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VEÍCULOS
Medida será avaliada após montadora informar plano de reestruturação no país com corte de empregos e direitos
Paraná pode rever incentivo dado à Volks
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Paraná pode rever
os incentivos fiscais concedidos à
Volkswagen desde que a montadora iniciou a produção em 1999
na fábrica de São José dos Pinhais,
a 25 km de Curitiba.
A medida será avaliada pelo governo após a empresa anunciar
que vai se reestruturar no país,
com um plano que prevê demissão de funcionários, corte de benefícios dos empregados e redução de custos das fábricas.
A Vollkswagen informou que
enviou carta ao governador Roberto Requião (PMDB) anteontem "se colocando à disposição"
para apresentar e explicar ao Estado seu plano de reestruturação.
"Dependendo da justificativa da
montadora e do que ocorrer na
prática [se efetivar a demissão de
trabalhadores], o Estado pode
sim rever benefícios concedidos
pelo governo anterior", disse à
Folha o advogado Mário Lobo,
assessor especial do governador e
presidente do Conselho de Política Automotiva do Paraná.
Os sindicatos dos metalúrgicos
do ABC (CUT) e de Curitiba (Força Sindical) informam que a
Volks quer demitir 5.773 trabalhadores de São Bernardo do
Campo, Taubaté e São José dos
Pinhais (PR) em dois anos.
Só no Paraná, seriam eliminados 1.420 dos 4.200 empregos
existentes. Neste ano, a previsão é
cortar 946 postos de São José do
Pinhais, de um total de 3.016 em
três unidades. Desde segunda-feira, a Volks concedeu férias coletivas para cerca de mil empregados
daquele Estado. É a segunda vez
que isso ocorre no ano.
No Paraná, a Volkswagen têm
desconto nas tarifas de água e
energia, incentivos para exportar
pelo porto de Paranaguá e diferimento no recolhimento de ICMS
até 2015, segundo protocolo assinado com o governo em 1996.
"Cerca de R$ 700 milhões em
imposto deixaram de ser recolhidos desde 99 e podem começar a
ser pagos em oito anos", disse Lobo. Segundo ele, o terreno cedido
à VW para a instalar sua fábrica
custou R$ 6 milhões. "A desapropriação foi bancada pelo governo
anterior [de Jaime Lerner]."
O protocolo de intenções, assinado com a montadora em dezembro de 96, cita que os incentivos seriam concedidos "considerando os benefícios que a instalação dessa fábrica poderá proporcionar para a economia e desenvolvimento social do Estado do
Paraná, em decorrência da elevação das ofertas de empregos diretos e indiretos e do aumento de
suas receitas e do futuro incremento das exportações".
"A Volks usa dinheiro público,
recebe incentivos do Estado e devolve o troco ameaçando demissões? Não vamos aceitar esse jogo", afirmou Sérgio Butka, presidente do sindicato de Curitiba.
Eleno José Bezerra, vice-presidente da Força, defende que o BNDES
suspenda empréstimo feito à
montadora. "Queremos impedir
que a empresa receba R$ 497 milhões para se reestruturar."
Representantes dos 21,5 mil
funcionários da VW no país decidiram ontem que vão fazer ações
em conjunto em cinco fábricas
para impedir a retirada de direitos
e prometem resistir às demissões.
"Se for preciso, haverá greve.
Vamos propor aos trabalhadores
da Volks afetados pela reestruturação em outros países, como os
da Alemanha, onde quer demitir
20 mil, e da Espanha, onde quer
fechar uma fábrica, uma reposta
em comum", disse José Lopez Feijóo, do sindicato do ABC. Ele irá
hoje para a Alemanha, onde participa de reunião do Comitê Mundial dos Trabalhadores da VW.
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