São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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PRODUÇÃO

Setor cresce 1,2% no primeiro trimestre, mas perde força em março; estimativa é avanço de 1,8% em 2006

IBGE aponta estabilidade na indústria

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A produção da indústria caiu 0,3% em março na comparação livre de influências sazonais com fevereiro, quando havia subido 1,2%. Com o resultado, o setor fechou o primeiro trimestre do ano com crescimento de 1,2% em relação ao último trimestre de 2005.
Para Sílvio Sales, chefe da Coordenação da Indústria do IBGE, a indústria está mais próxima de um cenário de "estabilidade" da produção do que do de um início de uma trajetória de quebra. Isso porque o setor acomodou sua produção depois da forte expansão registrada em fevereiro.
Na avaliação de Sales, a indústria está reagindo mais rapidamente e "ajustando de modo mais fino" seus estoques ao volume de encomendas, o que provoca as oscilações na comparação com o mês imediatamente anterior.
Guilherme Maia, economista da Tendências Consultoria, também avalia que o quadro está mais próximo de uma estabilidade. O economista previa variação nula para a produção da indústria em março na comparação com fevereiro.
Das 23 atividades pesquisadas pelo IBGE, 17 tiveram queda na produção de fevereiro para março. As retrações que mais contribuíram para o recuo da indústria foram farmacêutica (14,3%), bebidas (-5,5%), veículos (-1,7%) e outros equipamentos de transporte (-8,2%). Todos esses ramos haviam crescido em fevereiro e agora reduziram sua produção para ajustar estoques, avalia Sales.
O pior desempenho ficou com a categoria de bens de consumo durável, que inclui veículos e eletrodomésticos. A queda foi de 5,1% em março, depois de ter liderado a expansão em fevereiro (6,7%).
Para Sales, o nível (a quantidade total de produtos que saem das fábricas) atual de produção da indústria, apesar do resultado negativo em março, mantém-se próximo ao recorde obtido em dezembro de 2005. É apenas 0,5% inferior ao de dezembro, o que reforça a constatação de que a indústria se acomodou, mas num patamar elevado de produção, diz.
Segundo o IBGE, mantido o atual ritmo, a produção da indústria crescerá 1,8% neste ano. Na visão de Maia, o incremento é pequeno e insuficiente para assegurar uma expansão do PIB de 4%.
O economista da Tendências avalia, porém, que a partir do terceiro trimestre deste ano o crescimento irá se acelerar, quando o efeito do corte dos juros se tornar mais evidente e o consumo se expandir. Ele prevê alta de 3% na produção da indústria neste ano.
Para Sílvio Sales, não há razões para acreditar em queda da produção, já que a massa salarial está em expansão, a oferta de crédito continua crescendo e a inflação registra queda.
Um dos indicadores que apontam que a indústria poderá incrementar sua produção, diz Sales, é a evolução das vendas. Anteontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) revelou que elas cresceram 2,26% no primeiro trimestre ante o último trimestre de 2005. Para Sales, o fato de a produção ter crescido menos (1,2% na comparação com o quatro trimestre de 2005) indica que há espaço para aumento da produção.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2005, a produção subiu 4,6%. Foi a décima taxa positiva nesse tipo de comparação.


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