JOSÉ MASCHIO
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Produtores rurais do Paraná e de Goiás aderiram ontem à onda de bloqueios em rodovias federais. O movimento se intensificou desde o dia 1º de maio, com manifestações em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul por mudanças nas políticas econômica e agrícola.
No Paraná, cerca de mil produtores rurais bloquearam, por uma hora, a BR-369, no trevo de acesso aos municípios de Corbélia e Braganey (oeste do Estado), em protesto contra a crise no setor agropecuário. Os produtores pedem refinanciamento de suas dívidas e mudança na política cambial, que, segundo eles, inviabiliza a produção de soja.
O protesto começou às 10h30 e formou filas, nos dois sentidos da rodovia, de quatro quilômetros. Dados do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Agricultura do Paraná, estimam que cerca de R$ 1,5 bilhão deverá deixar de circular no Estado pela quebra da safra agrícola e da defasagem cambial.
Para entidades de produtores rurais paranaenses, o dólar ideal para a exportação deveria valer entre R$ 2,80 e R$ 3,00. Ontem, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,06.
Em Goiás, aproximadamente 400 produtores rurais e representantes da indústria e comércio de Jataí e Mineiros (sudoeste do Estado) começaram a barrar ontem à tarde, por tempo indeterminado, caminhões com produtos agropecuários -sobretudo grãos, oleaginosas e animais. Outros veículos eram liberados.
A Polícia Rodoviária Federal confirmou protestos nos kms 193 e 200 da BR-364 e no km 467 da BR-060. Os agricultores ameaçavam colocar barreiras na BR-158.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Jataí, Mozart Carvalho de Assis, a idéia é promover uma queda-de-braço com o governo, dificultando a chegada de alimentos aos grandes centros e forçando uma alta de preços. "Temos um passivo de anos. Só queremos prazo para pagar e juros compatíveis."
Em Mato Grosso, das cinco rodovias federais que passam pelo Estado, três tinham bloqueios ontem. Outros quatro pontos foram registrados em Mato Grosso do Sul, em duas rodovias federais.