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Sem as barreiras, usinas poderão exportar mais aos Estados Unidos
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
As indústrias brasileiras de açúcar e álcool elegeram 2006 como
"o ano açucareiro". Entretanto,
diante da possível derrubada das
barreiras de importação do álcool
nos Estados Unidos, o setor deve
repensar essa estratégia.
"A eliminação das barreiras nos
Estados Unidos não estava nos
nossos planos concretos, pois
pensávamos que ela só viria com
as negociações de Doha ou da Alca", afirmou Eduardo Pereira de
Carvalho, presidente da Unica
(União da Agroindústria Canavieira de São Paulo). "Isso nos traz
novas oportunidades." Com a
queda das barreiras, o setor deverá exportar mais do que o 1,9 bilhão de litros previstos até agora.
Para o presidente da Unica, o
setor vai analisar essa nova oportunidade e, sem descuidar do
mercado interno, poderá produzir mais álcool para exportação. A
opção de produzir mais açúcar
era porque "não tínhamos aumentado a produção no ano passado", afirma Carvalho.
Ele alerta de que é preciso saber
se essa abertura é definitiva ou
apenas temporária. Para evitar indenizações devido ao uso de
MTBE, as indústrias passaram a
vender mais etanol por lá, desequilibrando o cronograma de
oferta e demanda americano, segundo o presidente da Unica.
É preciso saber, no entanto, se
depois de um ano, após acertada
essa oferta e demanda, os Estados
Unidos não voltam a fechar o
mercado, acrescenta ele.
Área cultivada maior
A Unica divulgou ontem a primeira estimativa de produção na
região centro-sul da safra 2006/7.
Os dados mostram que o bom
momento do setor permitiu a ampliação, em 500 mil hectares, da
área cultivada neste ano na região.
A cana avança sobre todos as culturas, mas a maior área ocupada é
de pastagens.
A área subiu para 4,5 milhões de
hectares, 11,2% a mais do que no
ano passado. A moagem sobe para 375 milhões de toneladas -foram 337 milhões em 2005. A produção de açúcar deve subir para
25,5 milhões de toneladas, com alta de 16% em relação a 2005.
Essa opção pelo açúcar ocorre
porque os preços do produto estão mais favoráveis do que os do
álcool, segundo Carvalho.
Já a oferta de álcool sobe para
15,6 bilhões de litros na região
centro-sul (mais 9%). Nas contas
da Unica, a produção de anidro
(misturado à gasolina) recua 6%,
mas será suficiente para manter o
patamar de mistura atual de 20%.
Já a produção de hidratado, pressionada pela demanda dos carros
bicombustíveis, cresce 23%.
Preço alto, consumo menor
Carvalho diz que o setor aprendeu muito com o álcool neste ano,
período em que as usinas foram
obrigadas a desfazer acordo feito
com o governo. Uma das lições,
diz ele, é que "preço alto diminui
demanda". Com os carros bicombustíveis, acabou a dependência
direta do consumidor ao álcool.
Carvalho cita o exemplo de março
e abril, quando a alta de preços,
devido à entressafra, fez o consumo cair de 30% a 35%.
Com o avanço da safra, os preços nas usinas recuaram para o
patamar de dezembro (R$ 0,90
por litro). Se não houver o mesmo
ritmo de queda nas bombas, os
postos vão acabar elevando as
margens, segundo a Unica.
Ontem, o Cepea divulgou nova
queda nos preços nas usinas paulistas. O anidro recuou 6,05%, para R$ 0,97808 por litro. O hidratado caiu 5,49%, para R$ 0,85606.
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