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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Multinacional Repsol-YPF é 2ª maior investidora; delegação da Petrobras chega na próxima semana
Morales negocia com empresa espanhola
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
O presidente da Bolívia, Evo
Morales, se reuniu ontem com
uma delegação do governo da Espanha para discutir a nacionalização do petróleo e gás no país, que
afeta a empresa Repsol-YPF, de
capital espanhol. Foi a primeira
reunião desse tipo realizada com
representantes de países atingidos pela medida.
Na próxima semana, uma delegação da Petrobras chegará à Bolívia para discutir a nacionalização e, principalmente, a intenção
do governo Morales de elevar o
preço do gás exportado ao Brasil.
O interlocutor do governo espanhol foi Bernardino León, secretário de Assuntos Exteriores para
a Iberoamérica. León disse que
seu governo acompanhará as negociações, mas ressaltou que caberá à Repsol decidir se mantém
seus investimentos no país.
Repsol é a maior petroleira da
Espanha e a segunda maior investidora estrangeira na Bolívia, depois da Petrobras. Desde 1997, a
espanhola destinou US$ 1,2 bilhão à exploração de gás no país.
"É muito cedo para dizer se as
empresas vão permanecer ou não
[na Bolívia] e esta é uma decisão
que corresponde às próprias empresas", declarou León em uma
entrevista coletiva depois do encontro com Morales. "Como governo, não podemos prejulgar o
resultado da negociação. Esperamos que ao fim desses seis meses
sejam encontradas fórmulas que
ambas as partes desejem."
De acordo com o decreto de nacionalização de hidrocarbonetos,
as empresas privadas têm 180 dias
para renegociar novos contratos
com a estatal YPFB, que passa a
controlar todas as etapas de produção e comercialização do gás e
petróleo. As que não aceitarem as
condições terão de deixar o país.
Léon disse que o governo espanhol espera "esgotar a via diplomática" na discussão.
A direção da Repsol-YPF enviou carta ao presidente da estatal
boliviana YPFB dizendo "estar
disposta" a trabalhar com o governo boliviano para implementar a nacionalização.
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