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PRODUÇÃO
Setor cresce 1,2% no primeiro trimestre, mas perde força em março; estimativa é avanço de 1,8% em 2006
IBGE aponta estabilidade na indústria
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria caiu
0,3% em março na comparação livre de influências sazonais com
fevereiro, quando havia subido
1,2%. Com o resultado, o setor fechou o primeiro trimestre do ano
com crescimento de 1,2% em relação ao último trimestre de 2005.
Para Sílvio Sales, chefe da Coordenação da Indústria do IBGE, a
indústria está mais próxima de
um cenário de "estabilidade" da
produção do que do de um início
de uma trajetória de quebra. Isso
porque o setor acomodou sua
produção depois da forte expansão registrada em fevereiro.
Na avaliação de Sales, a indústria está reagindo mais rapidamente e "ajustando de modo mais
fino" seus estoques ao volume de
encomendas, o que provoca as oscilações na comparação com o
mês imediatamente anterior.
Guilherme Maia, economista da
Tendências Consultoria, também
avalia que o quadro está mais próximo de uma estabilidade. O economista previa variação nula para
a produção da indústria em março na comparação com fevereiro.
Das 23 atividades pesquisadas
pelo IBGE, 17 tiveram queda na
produção de fevereiro para março. As retrações que mais contribuíram para o recuo da indústria
foram farmacêutica (14,3%), bebidas (-5,5%), veículos (-1,7%) e
outros equipamentos de transporte (-8,2%). Todos esses ramos
haviam crescido em fevereiro e
agora reduziram sua produção
para ajustar estoques, avalia Sales.
O pior desempenho ficou com a
categoria de bens de consumo durável, que inclui veículos e eletrodomésticos. A queda foi de 5,1%
em março, depois de ter liderado
a expansão em fevereiro (6,7%).
Para Sales, o nível (a quantidade
total de produtos que saem das fábricas) atual de produção da indústria, apesar do resultado negativo em março, mantém-se próximo ao recorde obtido em dezembro de 2005. É apenas 0,5% inferior ao de dezembro, o que reforça a constatação de que a indústria se acomodou, mas num patamar elevado de produção, diz.
Segundo o IBGE, mantido o
atual ritmo, a produção da indústria crescerá 1,8% neste ano. Na
visão de Maia, o incremento é pequeno e insuficiente para assegurar uma expansão do PIB de 4%.
O economista da Tendências
avalia, porém, que a partir do terceiro trimestre deste ano o crescimento irá se acelerar, quando o
efeito do corte dos juros se tornar
mais evidente e o consumo se expandir. Ele prevê alta de 3% na
produção da indústria neste ano.
Para Sílvio Sales, não há razões
para acreditar em queda da produção, já que a massa salarial está
em expansão, a oferta de crédito
continua crescendo e a inflação
registra queda.
Um dos indicadores que apontam que a indústria poderá incrementar sua produção, diz Sales, é
a evolução das vendas. Anteontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) revelou que elas
cresceram 2,26% no primeiro trimestre ante o último trimestre de
2005. Para Sales, o fato de a produção ter crescido menos (1,2%
na comparação com o quatro trimestre de 2005) indica que há espaço para aumento da produção.
Na comparação com o primeiro
trimestre de 2005, a produção subiu 4,6%. Foi a décima taxa positiva nesse tipo de comparação.
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