São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Multinacional Repsol-YPF é 2ª maior investidora; delegação da Petrobras chega na próxima semana

Morales negocia com empresa espanhola

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

O presidente da Bolívia, Evo Morales, se reuniu ontem com uma delegação do governo da Espanha para discutir a nacionalização do petróleo e gás no país, que afeta a empresa Repsol-YPF, de capital espanhol. Foi a primeira reunião desse tipo realizada com representantes de países atingidos pela medida.
Na próxima semana, uma delegação da Petrobras chegará à Bolívia para discutir a nacionalização e, principalmente, a intenção do governo Morales de elevar o preço do gás exportado ao Brasil.
O interlocutor do governo espanhol foi Bernardino León, secretário de Assuntos Exteriores para a Iberoamérica. León disse que seu governo acompanhará as negociações, mas ressaltou que caberá à Repsol decidir se mantém seus investimentos no país.
Repsol é a maior petroleira da Espanha e a segunda maior investidora estrangeira na Bolívia, depois da Petrobras. Desde 1997, a espanhola destinou US$ 1,2 bilhão à exploração de gás no país.
"É muito cedo para dizer se as empresas vão permanecer ou não [na Bolívia] e esta é uma decisão que corresponde às próprias empresas", declarou León em uma entrevista coletiva depois do encontro com Morales. "Como governo, não podemos prejulgar o resultado da negociação. Esperamos que ao fim desses seis meses sejam encontradas fórmulas que ambas as partes desejem."
De acordo com o decreto de nacionalização de hidrocarbonetos, as empresas privadas têm 180 dias para renegociar novos contratos com a estatal YPFB, que passa a controlar todas as etapas de produção e comercialização do gás e petróleo. As que não aceitarem as condições terão de deixar o país. Léon disse que o governo espanhol espera "esgotar a via diplomática" na discussão.
A direção da Repsol-YPF enviou carta ao presidente da estatal boliviana YPFB dizendo "estar disposta" a trabalhar com o governo boliviano para implementar a nacionalização.


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