disse o chanceler, acrescentando que a decisão de nacionalizar o gás é fruto de "situações seculares". "Nossa atitude correta é continuar buscando o diálogo."
Na análise do governo, a política externa do presidente Lula, baseada na integração sul-americana, deve facilitar o encontro de soluções para o problema. "Temos a certeza, posso me enganar, a certeza, de que conseguiremos pelo diálogo resolver a situação."
Sobre o preço do combustível, questão que não foi resolvida no encontro entre os presidentes de Brasil, Bolívia, Argentina e Venezuela, anteontem em Puerto Iguazú, Amorim disse que não cabia a ele negociar o assunto.
Ele afirmou que é perfeitamente conciliável que a "Bolívia não se sinta espoliada, esbulhada como sempre foi no passado" e a defesa dos interesses do Brasil.
A estridência, segundo ele, poderia agravar a relação com a Bolívia, dificultar uma solução para o problema e contribuir para uma radicalização da Bolívia. "É muito fácil reagir com estridência, difícil é reagir com sobriedade, procurando solucionar os problemas."
Questionado se o Brasil não estava valorizando muito a questão política e deixando os interesses econômicos da Petrobras em segundo plano, mostrou irritação. "O que você quer? Que eu invada a Bolívia e os obrigue a colocar no poço o preço que eu desejo? Esse não é o nosso método."

Mantega
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), a crise do gás boliviano "é uma tempestade em copo d'água" e não terá impactos econômicos para o Brasil, disse ontem. Ele aproveitou reunião com banqueiros em São Paulo para defender, em entrevista coletiva, a posição do governo brasileiro.
"Queria deixar muito claro que não há nenhum perigo de restrição ou de suspensão de fornecimento do gás boliviano", disse o ministro, que ainda defendeu a posição do governo brasileiro em relação à decisão boliviana de nacionalizar o gás.
"A atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a atitude de um estadista que dirige o país mais importante, mais poderoso da América do Sul e que tem de olhar para os vizinhos numa atitude construtiva, numa atitude para a construção de uma comunidade sul-americana."


Colaborou a Reportagem Local

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